André não descarta reatar aliança com Valadares Filho | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

André não descarta reatar aliança com Valadares Filho
Blogs e Colunas | Joedson Telles 07/04/2019 09h24

O presidente do PSC de Sergipe, o ex-deputado federal André Moura, deixa evidente, nesta entrevista, que a pré-candidatura do deputado estadual Gilmar Carvalho a prefeito de Aracaju pela legenda é irreversível. Segundo ele, 90% das obras da gestão do prefeito Edvaldo Nogueira (PC do B) foram obtidas através do seu mandato. "Somou-se a tudo isso a disposição de Gilmar Carvalho. Ele foi o mais bem votado em Aracaju. Conhece como poucos a realidade", justifica André Moura, não descartando uma reaproximação do ex-deputado federal Valadares Filho (PSB) em nome do projeto. "Sou amigo pessoal dele. Não tenho problema nenhum pessoal com Valadares Filho e nada que impeça, no futuro, se resolvermos ambos, tanto eu como ele, sentar para conversar política", avisa. André faz ainda uma avaliação dos primeiros meses do governo Jair Bolsonaro. "A reforma da Previdência penaliza verdadeiramente os trabalhadores brasileiros... Costumo comparar os primeiros meses do governo Bolsonaro a uma orquestra sinfônica desafinada, desencontrada. Está sem rumo, não tem um planejamento estratégico definido, com início, meio e fim. E isso é muito preocupante", alerta. A entrevista:

O que representa este ato para o PSC?

O fortalecimento do PSC em Aracaju, do seu diretório. Clóvis Silveira traz consigo, já no primeiro momento, cerca de 150 filiados, dentre esses 43 pré-candidatos a vereador. Ele vai nos ajudar não só no diretório de Aracaju, mas em todo estado de Sergipe.

Qual será o papel de Clóvis na legenda?

Todos sabemos que Clóvis é o melhor organizador de partidos do estado de Sergipe. Ele se dedica a isso. Faz porque gosta e já deu demonstrações claras e resultados positivos em eleições anteriores. Ele terá esse papel de organização nas bases partidárias do PSC; de ajudar para fortalecimento do PSC Mulher, nas pautas de igualdade de gênero, igualdade racial e nas universidades, com o PSC Jovem.

O que se pode esperar do partido nas eleições 2020?

Acima de tudo um PSC que possa contribuir para as eleições municipais, pois somos um partido municipalista. Entendo que temos dado contribuições importantes para o fortalecimento do municipalismo em Sergipe. O agrupamento liderado pelo PSC tem o maior número de prefeitos do interior do estado e eles têm feito grandes gestões. Isso é o que podemos esperar: fortalecimento para que possamos ter resultados positivos tanto na capital quanto no interior, porque as eleições de 2020 refletirão nas eleições de 2022.

O pensamento, hoje, é ter candidato a prefeito de Aracaju? 

Posso aqui afirmar que não é mais pensamento: é decisão. Nós estamos nos reunindo, desde o final do ano passado, discutindo e amadurecendo essa ideia de ter candidatura própria. Também é uma orientação da Executiva Nacional que possamos ter candidatura no maior número de municípios possível, principalmente nas capitais. Então, no processo eleitoral de 2020, vamos oferecer a Aracaju uma candidatura com nova proposta de gestão.
O PSC já contribui de forma efetiva para a capital. O que nós estamos vendo hoje de obras em Aracaju foram obtidas através do meu mandato; podemos dizer que a maioria, cerca de 90% dessas obras que estão sendo executadas é por conta do trabalho que construí. E aí somou-se a tudo isso a disposição, e o desejo do deputado estadual Gilmar Carvalho de ser candidato a prefeito de Aracaju; ele foi o mais bem votado em Aracaju e na Grande Aracaju, conhece como poucos a realidade, pois tem andado diariamente nos bairros, principalmente na periferia onde as pessoas mais humildes residem, gente que precisa de uma ação mais enérgica, mais presente da Prefeitura.

O senhor, enquanto deputado, ajudou muito Aracaju, através da gestão Edvaldo Nogueira. Isso poderia ter sido a semente de uma aliança com o PSC apoiando a pré- candidatura de Edvaldo a reeleição?

