Onyx Lorenzoni é criticado por declarações sobre UFS
Comunidade acadêmica contesta alegação do ministro para justificar cortes Política | Por Fernanda Araujo 02/05/2019 18h46 - Atualizado em 03/05/2019 15h10As afirmações do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que apontou deficiências na Universidade Federal de Sergipe (UFS) durante uma entrevista à Globo News, na quarta-feira (1), provocaram reação negativa por parte da comunidade acadêmica sergipana. Segundo o ministro, a UFS não possui nenhum programa de pós-graduação com nota máxima do MEC e gera muitos custos ao governo.
Recentemente, o Ministério da Educação anunciou um corte de 30% do repasse de verbas a universidades que não apresentarem desempenho acadêmico esperado e às que fizerem - nas palavras do ministro Abraham Weintraub - "balbúrdia" em suas instalações. O anúncio foi dado no último dia 30 ao "O Estado de S. Paulo", mas logo depois a declaração mudou de tom e, segundo o ministro, o corte deve atingir todas as unidades e institutos federais de maneira "isonômica".
Questionado pela Globo News se as universidades perderiam verba por baderna ou por discordar do governo, Onyx tentou justificar a tesourada dando como exemplo a federal sergipana, comparando-a com uma universidade particular do estado, a Tiradentes (Unit).
Na fala dele, a UFS possui 30 mil alunos, 1.500 profissionais com doutorado em tempo integral, mas não tem nenhum curso de mestrado e doutorado com nota máxima do MEC - e receberia R$ 980 milhões em repasses por ano. Já a Unit, ainda conforme o ministro, com 28 mil estudantes e 250 doutores, possui quatro cursos de mestrado e quatro de doutorado com notas 5 e custos menores - R$ 310 milhões de orçamento anual.
Alguns docentes da universidade federal reagiram ao discurso e alegaram que os dados são "equivocados". "Dois programas de doutorado possuem nota 5, dentre os quais o nosso Programa de Pós-Graduação em Sociologia e o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Precisamos divulgar esses dados para nos opormos à atual política de desvalorização do trabalho de ensino, pesquisa e extensão realizado pelas universidades públicas brasileiras", escreveu o professor Marcelo Ennes, em rede social.
UFS contesta
Por meio de nota, a Reitoria da UFS contestou as declarações do ministro e apresentou dados sobre o desempenho da universidade, considerado muito acima em relação a outras instituições de ensino superior de Sergipe. No ranking da empresa americana Clarivates Analytics, a UFS é a única do estado entre as 50 instituições que mais publicaram trabalhos científicos no Brasil nos últimos cinco anos.
A instituição alega que possui 54 programas de Pós-Graduação, quatro deles com nota 5 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação vinculada ao MEC. São 1.511 alunos de mestrado e 724 de doutorado, 54 programas de pós-graduação - que eram 10 em 2007 - e quase 90% dos alunos de mestrado e doutorado do estado são da UFS, que responde por 84% do número de pesquisadores de produtividade do CNPq no estado.
Com mais de 30 mil alunos distribuídos em seis campi e perspectiva de recursos em cerca de R$ 100 milhões para este ano, a UFS reitera que os recursos são destinados aos 113 cursos de graduação, 70 cursos de pós-graduação e à assistência estudantil. Sendo que, deste total, estão contingenciados 90% da verba para investimentos e 30% do custeio.
A Reitoria cita ainda as diversas pesquisas que são desenvolvidas nas áreas de inovação tecnológica - além das voltadas para a prevenção e tratamento de doenças como a chikungunya e zika vírus; e o atendimento de saúde a crianças com microcefalia nos dois hospitais universitários da UFS, única instituição do estado a possuir as unidades e que atendem por meio do SUS.
"A UFS, instituição pública com mais de meio século de serviços prestados à sociedade, reitera seu compromisso com a verdade e apela para que fatos dessa natureza não se reproduzam de forma a colocar em risco a integridade e imagem da única universidade pública do estado, patrimônio imaterial da sociedade sergipana", conclui a nota.
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