Presidente da Câmara de Aracaju, o vereador Josenito Vitale, o Nitinho (PSD), assegura, nesta entrevista,  ser "quase impossível" o governador Belivaldo Chagas (PSD) deixar o Governo do Estado antes de terminar o mandato, para disputar o Senado, possibilitando, assim, que a vice-governadora Eliane Aquino (PT) assuma o governo. "O governador é uma pessoa muito consciente, sabe o que quer para o nosso estado e é de grupo. Se for, nós vamos ser pegos de surpresa, mas ele tem direito de ser candidato ao Senado. Mas, no primeiro momento, não vejo a possibilidade de Belivaldo ser candidato ao Senado; até porque ele é muito fiel ao agrupamento ao qual faz parte. É um cidadão desapegado ao poder e às coisas pessoais. É um cidadão que se ama também, que gosta de curtir sua família seus netos, seus filhos. Na vida tudo tem um tempo. O galeguinho é uma pessoa extremamente diferente na política", diz Nitinho.

Qual  o balanço da sua gestão à frente da Câmara de Aracaju?

Eu só tenho a agradecer a Deus; até porque, no dia que eu fui diplomado, eu tive uma notícia muito boa: a aprovação, com a nota 9.8, dada pelo Tribunal de Contas do resultado da minha gestão. Trabalhei durante quatro anos. Criei a Escola do Poder Legislativo, criei a televisão, implementei o Plano de Cargos e Salários dos Servidores da Câmara, economizei, em quatro anos seguidos, quase 90% de diárias de viagens na Casa. Estamos prontos para o concurso da Câmara, que será agora em abril. Trouxemos pra gente um projeto que fizemos junto com a Prefeitura de Aracaju de aposentadoria dos servidores da Câmara, para a própria Câmara pagar. A gente fez economia de gastos. No último ano, economizamos cerca de R$ 4 milhões. Estamos fazendo uma reforma nos três prédios da Câmara de Aracaju, que são o arquivo, o setor administrativo e o setor legislativo - e acredito que, em fevereiro, estaremos com a casa pronta para atender os novos vereadores. Também fizemos um Projeto de Lei que regulamenta a quantidade de cargos comissionados na Câmara, para que eu ou outro presidente não possa passar do limite dos cargos. Tudo isso é fruto de um trabalho que quero agradecer aos vereadores, que direta ou indiretamente contribuíram para o sucesso da gestão.

A relação com a Prefeitura de Aracaju foi dentro da sua expectativa?

É um relacionamento de muito respeito. Eu sabendo me posicionar como um presidente de um Poder Legislativo e o prefeito comandando o Executivo, mas sempre em harmonia para o desenvolvimento do nosso município. Tanto que o prefeito teve 58% dos votos válidos de Aracaju.

Mas a oposição afirma que a Câmara se aproximou da PMA além da conta...

Esse relacionamento é no mundo. Não é só um processo de um relacionamento entre os poderes. Quando assumimos o mandato de presidente foi através de um grupo político. O presidente é escolhido por um agrupamento político e deve seguir uma linha para fortalecer cada vez mais o crescimento do nosso município. Foi o que aconteceu. Eu me elegi no agrupamento do prefeito Edvaldo Nogueira e fui escolhido entre os partidos para ser o presidente. Eu não fui presidente por ser. Fui presidente por conta de um grupo onde o prefeito Edvaldo Nogueira estava liderando, e, naturalmente, estamos ali para que possamos apoiar, com respeito, e ajudar no desenvolvimento da cidade. É tanto que as coisas estão aí com grandes obras, grandes feitos que o prefeito fez. Eu não me arrependo de forma nenhuma de ser um aliado do prefeito Edvaldo Nogueira

A pandemia do coronavírus de alguma forma atrapalhou sua gestão?

Não atrapalhou. Não se pode dizer que foi um momento bom, mas necessário para tocar as obras que estão acontecendo no prédio da Câmara. Teve esse ponto positivo. As outras coisas continuaram normais.

