"Bolsonaro continua praticando genocídio contra os brasileiros", diz deputado | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

"Bolsonaro continua praticando genocídio contra os brasileiros", diz deputado
Blogs e Colunas | Joedson Telles 04/07/2021 10h01

O deputado estadual Francisco Gualberto (PT) afirma nesta entrevista que o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), praticou e continua praticando genocídio contra os brasileiros, cometendo claramente crime contra a saúde pública. O deputado também defende a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, instaurada no Senado Federal. "A CPI é um espelho que faz com que mais brasileiros tomem conhecimento destes fatos que, às vezes, passam despercebidos... Estamos falando em um chefe de Estado que é o único no mundo que insiste em praticar o negacionismo em relação à pandemia", diz o parlamentar, que ainda fala sobre a sua saída do PT e da sua exclusão do nome do senador petista Rogério Carvalho para a disputa do governo. 

Recentemente, o prefeito de São Cristóvão, Marcos Santana, citou o senador Rogério Carvalho, do PT, como o melhor nome do bloco governista para disputar o governo, em 2022. Por que o senhor não concorda com ele?

Eu acredito que ele citar um nome do PT não é problema, porque estamos falando de uma frente de partidos e o PT ainda está dentro do bloco. Eu estou no PT, todos já sabem que deixarei o partido, mas não citarei como sendo prioridade o nome do candidato do meu partido. Se trata de um projeto de Estado que um partido só não conduz. Os nomes que podem ficar são outros dentro do bloco. Temos o nome de Fábio Mitidieri, Ulices Andrade, Edvaldo Nogueira. Três nomes preparados e em plena condição de administrar o Estado de Sergipe num pós pandemia. Isso significa que o Brasil terá que ser reconstruído a partir do fim do governo Bolsonaro, já que temos destruição da vida humana através do negacionismo, destruição do meio ambiente, destruição de setores importantes, que estão sendo entregues ao capital privado. Temos que combater a fome, a miséria, resgatar empregos. Muitas tarefas em nível nacional precisam ser tratadas e queremos que essa reconstrução do Brasil e seus efeitos positivos cheguem a Sergipe. Lógico que também precisamos ter uma bancada de deputados federais e de senadores comprometidos em reconstruir o Brasil e trazer os efeitos positivos dessa reconstrução para o nosso estado. Essa é a análise que faço e deixo muito claro porque não gosto de fazer política com subterfúgio e hipocrisia. Eu vejo nesse três nomes que citei preparo suficiente para fazer a condução que precisamos em Sergipe e para ajudar o Brasil a ser reconstruído. Inclusive, é com essa visão que coloco meu nome à disposição do grupo, com toda humildade do mundo, como pré-candidato a deputado federal. Os nomes que citei têm a confiança do povo sergipano, a credibilidade e a capacidade demonstrada em vários momentos para governar o nosso estado.

O senador Rogério Carvalho, não?

Por uma questão de ética, como todos sabem que eu já anunciei que devo deixar o Partido dos Trabalhadores, eu prefiro não entrar nesse aspecto de Rogério. Prefiro conduzir meu pensamento em torno dos nomes que tem a minha preferência. Eu nunca tinha dito isso antes, mas deixarei o PT não para ser anti-petista. Continuarei guardando comigo a convicção da importância da concepção de construção do Partido dos Trabalhadores, a importância dos governos Lula para o povo pobre e para o país como um todo. Por conta disso, eu não quero tecer comentários para não parecer que se trata de uma vinculação de questões pessoais. As minhas insatisfações são com pessoas do partido; por suas posturas que não quero detalhar agora - e espero que não precise ser detalhado. Mas a concepção do partido me levou a fazer parte da construção do partido desde 1981. Portanto, não farei ataque a essa história, mas a gente não pode ficar num lugar onde a gente percebe que os projetos são excludentes do que você defende. Eu prefiro trabalhar com a reconstrução no mesmo bloco onde estou e em busca de que a gente possa ser olhado com respeito, com carinho, dedicação e afetividade dentro de um projeto político porque eu não acredito que em nome da política vale tudo. Tem que viver com quem lhe desrespeita, mas a política é assim mesmo. Se é assim, estamos naquela velha tese, que eu não concordo, que se vende a alma ao diabo porque a política é assim mesmo. A política tem variadas posições, mas tem que ter a hombridade de, pelo menos, buscar escolher aquilo que unifique mais coisas boas e não coisas que trazem infelicidades e dissimulações.