Fizemos uma aliança administrativa por Aracaju. E nós dissemos isso naquele momento, que não tínhamos nenhum compromisso político e a prova maior foi que, nas eleições passadas, em 2018, ele não apoiou minha candidatura ao Senado. A ajuda que eu dei foi por Aracaju, a cidade que eu vivo, a capital do meu estado, aqui meus filhos nasceram e se criaram e espero que se torne cada vez melhor. Fiz o que pude para Aracaju, foram R$ 316 milhões graças ao nosso mandato. Posso aqui garantir que mais de 90% dessas obras que o prefeito Edvaldo Nogueira tem ido dar ordem de serviço, inspecionar ou inaugurar é fruto do meu mandato, com quase nenhuma contrapartida da Prefeitura de Aracaju. Vou dar exemplos: o recapeamento asfáltico da avenida Beira Mar, do Mercado até o terminal de ônibus da Atalaia, as obras no Santa Maria, no 17 Março, na zona norte, recentemente a ordem de serviço para uma escola infantil de tempo integral. a primeira do município e um sonho que se torna realidade. Não custou nada para Prefeitura de Aracaju, é uma luta e uma vitória do meu mandato ainda como deputado federal. O projeto mobilidade urbana cerca de R$ 140 milhões, com os semáforos inteligentes que estão sendo instalados. Quando cada cidadão passar pelas ruas e vir um semáforo inteligente, saiba que ali está recurso do mandato do ex-deputado André Moura, porque se não fosse esse recurso que eu enviei, Aracaju estaria quase sem nenhuma obra de infraestrutura. Mas do mesmo jeito que eu dizia não ter compromisso político com Edvaldo, nem ele comigo, em 2018, volto a afirmar que não temos compromissos políticos para 2020. Já temos, como respondi anteriormente, uma pré-candidatura definida que é a do deputado estadual Gilmar Carvalho.

Em política costuma-se dizer que cada eleição é uma história. Uma reaproximação de André Moura e Valadares Filho estaria descartada? O senhor conversaria com o ex-deputado em nome de um projeto político para Aracaju?

O ex-deputado Valadares Filho e eu estivemos em posições divergentes na eleição passada, mas eu sempre disse também que sou amigo pessoal dele. Prova disso é que, passadas as eleições, encontrei com ele algumas vezes na Câmara, quando ainda estávamos deputados e cumprimentei, conversei, batemos papo sem problema nenhum. Não tenho nada contra ele e a política é a arte do diálogo, desde que você não fuja da sua ideologia, não entregue a sua alma em troca de apoio político. Sendo assim, eu não tenho problema nenhum pessoal com Valadares Filho e nada que impeça, no futuro, se resolvermos ambos, tanto eu como ele, sentar para conversar política.

E uma candidatura de André Moura a prefeito de Aracaju passa pela sua cabeça?

Não passa. E olha que algumas pessoas nas minhas redes sociais e por onde eu passo têm até me perguntado por quê não, uma vez que eu já conheço os caminhos para viabilizar recursos para Aracaju, como fiz na gestão de Edvaldo Nogueira, e tenho conhecimento em Brasília, amizades e iria transitar no governo federal para canalizar e viabilizar recursos para a gestão de Aracaju. Eu agradeço o reconhecimento e a lembrança de cada um, mas nós temos uma pré-candidatura definida e já iniciamos um trabalho de fortalecimento, como mostrou o ato dessa última sexta-feira. Agora é trabalhar para ampliar um leque de alianças mais amplo e oferecer a melhor proposta para Aracaju.

Como o senhor está acompanhando estas denúncias contra o ex-presidente Michel Temer?