Nitinho está trabalhando para um próximo mandato?

Depois de uma aprovação dessa dos órgãos fiscalizadores, é natural que meu nome seja provável de continuar na Presidência da Câmara de Aracaju, mas outros vereadores podem também lutar por esse pleito; que o resultado seja o melhor para o povo de Aracaju - e, principalmente, para o Poder Legislativo. Que aquele que ganhar tenha o compromisso de fortalecer cada vez mais o Poder Legislativo.

O diálogo com os vereadores o deixa otimista?

Muito otimista. As pessoas começaram a me enxergar de outra forma. Ninguém acreditava, no primeiro momento, quando eu assumi a Presidência da Câmara. Todo mundo pensava que iria ser um desastre, que Nitinho não iria conseguir fazer nada, que Nitinho tem o jeito brincalhão. Mas, na verdade, eu sei do meu papel como representante do povo de Aracaju. Continuo sendo brincalhão, mas tenho que dar uma resposta não só aos meus eleitores (os vereadores) como também à sociedade sergipana, na minha função de presidente do Poder Legislativo. Eu acho que, aos poucos, fomos criando um bom relacionamento com os vereadores. Isso é fruto de um trabalho de valorização do agrupamento da Casa. Todos são iguais no parlamento; e é assim que vamos valorizar e cada vez mais dar estrutura para que o prefeito possa ter um mandato pró-ativo para o povo de Aracaju.

O que esperar do agrupamento ao qual o senhor faz parte, no pleito de 2022?

É um grupo hoje muito forte. Não podemos desprezar a oposição, que sempre vai existir no nosso estado, mas temos nossa liderança maior, que é o governador Belivaldo Chagas, que vai ser o comandante de todo esse processo; até porque ele é o maestro dessa orquestra para 2022. Precisamos ter paciência, muita conversa, tirar os egos e ver qual o melhor nome para o povo de Sergipe. O governador é uma pessoa inteligente e vem, com muito esforço, trabalhando muito para melhora as finanças do estado, tentando colocar alguns projetos em prática. Não é fácil governar com o caixa vazio, mas Belivaldo vem tentando trabalhar e implantar sua forma de governar. Graças a Deus, as pessoas estão começando a entender. É tanto que as críticas estão diminuindo bastante e com esse maestro vamos conduzir um novo comandante desta orquestra a partir e 2022.

Edvaldo Nogueira é um pré-candidato natural ao governo?

É um candidato natural. Ele teve 58% dos votos válidos em Aracaju e é natural que ele seja um candidato fortíssimo. Mas temos outros nomes no partido, como o deputado federal Fábio Mitidieri, que é uma pessoa muito que tem uma credibilidade impressionante. As pessoas têm um carinho muito grande por ele. É um cidadão trabalhador, dedicado a vida pública e é um nome muito bom. Tenho ouvido as conversas sobre o Laércio Oliveira, que também é um grande gestor, um homem público tarimbado, experimentado. Tem também o conselheiro Ulices Andrade, que, possivelmente, poderá ser candidato. Temos quatro nomes muito bons que poderão assumir o Governo do Estado. Acho que temos que ter paciência e deixar o governador tomar essa decisão. Ninguém pode se precipitar e tomar qualquer atitude sem antes ter uma conversa com a liderança maior que é o governador Belivaldo Chagas.

O PT lançou candidatura própria a prefeito de Aracaju, e, no segundo turno, apoiou o prefeito Edvaldo Nogueira. Acredita que o PT estará neste grupo ou apresentará uma candidatura própria?