A pré-candidatura de Lula a presidente da República mexe muito no tabuleiro de Sergipe? O ex-presidente pode unir o bloco em torno do nome de Rogério Carvalho... Ainda assim, o senhor mantém este juízo?

Não quero comentar sobre Rogério especificamente. Lula é outra coisa. Não mexe com o tabuleiro político apenas de Sergipe, mas do Brasil. Muitos companheiros que vão me acompanhar, provavelmente, independente da questão Rogério, se Lula for candidato, votarão em Lula. A questão Rogério eu não quero tratar com detalhes. Acho que é saudável para não apequenar a política. Estou expressando meu pensamento e defendendo a tese que nosso agrupamento tem três nomes importantes. Eu não sou um engenheiro de implosão. Eu procuro fazer política com construção e a construção está na análise que estou fazendo do grupo que estou envolvido.

O senhor acredita que o governador Belivaldo Chagas fica no cargo, até o final do governo, ou sai antes, para tentar o Senado, por exemplo?

Eu não posso fazer afirmações porque falta muito tempo e política, às vezes, traz alguns fatos que altera posições. Mas acredito que os movimentos do governador tem por finalidade combater a pandemia e continuar administrando o Estado da melhor forma possível até o final do seu governo.

O que está pesando para escolher o novo partido?

Eu sei onde ficarei: é onde está o PSD, o PC do B, o PDT. Agora, qual o partido, isso é uma discussão que deverei ter com o governador, com Ulices Andrade, com Edvaldo Nogueira, com Fábio Mitidieri e com mais companheiros dessa frente, e, principalmente, à luz da legislação que pode ser alterada e de uma conjuntura mais próxima da eleição que pode indicar qual o melhor caminho que a gente pode seguir. Qualquer engenharia política neste momento poderia ser quebrada logo mais com a realidade da conjuntura.

Como avalia a CPI da Pandemia?

A CPI da Pandemia é importante e não tem nenhuma contradição no que digo, isso em nível federal, por ser contra em Aracaju, em Sergipe e em outros estados. Na CPI nacional, estamos tratando não é de revanche de eleição municipal ou de questão menor que o Tribunal de Contas pode fazer uma apuração ou o Ministério Público. Estamos falando em um negacionismo, em um chefe de Estado que é o único no mundo que insiste em praticar o negacionismo em relação à pandemia. Somos o país que temos, exatamente, 12,3% da população do mundo. No entanto, temos 22,45% de número de mortes no mundo. É um absurdo existir uma situação dessa e um presidente da República continuar negando a vacina e dificultando a vinda de vacinas. No caso da CoronaVac, ele chegou a anunciar que não compraria. Para comprar, a pressão foi muito grande no Brasil inteiro. Ele chegou a mandar um repórter comprar a vacina na casa da mãe. Durante sete meses tentando vender e sequer seus representantes não eram recebidos para tratar do tema. Por conta disso, lamentavelmente, não estaremos falando em quantos mil brasileiros foram a óbito. Vamos ter que falar em milhão. Ou acelera a a vacinação ou seremos o país que quando isso acabar estaremos com um número estrondoso de mortalidade. Devo lembrar que essa minha análise não faço por conta própria. É acompanhando as informações da ciência. Os Estados Unidos já liberaram a população porque já vacinaram mais de 50%. Israel já liberou. O Reino Unido também. Isso significa liberar para o movimento da economia. Aqui no Brasil, nem tivemos uma política centralizada no comandante da nação para fazer lockdown como o mundo todo fez e nem tivemos a vacina. O presidente Bolsonaro praticou e continua praticando genocídio contra os brasileiros cometendo claramente crime contra a saúde pública. A CPI é um espelho que faz com que mais brasileiros tomem conhecimento destes fatos que, às vezes, passam despercebidos.

O senhor concorda com a tese que certos depoentes ofuscaram a verdade para blindar o presidente Jair Bolsonaro?

Eu assisto praticamente a todas as sessões. Antes da CPI ser instalada têm os vídeos e publicações com o ex-ministro Pazuello dizendo que a relação é que "um manda e outro obedece". Eles publicaram em tudo que é de ter social. Tivemos o penúltimo ministro que claramente disse que não tinha autonomia para cuidar da pandemia conforme a ciência orienta. Surgiu o gabinete paralelo que não tem como negar. Tem áudio, tem vídeo. O objetivo era imunidade de rebanho. Na prática, significa deixar todo mundo se contaminar. Quem morrer, morreu e os que se salvarem parte adquiri anticorpos. Isso é imunidade de rebanho e nenhum país do mundo adotou isso. Isso é genocídio. Tudo isso está ficando claro para o povo brasileiro. Temos obrigação de tratar com veemência essa situação e a CPI está deixando isso claro aos poucos para o povo brasileiro.

