"Essa coligação com Eduardo, Edivan, Valadares é o novo", diz JB | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

"Essa coligação com Eduardo, Edivan, Valadares é o novo", diz JB
Blogs e Colunas | Joedson Telles 23/08/2020 10h11 - Atualizado em 23/08/2020 10h32

Sinceridade? Ironia? Deboche? Como o internauta definiria em uma palavra a resposta que o ex-governador Jackson Barreto (MDB) devolve, ao ser provocado, sobre a aliança política feita entre o Cidadania, o PSDB e o PSB, nas eleições de Aracaju? "Eu acho uma maravilha, uma delícia (risos). Essa coligação tem a cara do novo. Essa coligação com Eduardo, Edivan, Valadares é o novo", diz Jackson, nesta entrevista. Num tom mais duro, ele sentencia: "A coisa mais mentirosa que existe na história de Sergipe, nos últimos dias. Mas isso é bom deixar para o debate com Edvaldo, que é o candidato. Eu não sou candidato. A maior contradição é o discurso do novo com essas figuras. Essas figuras todas eram combatidas pelo que se apresentava como novo".  

O senhor assinou um artigo publicado no site Universo Polìtico sobre a usina termelétrica. O que o senhor quis passar para os sergipanos com aquele texto?

Um empreendimento desse não se estabelece num estado sem que encontre um governo de porta aberta e disposto a ser solidário e parceiro. Não se faz um investimento desse sem uma parceria reconhecida. Tudo isso o estado fez. Eu saía de Sergipe, por conta do poder público, para batalhar de porta em porta por esse Brasil. Fui para o Rio de Janeiro, para Brasília... Outra coisa que eles reconheceram é que nunca tinham tratado com o poder público de forma tão republicana como as coisas aconteceram em Sergipe. No final, eu pedi pelo Arquivo, pela Biblioteca, pelo Teatro Tobias Barreto. Quando se faz um empreendimento desses e encontra parceiros e aliados, mesmo na iniciativa privada, a primeira pergunta é como está a situação do governo, se o governo é parceiro, se está colaborando, se tem ligações com Brasília. Era Dilma a presidente na época. As portas em Brasília eram abertas para Jackson Barreto. Fui à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), em órgãos junto à ANP que trata da política mineral do país. Eu era um governador que tinha as portas abertas. Ou seja, o parceiro ideal. Não foi no governo Temer e nem no governo Bolsonaro: foi no governo Dilma, em 2016, na época do golpe. Foi o ano que fizemos o ato de início da obra. A partir do momento que eu assumi o governo, eles vieram aqui, não todo o grupo porque foi se formando aos poucos, mas os primeiros membros das primeiras empresas do grupo conversaram com Déda. Déda já estava naquela situação de saúde e passou a bola pra mim. Eu quem fui tomar todas as iniciativas fora do estado. Por isso que eu digo que fui eu. Déda recebeu eles aqui e eu toquei o barco. Déda foi se tratar em São Paulo e a história toda você sabe. Fizemos a parceria e eu contei com o governo de Dilma. Em 2016, que foi o ano do golpe, começou a construção da termelétrica. Foi num momento que se teve portas abertas do Governo do Estado e do Governo Federal. Não quero tratar se fui convidado ou não para a inauguração. É uma coisa chata, muito pequena tratar disso.

Como avalia o processo eleitoral em Aracaju?

Toda eleição é uma nova eleição. Eu acredito muito no potencial de Edvaldo Nogueira por três motivos fundamentais: os aracajuanos não vão esquecer e o debate na televisão vai lembrar como estava Aracaju e como está hoje. Não vai passar despercebido. Não que eu defenda a tese que vai se desfazer de doutor João. Doutor João, na situação que está, merece todo nosso respeito e consideração por tudo que ele fez pelo estado. A situação de Aracaju, na gestão anterior, estava desorganizada, do ponto de vista das finanças, salários atrasados. Edvaldo colocou tudo nos trilhos. O que a Prefeitura de Aracaju tem feito em termos de investimentos, nesses últimos anos, é algo extraordinário. Quando do advento da Nova República, que a gente não tem um prefeito eleito, naquele momento, Aracaju teve um volume de obras muito grande, mas não comparado com o que Edvaldo está fazendo hoje. Só esses corredores novos, eu acho que na história de Aracaju, nem se somasse três ou quatro administrações, teria tanta quilometragem em corredores, avenidas asfaltadas e drenadas. Isso sem contar com tanta obra na periferia.

Obra social...