Eu acredito que, no primeiro momento, o PT tenha candidatura própria. Circulando nos interiores e em conversas de bares, até anterior a esta eleição, já ouvimos comentários que o senador Rogério Carvalho é pré-candidato ao Governo. É natural que ele queira ser e não podemos opinar sobre as decisões dos outros agrupamentos políticos. Ele faz parte do nosso agrupamento, mas ele tem uma tendência muito grande e um pedaço desse grupo já deixou nosso agrupamento e o pedaço do senador Rogério Carvalho a gente não sabe como vai se conduzir neste processo.

Há a possibilidade de o governador Belivaldo Chagas não terminar o mandato, se afastando para tentar uma vaga para o Senado. Neste caso, Eliane Aquino no exercício do mandato seria um novo nome para a disputa?

É a mesma coisa de um avião cair no mesmo lugar duas vezes. É quase impossível Belivaldo deixar o Governo do Estado. Acho muito difícil essa possibilidade até porque o governador é uma pessoa muito consciente, sabe o que quer para o nosso estado e é de grupo. Se for, nós vamos ser pegos de surpresa, mas ele tem direito de ser candidato ao Senado. Mas, no primeiro momento, não vejo a possibilidade de Belivaldo ser candidato ao Senado; até porque ele é muito fiel ao agrupamento ao qual faz parte. É um cidadão desapegado ao poder e às coisas pessoais. É um cidadão que se ama também, que gosta de curtir sua família seus netos, seus filhos. Na vida tudo tem um tempo. O galeguinho é uma pessoa extremamente diferente na política. Ele é extremamente simples, muito verdadeiro. Tudo que ele quer dizer diz na cara. Não manda recado por ninguém. Eu o vejo consciente para o que quer futuramente.

Nitinho cogita disputar uma vaga na Assembleia ou na Câmara Federal, em 2022?

Não. Eu já fui candidato três vezes a deputado. Já andei muito. Eu tenho um desgaste físico muito grande, porque vivo dia e noite na rua trabalhando. Hoje, eu não tenho tempo para dividir entre Aracaju e o interior do estado. No interior do estado fiz alguns amigos que eu gosto, mas não tenho aquele pique de quando era menino novo. Eu não vou fazer política com mentira. Eu prefiro estar onde estou. Sou muito agradecido a Deus por meus seis mandatos. Temos que apoiar a nova geração. Temos jovens com um futuro muito grande e temos que chutar a bola e deixar para o próximo, para que amanhã possam tomar conta do estado. Quem quer tudo acaba não tendo nada. Eu prefiro ter meus amigos, conservar minhas amizades, fazendo política com respeito. Eu quero ter paz. É por isso que eu ando dia e noite pelas ruas de Aracaju e não tenho problema com ninguém. Sou o amigo Nitinho. Faço minhas bondades sem saber quem é. Chegou meu tempo de preparar uma nova geração para Aracaju. Estou na Câmara e meu desejo hoje é ver o futuro de Aracaju e preparar os jovens. Tenho certeza que Edvaldo e Belivaldo vão fazer isso no futuro.

Renovação?

Temos essa função de preparar os jovens políticos. A gente tem que preparar para que eles possam entrar na política e tomar gosto para que amanhã a gente tenha um prefeito como Edvaldo Nogueira, um governador como Belivaldo, um homem como foi João Alves. Eu prego renovação. Eu estou na Câmara pelo meu trabalho. No dia que eu sentir que não dá mais para mim, eu mesmo vou sair. Mas enquanto eu ver o sorriso no rosto dos meus amigos é natural que eu permaneça na Câmara para fazer justamente o que disse: mostrar quem pode ser amanhã os futuros gestores de Aracaju. Esse é um papel dos grandes líderes. Não podemos ter vaidade de preparar a nova geração. Os grandes líderes são aqueles que têm a visão de saber passar a bola. Belivaldo e Edvaldo têm essa obrigação de preparar os líderes para o futuro o estado e não colocar qualquer pessoa que não olha o poder como coletivo. Todo mundo ganha, educação boa para todo mundo, saúde boa para todo mundo, grandes obras. Pessoas que pensem grande.