Como avalia a tentativa de desqualificar Renan Calheiros, enquanto relator da CPI?

Eu acho que eles estão no papel deles. Arrisco até dizer que as pessoas estão morrendo em grande número no Brasil e eles devem tomar um uísque para comemorar. Normalmente, o negacionista não tem respeito à vida humana. Se não tem nem a dele que deixa de usar máscara, aglomera e pratica aquilo que facilita a entrada do vírus, vai ter a quem? Eles têm que tentar desqualificar os que estão na posição de que é preciso vacina, de ter medida restritiva porque não temos vacinas suficiente ainda, manter distância social de uma pessoa para outra. É uma disputa dos que defendem a vida e os que defendem o genocídio. Neste momento, Renan Calheiros está numa posição oposta a que Bolsonaro e seus aliados genocidas estão.

A pré-candidatura de Lula tirou Bolsonaro da zona de conforto?

Eu costumo ser muito cauteloso nas análises. Lula ainda não está anunciado oficialmente como candidato, mas a gente sabe que haverá até um apelo nacional por parte de grande quantidade da população brasileira para que seja. O Brasil está indo cada vez mais para o fundo do poço. Não é só na questão da pandemia. É na questão do meio ambiente, da fome do povo e, logicamente, Lula governou transformando o menor salário mínimo em um grande salário mínimo. Quando Lula recebeu o primeiro governo o salário mínimo era US$ 64. Quando ele deixou, era US$ 340. Esse é um governo de distribuição de renda. Os mais jovens podem não lembrar, mas muitos foram às faculdades pelas cotas, muitos foram estudar fora do país pelo Ciência sem Fronteiras, muitos passaram a ter moradia, passaram a ver lâmpadas acender em suas casas com o Luz para Todos. Foi um governo transformador para o povo brasileiro. Não foi um governo extremo de esquerda, porque nenhum empresário deixou de ter lucro. Os dados mostram que nesse período muitos empresários enriqueceram ainda mais, e, mesmo assim, o povo brasileiro saiu da miséria e muitos que estavam abaixo da linha da miséria ascenderam para ter direito à moradia, saúde, luz elétrica, faculdade, lazer e constituíram uma nova classe média. Portanto, o governo Lula tem uma importância muito grande para o Brasil.

Como avalia o trabalho do governador Belivaldo Chagas frente à pandemia?

Tive uma conversa com ele e tive uma solicitação atendida para que ele reforce publicidade com relação à pandemia. Eu analisei no aspecto daqueles que tomaram a segunda dose e, por isso, não mais usam máscaras ou têm qualquer cuidado. Muita gente não sabe que, mesmo imunizado, pode se contaminar e contaminar outras pessoas, que podem ter complexidades e ir a óbito. A outra peça publicitária que pedi ao governador, e que ele concordou, foi para as pessoas que tomaram uma dose, para demonstrar que, ao tomar apenas tomar uma dose, a pessoa não está imunizada. As razões de não ter tomado a segunda dose são muitas. Às vezes se venceram pelos negacionistas e deixaram pra lá, outras vezes podem ser pessoas dependentes em termos de locomoção e alguém não levou para tomar a segunda dose. O governador teve essa sensibilidade. Logicamente, ele tem demonstrado que é um governador comprometido com o combate à pandemia e com a defesa da vida. Sem contar que o governo já tem peça publicitária mostrando sobre o número de leitos, sobre o número de medicamentos, mostrando ações emergenciais e orientado ao uso de máscara. Eu vejo o governador Belivaldo Chagas muito cuidadoso e responsável com a vida dos sergipanos.

O mesmo vale para o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira?

Se você observar, Edvaldo tem feito uma parceria com o governo. Estão afinados, o que se pode ver nos decretos de restrições. Tem o empresário que, morra quantos morrerem, ele quer contar o dinheiro e calcular o lucro, mas existem as pessoas que desejam atuar por não ter outro meio de sobrevivência. O governador fica numa situação muito difícil, mas tudo que ele pode fazer para minimizar os efeitos da pandemia ele tem feito, e Edvaldo tem seguido exatamente as decisões que o Governo do Estado está tomando. São dois administradores com o mesmo foco. Se não podem resolver a pandemia como um todo, estão fazendo o possível para que os estragos sejam os menores e que o menor número de vidas possível sejam perdidas.

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