O MAR ESTÁ PARA PEIXE? | Haroldo Araújo Filho | F5 News - Sergipe Atualizado

O MAR ESTÁ PARA PEIXE?
Texto da Engenheira Ambiental Sílvia Cupertino Formoso*
Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 13/09/2019 15h24 - Atualizado em 13/09/2019 16h37

Provavelmente, você já ouviu falar dos benefícios de se comer peixe: um alimento com alto teor de proteína, vitaminas e outros nutrientes importantes para nossa saúde. Mas você sabe de onde vem o peixe que se compra no supermercado ou na feirinha perto de sua casa?

Em vez de serem pescados apenas em rios ou no mar, os peixes também podem ser criados, assim como acontece com outras fontes de proteínas, como as carnes bovina, suína e de frango. Chama-se aquicultura o cultivo de peixes, crustáceos (como o camarão e a lagosta), moluscos (como o polvo e a lula), algas e outros organismos que vivem em ambientes aquáticos, como rãs, tartarugas e jacarés criados para alimentação humana. 

Esse é um setor que tem grande potencial de crescimento no país e tem evoluído bastante. Segundo dados da Associação Brasileira de Piscicultura, a produção de peixes cultivados no Brasil em 2018 atingiu 722.560 toneladas, com receita de cerca de R$ 5,6 bilhões, gerando cerca de 1 milhão de empregos diretos e indiretos. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia, espécie que representa 55,4% da produção do país, seguida pelos peixes nativos, liderados pelo tambaqui, que participam com 39,8%, e outras espécies, com 4,6%.

No entanto, quando se compara a evolução da aquicultura em outros países e no Brasil que, sem sombra de dúvidas, detém um dos maiores potenciais de exploração dessa atividade a nível mundial, fica evidente a falta de apoio e de incentivo governamental ao longo das últimas décadas. A despeito das características naturais privilegiadas em relação aos principais mercados produtores e consumidores no mundo, os produtores brasileiros a duras penas vêm conseguindo superar as adversidades advindas da falta de políticas públicas adequadas à realidade setorial.

No Estado de Sergipe, particularmente, os cultivos de peixes como a tilápia e o tambaqui (piscicultura), o cultivo de camarão (carcinicultura) e a criação de ostras (ostreicultura) apresentam uma importância econômica e social crescente, com potencial para se tornar com o tempo um agronegócio consolidado, se respeitados os requisitos de viabilidade técnica, econômica, social e ambiental.

Se devidamente fomentada, a aquicultura e pesca em Sergipe podem vir a participar significativamente na mitigação dos problemas de pobreza no meio rural ao gerar renda e empregos permanentes, em sua maior parte dirigidos a trabalhadores com baixo nível de escolaridade e qualificação profissional, tendo como destaque o fato de que a participação do pequeno e médio produtor em elevada proporção evidencia a importância de sua contribuição no contexto da inclusão social e do fortalecimento da economia rural, contribuindo, de forma significativa, para reduzir as desigualdades sociais e para a reversão do êxodo rural, provocado pela falta de oportunidades e empregos produtivos para os trabalhadores rurais, o que, em última instância, acaba contribuindo para o aumento da violência urbana.

Os pilares essenciais para a expansão da atividade em Sergipe são o aumento da produção, processamento e a abertura de mercados e o crescimento do consumo, que possui evidente aceitação pelo mercado consumidor. Evidentemente, ainda persistem muitos desafios a serem superados e oportunidades a serem desenvolvidas, mas não restam dúvidas de que o fortalecimento da cadeia produtiva e o aumento da produção e do consumo dos produtos da aquicultura é uma questão de estratégia que envolve basicamente: oportunidade de negócio, compromisso social, meio ambiente e segurança alimentar.

Por tudo isso, fica evidenciada a necessidade de adoção de uma política de apoio a esse setor, que passa prioritariamente pela definição e implementação de medidas de incentivo à produção e ao processamento, que contemplem o licenciamento ambiental e a disponibilização de financiamentos para investimentos e custeio. Assim ocorrendo, poderá a cadeia produtiva de aquicultura/pesca se tornar uma importante oportunidade de negócio no estado de Sergipe.

Sílvia Cupertino Formoso é Engenheira Ambiental formada pela UNESP, Mestre em Desenvolvimento e Meio-Ambiente pela UFS e Chefe substituta da Divisão de Aquicultura e Pesca da Superintendência Federal de Agricultura no estado de Sergipe.

 

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Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.

E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br

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