Imediatismo prejudica a oposição, avalia Georgeo Passos | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

Imediatismo prejudica a oposição, avalia Georgeo Passos
Blogs e Colunas | Joedson Telles 03/02/2019 21h07 - Atualizado em 03/02/2019 21h21

O deputado estadual Georgeo Passos (PPS) afirma não ser fácil fazer oposição em Sergipe. De acordo com ele, o governo, por pior que seja, tem uma grande força de atração de lideranças. "Lógico que nem todos são iguais. Eu acho que cada um que desejar fazer uma oposição responsável, séria e coerente terá o reconhecimento também da sociedade. O problema é que algumas pessoas são mais imediatistas. Esperam retornos mais rápidos e aí, possivelmente no governo, consigam", disse. A entrevista: 

Por quê optou por Garibalde Mendonça para presidente da Mesa Diretora da Alese?

Acredito que o deputado Luciano Bispo cumpriu sua missão. Logo, defendi a alternância do Poder e naquele momento entendi que o deputado Garibalde tinha os requisitos necessários para exercer o cargo. Afinal, está no seu sexto mandato, conhece a Casa e tem experiência para desempenhar essa função.

O que faltou para o grupo de Garibalde conseguir mais adesões?

Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Sabíamos que a disputa seria dura, o atual presidente, desde o final das eleições, já mencionava sua disposição de ir para reeleição. Além disso, ele era o candidato do governador. Precisávamos de mais três colegas votando conosco, infelizmente não tivemos. Agora, desejamos boa sorte aos eleitos.

Falou-se em traição. Como avalia isso? Faltou alguém cumprir a palavra ou algo assim?

Cada colega escolheu o que achava melhor para presidir a Alese. Temos que respeitar. Tenho a consciência tranquila pelo que fiz e faria tudo novamente. O importante é que foi um momento histórico, afinal, quando tivemos duas chapas registradas na disputa pela Mesa Diretora da Assembleia? Salvo engano, em 1999. De lá para cá, só tivemos chapa única.

O governador prometeu não se envolver na eleição. O que achou da postura dele? Dada a cultura do Poder Legislativo é possível o governador deixar de ter influência, mesmo não sendo a sua intenção?

Sou jovem, mas não sou mais um menino. Seria muita inocência minha acreditar que o governador não se envolveria nesta eleição. Lógico que nos bastidores participou, tanto que ele nunca escondeu que o seu candidato era o deputado Luciano Bispo. Vou revelar um fato: antes da eleição, fomos chamados ao Gabinete da Presidência para dialogar. O presidente nos fez o pedido de voto. Lá estavam outros colegas, mas, por pura coincidência, quem chegou? O super secretário Felizola. Preciso falar mais alguma coisa?

Acredita que o presidente Luciano Bispo fará diferença entre seus eleitores e os de Garibalde?

Os 24 deputados foram eleitos pelo povo. Assim sendo, a Alese tem que ser uma Casa de iguais. Lógico que na seara administrativa o presidente vai prestigiar seus eleitores para ajuda-lo nesta missão. Tudo normal. O que não poderá existir é algum obstáculo para exercermos nossa função legislativa. Acredito que neste ponto o deputado Luciano Bispo não prejudicará o trabalho de ninguém.

A oposição em Sergipe está fragmentada e parece sem rumo. O que levou a este estado de caos e o que pode ser feito para unificar e dar um rumo?

O tempo é o senhor da razão. Nas últimas eleições, o governo manteve uma tradição do nosso Estado, qual seja, conseguiu reeleger seu candidato. Pela nossa história, quantas vezes, de 1970 para cá, a oposição venceu esta disputa? Não é fácil fazer oposição e o Governo, por pior que ele seja, tem uma grande força de atração de lideranças. Precisamos aprender com as derrotas para alcançarmos na próxima oportunidade a vitória.

Há quem se aproxime da oposição apenas para se "valorizar" junto ao governo? Seria esta uma das dificuldades de se ter uma oposição sólida, coerente e até mais séria?

Como falamos anteriormente, o governo teve um grande poder de atração de lideranças. Lógico que nem todos são iguais. Eu acho que cada um que desejar fazer uma oposição responsável, séria e coerente terá o reconhecimento também da sociedade. O problema é que algumas pessoas são mais imediatistas. Esperam retornos mais rápidos e aí, possivelmente no governo, consigam. Isso dificulta, sim, a formação de um grupo de oposição. Mas não creio que isso seja determinante – vai do caráter de cada um. Com certeza, nas próximas eleições, a oposição está mais forte para ser uma opção viável para o povo de Sergipe.

O governador Belivaldo Chagas não esconde as dificuldades do Estado e tem uma postura até humilde para reconhecer que sozinho o governo não resolverá tudo. Como a oposição na Alese avalia esta postura? E como pode ajudar Sergipe sem, contudo, deixar de cumprir o papel que as urnas reservaram?

O governador Belivaldo Chagas tem uma larga experiência na vida política. Não posso dizer que isso é uma estratégia que ele está tentando passar. Mas precisamos ver realmente o que é que vai ter de diferente neste governo. Belivaldo daqui a pouco completa um ano que assumiu o controle do Estado e não vimos alterações substanciais na condução do governo. Ou seja, praticamente igual ao que vinha sendo governado por Jackson Barreto. Esse grupo que aí está fez 12 anos que está no poder. Levou o nosso Estado a uma década perdida, segundo professores da Universidade Federal de Sergipe. Então não temos que esperar muito dele. Precisamos agir. Faremos uma oposição responsável como sempre fizemos, levando para a Assembleia o que verificarmos que está em desacordo com as leis. Mas também será propositiva. Vamos sim fazer o levantamento de como podemos ajudar. Acho que chegou o momento de descermos dos palanques e fazer o melhor para o nosso Estado. É o que precisamos.

O que Sergipe pode esperar de Georgeo Passos, nesta nova legislatura?

Neste nosso segundo mandato iremos continuar com nossa atuação firme, coerente, fazendo sim uma oposição responsável ao atual Governo. Sem ficarmos em cima do muro. Não temos interesse de fazer parte da base governista. Queremos contribuir com o desenvolvimento do Estado, cumprindo com a nossa missão do Parlamento: que é de legislar, fiscalizar e propor alternativas para o desenvolvimento do Estado. É isso que o povo bom de Sergipe pode aguardar do deputado estadual Georgeo Passos.

Como o senhor avalia a produção do seu primeiro mandato?

Apesar de ser um político de primeiro mandato, consegui uma produção que avalio como bastante positiva. E isso se confirma pelos números do nosso mandato. Ao todo, protocolamos 52 projetos de lei, 12 projetos de resolução, 10 moções, 6 projetos de emenda à Constituição, 685 requerimentos, além de várias audiências públicas e pronunciamentos com pautas do interesse dos sergipanos. Conseguimos algumas conquistas ao longo desse caminho, como a criação do primeiro Código de Defesa dos Animais do Estado de Sergipe – que completou um ano na semana passada –, a luta para combater as aposentadorias de ex-governadores e a Lei que atualiza as normas para a profissão dos bombeiros civis. Foi um mandato de muito trabalho, mas sabemos da importância desta missão. Agora, com a nossa reeleição, a responsabilidade aumenta. Por isso, queremos produzir ainda mais e continuar nossa fiscalização ao Governo. Tenho certeza de que isso é o que o povo espera de nós.

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