Mães que se reinventam | Amanda Neuman | F5 News - Sergipe Atualizado

Mães que se reinventam
Blogs e Colunas | Amanda Neuman 09/05/2021 23h23

Tudo mudou quando eu me tornei mãe. Eu sei que é clichê dizer isso, mas é a minha verdade! 

Eu sempre quis ser mãe. Desde pequenininha eu sonhava em ter minha própria família, então ser mãe fazia parte desse processo. Eu sabia que minha vida ia mudar. Sou muito realista, então eu estava consciente de que ter um bebê me obrigaria a desacelerar – ao menos por um tempo. Desacelerar. Parar, jamais.

Eu sigo a carreira acadêmica. Sou jornalista por formação, fiz o mestrado em Comunicação e agora faço doutorado. Eu estava grávida quando saiu o edital de seleção do Doutorado em Sociologia na Universidade Federal de Sergipe que era o que eu queria – e quando eu vi a data da última etapa da seleção me deu um friozinho na barriga porque era um pouquinho depois da data prevista para o meu parto. Mas eu me inscrevi assim mesmo. 

Eu nunca vou esquecer desse dia. Helena, minha filha, tinha 10 dias de vida, eu estava me recuperando da cesárea e fui assim mesmo fazer a entrevista do meu projeto de tese. Foi o meu primeiro desafio como mulher para além da mãe que agora eu era. Desistir não era uma opção. Nunca foi.

Comecei o doutorado. Começou a pandemia. Helena tinha quatro meses quando eu me vi tendo que estudar em casa e dividir a minha atenção entre ela, os estudos, o trabalho e algumas outras funções. Ser mulher e multitarefas não é bem uma opção. Mas eu não caminho sozinha. Meu esposo é sensacional, um pai presente que cumpre muito bem o seu papel, mas ele trabalha fora, muitas vezes viaja a trabalho, e eu acabo passando a maior parte do dia sozinha com Helena. Então, nessa situação, a minha maior reinvenção foi: redefinir as minhas prioridades. 

Eu preciso fazer muitas coisas, mas Helena é o que eu preciso fazer primeiro, sabe? Se ela está bem, todo o resto flui mais fácil. “Primeiro o mais importante”, essa é uma frase que eu penso sempre. Entender que eu não preciso dar conta de tudo, que eu não preciso fazer tudo todos os dias, mas que eu só preciso ser a melhor Amanda que eu puder ser. Isso basta. Eu decidi que não corresponderia ao estereótipo de ‘mães se sentem culpadas’. Não, eu não vou me sentir culpada porque eu não preciso. Eu dou o meu melhor e isso é suficiente. Eu nunca fui mãe, mas eu sei que eu sou uma boa mãe.

Acredito que a grande questão desse momento de tantas mudanças foi entender a necessidade de: manter minha saúde mental em dia. E aí a gente desenvolve as nossas estratégias. Eu decidi que eu não vou me deixar pra depois. Eu priorizo cuidar de mim, da minha aparência pra me sentir bonita. Separo um tempo pra fazer exercícios mesmo que em casa. Às vezes o cansaço é enorme e a disposição está lá embaixo, mas a endorfina é importante demais.

Outra prioridade redefinida foi algo simples, mas que fez muita diferença: ler livros de mulheres e sobre mulheres. Desde o início de 2020 eu tenho feito leituras inspiradoras, e conhecer histórias de mulheres incríveis me impulsiona pra tentar ser incrível também. Eu sou mãe de uma menina. Eu tenho uma responsabilidade sobre a orientação que ela vai receber. Ter acesso a esse tipo de conteúdo me dá munição pra ensinar que ela pode ser o que quiser, fazer o que quiser e estar onde quiser. Se mulheres empoderadas empoderam outras, imagina só como não vai ser a minha filha!

Ah, tenho que falar de amor... Eu sou romântica. Passar um tempo com o Danilo, meu marido, é uma super prioridade. Antes de ter Helena, isso era normal. Éramos só nós dois, mas ter um bebê em casa muda tudo. Então, colocar ela pra dormir e ver uma série, um filme, tomar um vinho, ficar no sossego, faz toda a diferença na minha rotina. São coisas pequenas, mas isso tudo me renova. Me dá motivação pra seguir em frente.

Se tem algo que aprendi é que filhos não precisam de mães bem sucedidas no trabalho, cheias de conhecimento ou excelentes cozinheiras. Filhos precisam de mães felizes. A gente é que precisa das outras coisas. Encontrar o equilíbrio, sem culpa e sem esquecer de mim, é o que me torna uma mãe feliz. E quem é feliz tem mais facilidade de se reinventar quando é preciso. Comigo tem sido assim. 

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Amanda Neuman

Jornalista (UNIT) há 10 anos, mestra em Comunicação (UFS), doutoranda em Sociologia (UFS), pesquisadora na área de redes sociais e influenciadores digitais, e mentora de marketing para empreendedores e Influenciadores. Na internet, como mulher plus size que descobriu o amor próprio e auto estima além dos padrões, compartilha sua vida e vivências com outras mulheres e as encoraja a se amarem como são.

E-mail: amandaneuman.an@gmail.com

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