O projeto continua sendo o poder
Blogs e Colunas | Joedson Telles 11/07/2018 07h29 - Atualizado em 11/07/2018 07h38A aliança entre o PSB, a Rede e o PPL, tendo Valadares Filho como pré-candidato a governador, Dr Emerson como seu vice e os nomes do senador Valadares e do advogado Henri Clay como pré-candidatos ao Senado, joga para escanteio a pré-candidatura do delegado Alessandro Vieira ao Senado dentro do bloco, mas não das eleições 2018. Pelo menos, demonstrando sua decepção com o acordo, Alessandro postou um vídeo nas redes sociais prometendo manter vivo o projeto. Parte para o que define como “candidatura cívica e independente”.
No vídeo, o delegado se dirige aos eleitores em tom de agradecimento e decepção com a Rede. Observa que lançou a pré-campanha ao Senado sem dinheiro e sem padrinho político, mas com a coragem de enfrentar o sistema. “Conseguimos algumas pequenas vitórias e, segundo as últimas pesquisas, já temos cerca de 10% da preferência do eleitorado. Isso incomodou, assustou a velha política sergipana”, diz o delegado, afirmando que a exigência para a nova aliança foi a exclusão da sua pré-candidatura. “Parece que este espaço precisa ficar sempre reservado para as mesmas velhas figuras de sempre. Mas não vou me acovardar e nem desistir.”
O delegado pré-candidato está certíssimo ao não recuar. Mostra-se coerente, já que buscou espaço na Rede, e, creio, desde o início, a definição foi pelo Senado. Pela renovação. Ele não mudou o acerto. A Rede sim. Não se trata de um político profissional, um desempregado que vive da política.
Alessandro, acredito, buscou a Rede justamente pelo discurso de renovação ventilado pelo partido em todo o Brasil. Embora as pré-candidaturas de Valadares Filho, Henri Clay e Dr Emerson representem esta renovação, é óbvio que a sua pré-candidatura teria bem mais coerência na aliança que a do senador Valadares. Alessandro está chegando agora.
O problema é como descartar o senador Valadares liderando com folga todas as pesquisas para o Senado, com uma folha de serviços prestados à população e sendo ficha limpa? Só pelo preconceito de já ter vivido a juventude?
Quem bateu o martelo também acertou. Só errou se não ofereceu a Alessandro Vieira a opção de ser pré-candidato a deputado federal, agora, e a vaga de pré-candidato do agrupamento para a disputa do Senado, em 2022. Alessandro poderia muito bem adiar o sonho. O tempo é seu aliado.
Mas descartar o nome que está em primeiro lugar nas pesquisas, sabendo que as eleições para o Senado serão acirradas? Manter uma pré-candidatura da Rede ao governo que, segundo as pesquisas, não decola, mesmo tendo a oportunidade de se somar ao projeto PSB, que, ao contrário, as mesmas análises mostram crescendo e com chances reais de vitória? Soaria de um amadorismo ímpar a ser agradecido pelos adversários.
A política continua sendo profissional. É eleito quem tem voto. Não bastam as melhores intenções. Ideias. E vou além: por mais discurso de salvador da pátria que partidos como a Rede joguem para o eleitor, o projeto será sempre o poder. Ninguém mete a cara sem este sonho. O caminho é árduo demais para se ser puro sentimento. Ideologia. A história é prova viva. E o presidiário Lula, que depois de várias derrotas fez aliança com o que condenou a vida inteira para chegar ao poder, é um exemplo vivo.
Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.
E-mail: joedsontelles@gmail.com
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