As férias acabam e o perfume do mar dá lugar ao cheiro do café fresco na cozinha de casa. A mala, agora cheia de boas memórias e roupas para lavar, repousa no canto do quarto. Antes, confesso, esse momento trazia um peso – como se a rotina fosse um fardo me esperando com a paciência de um relógio que nunca para de correr. Mas, há certo tempo, algo mudou.

Voltar para casa não é um peso quando você ama o que construiu. A vida é como uma grande mala que a gente arruma e carrega por aí. Ela pode ser um fardo ou um tesouro, dependendo do que colocamos dentro. E eu, nos últimos anos, me dediquei a recheá-la com equilíbrio, autocuidado e doses generosas de amor próprio.

Ser mãe, empreendedora, esposa, mulher… Já foi caótico. Já achei que precisava ser heroína 24/7, mas descobri que ser humana é bem mais interessante. Aprendi a não carregar expectativas alheias como peso extra. Tirei da mala a culpa por descansar, por dizer “não” e até por ser feliz. E, olha só: sobrou espaço para o que realmente importa.

Hoje, minha rotina não é uma prisão, é um lar. Um lugar onde trabalho com propósito, cuido da minha saúde mental e deixo espaço para viver o que me faz sorrir. Claro, há dias de caos – porque o feijão queima, a reunião atrasa e a filha chora. Mas são dias, não uma sentença.

As férias me lembram que a vida é feita de respiros, mas voltar à rotina me prova que o oxigênio está aqui também, na pausa para um filme, na historinha antes de dormir, nos momentos simples. Minha mala de volta está cheia de mais do que roupas: ela traz gratidão, plenitude e a certeza de que construir uma vida feliz não é sobre fugir, mas sobre encontrar paz dentro dela.

E aí está o segredo: o peso do retorno depende do que você coloca na bagagem.