Violência no Campo: um problema real em Sergipe
Criação da Delegacia de Repressão a Crimes Rurais (DRCR) é um avanço importante Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 13/04/2021 16h30 - Atualizado em 13/04/2021 16h36A insegurança é consequência direta da violência vivida no meio social onde estamos inseridos. Aqui, não me atreverei a fazer nenhuma análise sociológica do assunto em tela, mesmo porque o tema é por demais complexo, apenas relatarei algumas implicações e ações visando dirimir os impactos negativos.
Sabemos que esse fenômeno já é vivido no meio urbano há muito tempo. Porém, por anos, a zona rural ficou meio que distante dessa realidade padecida nas cidades. Não foram poucas vezes que ouvimos residentes das fazendas, sítios e povoados falarem frases do tipo: “Aqui é muito tranquilo”; “Dormimos até de portas abertas”; “Aqui não se rouba nada”, dentre tantas outras, que expressavam o modo pacato vivido por essa população.
Infelizmente, há algum tempo estamos presenciando a chegada acachapante da violência no meio rural. Certamente, dentre outros motivos, vivemos essa realidade porque as políticas de segurança pública não acompanharam satisfatoriamente a significativa melhoria econômica do setor, que chamou, assim, a atenção de criminosos.
É nítido que essa triste realidade tem mudado a dinâmica social das populações rurais, desde o receio de ter animais, insumos e maquinários roubados (não raras vezes com o emprego de violência), até a mudança nas características arquitetônicas das residências. Pois, se antes observávamos construções abertas, com horizonte à vista, um verdadeiro convite ao acolhimento, hoje, em nome da sensação de se ter segurança, observamos grades e até muros na paisagem, tornando o ambiente mais desconfiado, individualista e não acolhedor, características contrárias à natureza do homem e da mulher do campo.
Sensível a essa situação, a Federação da Agricultura, Pecuária do Estado de Sergipe (FAESE), a fim de mapear as principais informações sobre a segurança no campo, realizou levantamento com diversos produtores rurais. Dentre outras informações verificadas, essa pesquisa identificou que 55,1% dos produtores entrevistados já sofreram roubo ou furto na residência, 45,6% já sofreram roubo ou furto de animais e, dos que passaram por essa situação, 75% dos produtores relataram ameaças e 30,9% relataram agressão física.
O resultado dessa pesquisa foi apresentado à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/SE) com objetivo de ajudar no planejamento estratégico das ações de segurança no campo. Além disso, foi solicitada a criação de uma delegacia especializada e, também, foram doados computadores e impressoras para auxiliar nas ações de combate aos crimes rurais.
Diante do exposto, sensibilizada com a situação, a SSP/SE criou a Delegacia de Repressão a Crimes Rurais (DRCR) coordenada pelo delegado Fernando Melo, localizada no mesmo prédio onde funciona a 8ª Delegacia Metropolitana e dotada de equipes móveis para os deslocamentos necessários nas ocorrências. Com certeza, uma excelente notícia para população rural sergipana.
Em caso de algum acontecimento entre em contato com a DRCR (3209-2300 ou 181). É importante o registro do Boletim de Ocorrência (B.O.).
Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.
E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br
O conteúdo e opiniões expressas neste espaço são de responsabilidade exclusiva do seu autor e não representam a opinião deste site.