A gente cresce ouvindo que desistir é sinônimo de fraqueza. “Quem desiste, não chega lá”, dizem o tempo todo. Então a gente insiste. Segura firme as sacolas, mesmo quando os dedos já estejam vermelhos e ardendo.

Se você é mulher, vai concordar comigo que nossa vida é um pouco disso. É carregar peso. O peso das expectativas, dos compromissos, das vontades dos outros. A gente administra os prazos no trabalho, os boletos na gaveta, as viroses e a lista de compras interminável na cabeça. Até que um dia, no meio desse trajeto, a gente percebe que está carregando mais sacolas do que realmente aguenta.

Foi assim comigo. Houve uma manhã em que o despertador tocou e, em vez de levantar, eu quis sumir. Não era cansaço físico. Era aquele cansaço mental, que pesa , que faz a gente questionar se vale a pena continuar por esse caminho. E, pela primeira vez, eu me permiti pensar: “E se eu largar algumas sacolas?”

Ninguém nos ensina que desistir, às vezes, é a única maneira de seguir em frente. Ninguém nos ensina que mudar de ideia não é fraqueza, é sabedoria. Ou que desistir de um caminho que não faz mais sentido não é fracasso, é recomeço.

Naquele dia, eu desisti. Desisti de um projeto que já não me fazia feliz. Que eu até quis, até começar e perceber que não era bem assim Desisti sem culpa e, para minha surpresa, não foi um fim. Foi um respiro. Foi espaço para segurar outras coisas, talvez mais leves, talvez mais minhas.

É normal esquecer disso, então hoje eu quero lembrar a você que o seu caminho não precisa ser sempre o mesmo. Dá para mudar de rota, dá para refazer planos, dá para recomeçar de outro jeito. E, às vezes, a gente só continua forte porque teve coragem de largar umas sacolas, deixar os dedos descansarem e seguir sem carregar peso.