Do primeiro ao último dia do seu governo, estive como líder - primeiro na Câmara e depois no Congresso Nacional. Então, tenho acompanhando de perto. O que vejo é que, após as denúncias e o término do mandato do ex-presidente Michel Temer, ele passou a ser investigado e de forma antecipada, sem o trâmite das vias judiciais, o Ministério Público pediu e o Judiciário acatou o pedido de prisão do ex-presidente Michel Temer. O que nos deixa preocupados é a antecipação, que em algumas vezes tem ocorrido. Entendo que o ex-presidente Michel Temer, como qualquer outro cidadão, tem direito à ampla defesa conforme reza a nossa Carta Magna, e espero que esse direito seja respeitado, não seja ferido e ao término do processo que a verdade dos fatos seja esclarecida, que os culpados, caso tenham culpados, sejam punidos e aqueles que não têm culpa, sejam inocentados, mas o que não se pode fazer é a antecipação, como infelizmente a gente vê ocorrer em algumas situações no nosso país.

O senhor é a favor ou contra a "CPI Lava Toga"?

Sou a favor de toda e qualquer CPI desde que ela tenha um objeto claro e específico no seu escopo, para que ela ajude a esclarecer e a encontrar soluções. Eu, por exemplo, fui sub-relator da CPI da Petrobras e do BNDES, lá, cumpri com a minha missão. O que não pode é você iniciar uma CPI com um objeto definido e depois tentar ampliá-la, porque isso fere o Regimento do Parlamento. Vale ressaltar, que a uma CPI não deve ser utilizada como instrumento político.

Qual a sua avaliação sobre a Reforma da Previdência proposta pelo atual governo?

A necessidade de uma reforma da Previdência é real. O país não suporta esse sistema que faz com que todos os anos o déficit só aumente; entretanto tem que se analisar qual proposta vai ser aprovada.
A reforma da Previdência apresentada pelo governo do presidente Bolsonaro é muito mais dura, penaliza verdadeiramente os trabalhadores brasileiros, tem uma extensão maior do que o texto encaminhado pelo governo Temer. Mas uma coisa é certa: o país já tem entendimento da necessidade de se reformar a Previdência, podemos sentir isso na opinião pública. O modelo de Previdência ideal precisa ser discutido mais amplamente com a sociedade e com o Parlamento brasileiro e não pode estrangular o trabalhador. Nesse sentido, um ganho, ao que parece, conseguimos, os líderes partidários, na Câmara dos Deputados, se opuseram ao texto da Reforma que mexe com o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e com os trabalhadores rurais. São distorções e injustiças como estas, que penalizam os que menos ganham, que não podemos aceitar, mas eu concordo que a reforma é importante e necessária.

Como avalia estes três primeiros meses do governo Bolsonaro?

Conversando com meus amigos, costumo comparar os primeiros meses do governo Bolsonaro a uma orquestra sinfônica desafinada, desencontrada. Está sem rumo, não tem um planejamento estratégico definido, com início, meio e fim. E isso é muito preocupante, pois é um governo que está tentando acontecer a cada dia, alicerçado praticamente em uma proposta única: a reforma da Previdência. Se o projeto for aprovado, cria uma situação favorável, do contrário é praticamente o fim antecipado desse governo, o que é muito ruim para a nação. O governo Bolsonaro carece de um rumo com objetivos definidos, precisa, principalmente, de um maestro para agregar os músicos e reger essa orquestra sinfônica, mas até agora não conseguiu colocar isso em prática. O dólar já oscilou, ultrapassando a barreira dos R$ 4,0 o diesel sofrerá reajustes quinzenais, o poder de compra do brasileiro diminui drasticamente, na área da segurança não tivemos avanços. Em resumo, é um governo que deveria ser bem melhor, porque recebeu o país numa situação confortável, com perspectiva de crescimento para o ano 2019, com a economia em gráfico crescente e reagindo, ganhando força e acima de tudo respeito internacional. Mas parece que vamos chegar aos 100 primeiros dias de governo sem ter o que apresentar e com obras sendo paralisadas em todo país. Uma catástrofe para o gráfico de crescimento que vínhamos trilhando. É um governo que não se encontrou nem com a sociedade e muito menos com o Congresso Nacional, trabalhando de forma harmônica e respeitosa e por isso terá muitas dificuldades , pois falta essa articulação tão importante para aprovar as matérias que permitam que o país possa avançar e crescer, com a economia reagindo continuamente e se consolidando seguro para os grandes investimentos. Então eu avalio com muita preocupação. Ademais, é preciso entender que não se administra um país através das redes sociais e sim com estratégias e ações efetivas.

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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