Promessa de ano novo: desistir.
Blogs e Colunas | Amanda Neuman 03/01/2022 09h15 - Atualizado em 03/01/2022 09h24Cansei das promessas de ano novo. Definitivamente. Você promete emagrecer, promete dormir mais cedo, se irritar mais tarde, falar menos, se deixar apaixonar. Você promete estudar pra passar num concurso público, ficar menos tempo na internet e mais tempo com a família. Promete amar mais, se cobrar menos. O ano inteiro passa e no final, mais uma vez, onde você está? Se cobrando porque não realizou nem metade do que deveria ou desejou.
Acredito mesmo naquela frase rodada que sei lá quem falou um dia e, noutro dia qualquer, alguém jogou na internet: tudo muda quando você muda. Ok. Você pode acreditar também, mas não adianta. Apenas isso não adianta.
Não seja o tipo que se enche de falsas esperanças quando o relógio bate meia-noite e os fogos de artifício colorem o céu. Não seja o tipo que se abarrota de planos impossíveis enquanto um novo 1º de janeiro nasce. Não é porque o ano é novo que você também vai ser. Esqueça isso. Esqueça a ideia maluca de que você vai ser melhor sem fazer esforço. O ano não tem obrigação nenhuma de te surpreender. Se você não fizer nada por isso, só verá números diferentes e resultados iguais.
Tudo bem, pode até soar duro demais, mas começou em mim a desistência. Acredite se quiser, desistir pode ser uma coisa maravilhosa. Então, desista das suas ideias acomodadas de mudança.
Abra mão de ser quem sempre foi. Sempre ter sido algo não te obriga a continuar sendo aquilo pra o resto da vida. Desista das manias que irritam os outros, mas desista mais ainda daquelas que irritam você mesmo.
A verdade é que você só vai conseguir cumprir suas promessas pra o ano novo quando você for mais importante do que elas.
Não faça algo apenas por acreditar que precisa ser feito. Faça por crer que aquilo vai te fazer viver melhor, vai te fazer ser alguém melhor. E, por favor, abra mão de preferir ficar sozinho só pra se perder em seus próprios (e tristes) pensamentos. Cabeça vazia só pensa o que não presta, já dizia minha avó.
Ocupe-se. Ficar fuçando a vida social de quem não se move em seu favor, escrevendo e apagando inúmeras mensagens sem saber se deve enviar, olhando pra tela do celular o tempo inteiro, enquanto torce pra ele tocar, não vai fazer o tal ser se importar com você. Desista. Desista de alimentar seus rituais de sofrimento.
Desista de uma vez e, só assim, você vai conseguir.
Isso não é uma fórmula para a sua realização pessoal no ano que vem. É apenas um método lógico, no qual, sem dúvida alguma, você já parou pra pensar, mas nunca parou pra colocar em prática. Então, rasgue a lista de promessas agora e escolha apenas desistir do que te faz mal. Vai por mim, muita coisa começa a mudar assim.
E aí, o ano novo vai passar, 365 novos dias, doze meses inteiros e, enfim, quando novamente os fogos de artifício derem cor ao céu e os gritos de festa ecoarem ao seu redor, você vai poder dizer: feliz eu mesmo, feliz de novo!
(Nota: Escrevi esse texto em 2012, dez anos atrás, e continuo desistindo todo ano. Só pra constar.)







Jornalista (UNIT) há 10 anos, mestra em Comunicação (UFS), doutoranda em Sociologia (UFS), pesquisadora na área de redes sociais e influenciadores digitais, e mentora de marketing para empreendedores e Influenciadores. Na internet, como mulher plus size que descobriu o amor próprio e auto estima além dos padrões, compartilha sua vida e vivências com outras mulheres e as encoraja a se amarem como são.
E-mail: amandaneuman.an@gmail.com
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