Provocado sobre uma pré-candidatura sua ao Governo de Sergipe, em 2022, o senador Alessandro Vieira (Cidadania) deixa evidente que é, sim, um projeto que está sendo cogitado. "Tenho recebido solicitações neste sentido de muita gente, dentro e fora do Cidadania. A resposta é sempre a mesma: não posso negar nada para Sergipe", disse Alessandro, neste domingo, dia 28. Econômico nos verbos, o senador afirma ainda que o governador Belivaldo Chagas (PSD) tem dificuldade em receber críticas e observa que existe uma diferença clara entre oposição de verdade e aqueles que só usam uma estratégia para enganar o eleitor. "Não são oposição, são mais do mesmo", diz. 

A troca de comando resolverá os problemas da Petrobrás?

A questão do preço dos combustíveis é mais complexa do que uma simples mudança na direção da Petrobras. Envolve a política cambial escolhida pelo governo, as altas alíquotas de tributos e uma concentração no setor de distribuição. Inclusive aprovamos, esta semana, a convocação do presidente do CADE para discutir uma possível cartelização do setor e novas regras que ajudem a baixar os preços para o consumidor.

O que podemos esperar desta agenda de privatizações do Governo Federal?

Não acredito em grandes avanços na agenda de privatizações. Os movimentos desta semana são mais gestos para “acalmar o mercado” do que ações práticas. Além de não ser um bom momento para a venda de ativos, considerando que a crise econômica pode prejudicar o preço final.

A prisão do deputado Daniel Silveira está mais para um bom serviço prestado à população ou para aquela frase "pegar pra Cristo"? Ou seja, seria um recado aos ataques sofridos pelo STF?

O deputado Daniel Silveira cometeu crimes e quebra de decoro parlamentar. Deve ser punido, mas a prisão foi abusiva. Ninguém deve estar acima da lei, muito menos ministros do STF.

O senhor jogou a toalha no tocante à CPI Lava Toga? Há esperança de ser instaurada? O que favorece o travamento?

A CPI da Toga é uma pauta permanente. É cada vez mais claro que temos problemas sérios nos tribunais superiores, em especial no STF. Alguns ministros são alvo de denúncias de tráfico de influência, interferência política em julgamentos e até de corrupção. O único meio de apuração é a CPI. Existe todo um sistema de troca de interesses que trava a instalação da CPI, mas vamos persistir. Claro que o momento é de foco no combate à pandemia e é o que estamos fazendo.

Como o senhor avalia a vacinação no Brasil, sobretudo em Sergipe?

O processo está muito lento por falhas de todos os níveis da administração. O governo federal demorou para fazer compras e registros, o governo estadual não está coordenando de forma eficiente a distribuição e vacinação, e os municípios não conseguem atingir as metas por falta de estrutura e apoio do estado. Nada justifica que Sergipe fique nas piores colocações do Brasil em velocidade de vacinação. É muita incompetência.

O senhor e o governador Belivaldo Chagas trocaram duros verbos, esta semana. O governador disse, inclusive, que o senhor precisa "deixar de aparecer"... O ano 2022 "começou"?

Belivaldo tem muita dificuldade em receber críticas e cobranças. É um governador fraco que tenta esconder essa fragilidade com grosserias e bravatas. O que fiz foi pedir que o governo auxiliasse as prefeituras para acelerar a vacinação. A resposta foi esse piti público. Não tenho medo de cara feia. Vou continuar cobrando e colaborando com as soluções para Sergipe. As eleições são só ano que vem, não faz sentido tirar o foco do trabalho.

O senhor está pronto para assumir uma pré-candidatura ao Governo do Estado?

Tenho recebido solicitações neste sentido de muita gente, dentro e fora do Cidadania. A resposta é sempre a mesma: não posso negar nada para Sergipe, que me deu tudo que tenho e uma confiança imensa na votação de 2018. É claro que é preciso mudar a gestão de Sergipe, essa turma já teve 20 anos para trabalhar e os problemas continuam. Vamos continuar ouvindo a sociedade para construir a melhor alternativa para a mudança.

O ex-deputado federal Valadares Filho entende que o candidato a governador da oposição pode sair do grupo governista. O senhor pensa assim também? Com quais políticos o senhor jamais faria uma aliança, visando uma eleição? É possível citar nomes?

Não. Existe uma diferença clara entre oposição de verdade e aqueles que só usam uma estratégia para enganar o eleitor: passam os 4 anos de mandato juntos e fingem um rompimento na reta final para tentar um atalho eleitoral. Esses não são oposição, são mais do mesmo. Mas Valadares Filho está certo em dizer que o grupo governista vai se dividir.

Apesar de exercer bem o mandato de senador, o senhor recebe duras críticas nas redes sociais de pessoas que se dizem eleitores seus arrependidos. Seu trabalho não está sendo compreendido? O que explica as críticas, na sua opinião?

As redes sociais precisam ser entendidas para evitar percepções falsas. Cada postagem que faço tem um alcance médio de 30 mil pessoas. Dessas, cerca de 5 a 10% “curtem”, ou seja, interagem clicando para dizer que gostaram. Um grupo ainda menor, na casa de 1%, se mobiliza ao ponto de parar o que está fazendo e escrever um comentário. São normalmente pessoas muito vinculadas à pauta específica da postagem ou ao mundo da política, sejam apoiadores ou adversários. Mesmo nesse universo muito pequeno, em regra os comentários são na maioria positivos. Aqueles que são negativos são analisados e respondidos com respeito, salvo os ofensivos. Esses não adianta responder, só vai estimular as correntes de ódio na internet. Fiz essa explicação longa, mas dá para resumir dizendo que a vida real e as redes sociais são coisas muito diferentes. Na vida real a recepção das pessoas continua muito boa, estimulando a nossa caminhada para melhorar a vida das pessoas através da política feita com honestidade e muito trabalho.