O Homem e o Cavalo | Haroldo Araújo Filho | F5 News - Sergipe Atualizado

O Homem e o Cavalo
O desenvolvimento da Humanidade veio a galope.
Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 19/07/2021 09h14 - Atualizado em 23/08/2021 14h58

A inspiração de escrever a coluna de hoje surgiu ao ver um documentário no canal History Channel, onde um historiador afirmava que a difusão das línguas Indo-Europeias ocorreu graças à técnica de cavalgar, ou seja, ao cavalo.

Dentre os animais domesticados pelo ser humano, sem sombra de dúvidas, o cavalo foi peça chave na construção da História, especialmente porque o homem, com grande esforço, percorria no máximo 50 km por dia, já montado e, sem grande esforço, poderia superar 100 km diários.

Não somente pela agilidade, mas também pela força e inteligência, os cavalos domesticados provocaram uma nova forma de organização da humanidade, transformando esses animais em elementos indispensáveis para as atividades agrícolas, de transporte, de lazer e das guerras.

Tais características foram essenciais para que essas criaturas despertassem o fascínio de povos em diferentes eras. Não é por menos que a figura mitológica grega Centauro é metade homem, metade cavalo.

 

Inimaginável mensurar o fascínio e o medo que os cavaleiros hunos e mongóis, dos poderosos exércitos de Átila e Genghis Khan, provocaram nas populações dominadas.

Igualmente inimaginável aferir o deslumbre dos novos americanos com as destrezas dos povos indígenas Apaches montados em seus cavalos pintados, origem da raça Appaloosa.

 

Por tudo isso, se construiu a imagem que o cavalo era sinônimo de poder e força. Como também, por causa da empáfia humana, “cair do cavalo” se tornou expressão de reconhecimento das fragilidades e arrogância do ser humano, exatamente como narrado no processo de conversão de São Paulo a caminho de Damasco.

Quão perfeitamente disse o poeta Fernando Pessoa. “Os cavalos da cavalaria é que formam a cavalaria. Sem as montadas, os cavaleiros seriam peões”, como também disse o romancista Jean Giraudoux: “O cavalo, como todo mundo sabe, é a parte mais importante do cavaleiro.”

Em que pese atualmente esse animal não ter mais a importância de outrora, já que foi substituído pelas máquinas, mas não deixa de ser chistoso saber que as unidades para expressar as potências destas se chamam cavalo-vapor (cv) ou horse-power (hp) em inglês.

Porém, perpetua ainda o deslumbre que essas criaturas provocam no ser humano e não é raro encontrar pessoas que têm como sonho ter um belo equino. Tanto que vários criadores de raças utilizam do marketing de que não apenas criam animais, mas sim sonhos.

Por consequência, adentramos na eterna vocação que possuem esses animais de ajudar os homens, agora não mais na modernização das civilizações, mas como um importante negócio, em especial, no agronegócio brasileiro.

Segundo o Estudo do Complexo do Agronegócio Cavalo, realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo (Esalq/SP), em 2018, a equinocultura brasileira movimentou cerca de R$ 16,5 bilhões e foi responsável por 3,2 milhões de empregos, seis vezes mais o número de trabalhadores da indústria automobilística.

 

O estado de Sergipe possui um relevante destaque na qualidade da criação de raças equinas, em especial, Mangalarga Machador e Quarto de Milha. Sendo esta, sobejamente valorizada por causa da Vaquejada, um esporte apreciado pelos sergipanos e responsável por diversos criatórios renomados nacionalmente.

Por fim, valorizar o papel do cavalo no desenvolvimento da humanidade é reconhecer que a convivência humana com outros animais deveria ser colaborativa, jamais predatória, pois o animal homem para sobreviver depende da interação com outras espécies. Que diga o cavalo!

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Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.

E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br

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