As mulheres no Agro
Tudo começou com elas. Competência e oportunidades na atualidade Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 09/08/2021 08h30 - Atualizado em 23/08/2021 15h08Há mais de 10 mil anos, enquanto os homens saiam para caçar, as mulheres coletavam cereais selvagens quando perceberam que os grãos descartados germinavam e formavam novas plantas.
A observação desse fenômeno, associada ao aprimoramento de técnicas rudimentares, foi chamada de Revolução Agrícola, considerada a maior revolução da História, responsável por formar a base organizacional da humanidade que conhecemos hoje.
Por isso é imperioso afirmar que a agricultura começou com elas.
Nos últimos tempos, a mulher tem conquistado cada vez mais espaço em todos os segmentos da sociedade, não diferente no agronegócio.
Apesar da desigualdade, é pacificado por diversos estudos que ocorre uma significativa mudança no cenário rural, onde a mulher cada vez mais passa a ter maior representatividade e protagonismo.
Nesse diapasão, segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2006, apenas 12% dos estabelecimentos rurais do país eram dirigidos por mulheres; já o último censo, de 2017, identificou que esse número aumentou para 20%. Em Sergipe, esse índice, conforme mesmo censo, é de 23% dos empreendimentos chefiados por elas.
Uma interessante pesquisa da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG/2017) traçou o perfil dessas produtoras: 75,6% atuam em pequenas propriedades; 13,5% em médias propriedades e 10,9% em grandes propriedades. E ainda, 73% atuam dentro da propriedade; 3,7% trabalham em cooperativas; 3,4% no setor de insumos agrícolas e 9,3% em outras atividades relacionadas.
Tais números demonstram o papel fundamental que as mulheres rurais desempenham no setor agrícola do país, além de demostrar que o fato do trabalho rural estar associado à força braçal não é um impedimento para o envolvimento dessas produtoras.
Não é por menos que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é chefiado competentemente por uma Engenheira Agrônoma e produtora rural, Tereza Cristina.
Em Sergipe, idealizado pela engenheira agrônoma Camila Xavier, um grupo de cerca de cem engenheiras agrônomas, zootecnistas, veterinárias e produtoras rurais, intitulado “Mulheres sergipanas no agro”, tem se destacado por fomentar o engajamento e o reconhecimento do valor das mulheres no Agro sergipano.
Através dos exemplos profissionais e produtivos de suas participantes, o grupo demonstra que não há rótulos que definam o limite de suas atuações no campo.
Desse modo, pelo fato do mundo rural ser predominantemente liderados por homens, reconhecer o valor e incentivar o protagonismo da mulher no setor agrícola não é transformá-la em um gênero superior, ou mesmo resumir oportunistamente a uma bandeira político-ideológica, mas simplesmente não permitir que, por ser mulher, seja considerada inferior na competência e no acesso a oportunidades.
Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.
E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br
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