Itabaiana não pode ser “administrada” por um preso
Blogs e Colunas | Joedson Telles 09/11/2018 20h11 - Atualizado em 09/11/2018 20h18Incomodo os botões com o fato de a vice-prefeita de Itabaiana, Carminha Mendonça, não ter assumido, de pronto, o posto de prefeita com a prisão do prefeito Valmir de Francisquinho. Resistir a entregar o comando da prefeitura mesmo preso? Como administrar trancado numa cela? E a ética e a moralidade exigidas para se lidar com a coisa pública? Nem precisamos entrar no fator geográfico. Um município “administrado” por um preso e algo fora da realidade.
“Ah, mas ele pode sair a qualquer momento e provar inocência”, podem se permitir à argumentação os que são a favor do absurdo.
É possível, sim, e ninguém tem o direito de passar por cima da presunção da inocência. Aliás, já observei isso neste espaço.
Todavia, assim como a defesa de Valmir pode derrubar as provas que a polícia jura possuir para incriminá-lo, pode também fracassar. A polícia pode estar certa e o prefeito preso ser, de fato, culpado.
E no caso de o prefeito ter enfiado mesmo o pé na jaca, e ter que responder pela cobrança indevida de tributos, lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime de licitação, como afirma a polícia, que condição ética, moral, jurídica... ele teria para comandar Itabaiana? Gerir os recursos públicos? Qual o exemplo estaria a ventilar?
O momento é delicado. As acusações são gravíssimas. O próprio prefeito Valmir precisa ter desprendimento, respeito à população de Itabaiana. Deve se afastar do cargo e esperar o desfecho do episódio – sua defesa expor os verbos e o Judiciário decidir sua vida – para, caso seja inocentado, aí, sim, retornar ao posto para o qual foi eleito.
Nas circunstâncias atuais, ainda que a Lei Orgânica do município de Itabaiana - ou qualquer outra lei - lhe assegure “administrar”, mesmo trancado numa cela, vendo o sol nascer quadrado, é imoral.
Inclusive, não podemos esquecer que as leis são elaboradas, aprovadas e sancionadas por políticos. E aí já sabe... Algumas trazem equívocos prontos para socorrer os próprios políticos em momentos oportunos. Eis um bom exemplo.
Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.
E-mail: joedsontelles@gmail.com
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