Eu valorizo muito a administração pelo compromisso social. Eu acompanhei Edvaldo, no segundo turno, na eleição passada, e sei o compromisso que ele assumiu. Eu fico muito satisfeito quando vejo R$ 20 milhões aplicados, por exemplo, no Japãozinho, para melhorar a qualidade de vida do povo pobre. Obras no Moema Meire, no Tia Caçula, o loteamento Raposa do Sol. Eu vejo todo esse trabalho que foi feito na questão da pandemia pela Prefeitura de Aracaju. Edvaldo tem um perfil de um administrador ético. A história dele mostra isso. O discurso perfeito para o momento nós temos. Eu acho que é fazer uma boa composição, agora, neste exato momento. Os companheiros aliados tiveram consciência de que ninguém pode impor seus desejos de ordem pessoal e cada um se conscientizar  que deve deixar o prefeito à vontade para ter um vice que possa representar a modernidade neste momento. Uma proposta renovadora, mas que, ao mesmo tempo, contribua para a eleição de prefeito. Acho que deve ser por aí. Eu não digo que já ganhou e que vai ser fácil. Eu estou disposto a dar minha contribuição e ver o que posso contribuir. Muita gente falou do novo e agora está vendo o que o novo está dando.

Como avalia o discurso do novo?

Novo é a forma de pensar, a forma de falar, de discutir e debater os problemas da população. Eu acho que do ponto de vista do novo, Edvaldo está agindo cuidando de Aracaju como um todo. Isso é o novo. O novo não é só fazer discurso "eu sou o novo". Isso é um discurso oco. Na eleição passada muita gente falou no novo e agora estão com setores que não representam o novo. É verdade ou mentira? Houve vai para alguém durante a visita de Jair Bolsonaro?

Sim; para o senador Alessandro Vieira...

Mas eu não vi a imprensa comentar. Interessante, não é? Se fosse uma vaia para Jackson Barreto sairia em todos os jornais, blogs, em tudo. Uma pessoa me disse: "Jackson, foi uma vaia da porra". Eu disse: a imprensa não registrou? Que coisa mais interessante... 

Como sua experiência política vê esse vaia? Há sentido?

Eu acho que essa vaia é pelo discurso, a incoerência do novo com a prática velha. Se está sendo vaiado no início de um mandato, o povo está achando incoerente o discurso com a prática. Aí tem uma candidata a prefeita que diz que representa o novo.

O senhor acha coerente a aliança política que o Cidadania fez com o ex-deputado Valadares Filho e o ex-senador Eduardo Amorim?

Eu acho uma maravilha, uma delícia (risos). Essa coligação tem a cara do novo. Essa coligação com Eduardo, Edivan, Valadares é o novo. A coisa mais mentirosa que existe na história de Sergipe, nos últimos dias. Mas isso é bom deixar para o debate com Edvaldo, que é o candidato. Eu não sou candidato. A maior contradição é o discurso do novo com essas figuras. Essas figuras todas eram combatidas pelo que se apresentava como novo.

O senhor respondeu recentemente a pré-candidata Danielle Garcia. O que houve?

Não estou a fim de colocar Danielle em discussão, porque faz é promovê-la. As minhas respostas viram polêmicas e ela aparece. Ela é para discutir com outras pessoa da estatura dela.

Foi surpresa o racha Edvaldo x PT? 

Eu esperava que tivesse todo mundo junto porque fortalecia o discurso pra, no futuro, em 2022, a gente estar com um grupo forte, apostando em uma candidatura do campo progressista. Eu acho que quem não tiver no campo progressista, em 2022, não vai estar com a gente. Eu acho que esse grupo que está aí é herdeiro de um projeto de ideias progressistas e de compromisso social. Foi isso que motivou a unidade de tantos partidos desde a eleição de Marcelo Déda. Depois veio a minha eleição, a de Belivaldo e eu espero que o projeto continue. Essa eleição municipal é muito importante. O que vai acontecer depois eu não sei. Eu não posso falar pelos componentes do grupo. Cada cabeça é um mundo. O que que posso dizer é que Jackson Barreto, no meu projeto futuro, jamais farei aliança para fortalecer um projeto de direita em Sergipe e no Brasil. Mesmo que eu só tenha o meu voto, eu não vou fortalecer o projeto da direita nem em Sergipe e nem no Brasil.

O senhor é um político forte no chamado corpo a corpo. Como planeja fazer campanha com essa campanha?

A pandemia vai atrapalhar um pouco porque não vai dar liberdade. Eu boto uma máscara, aqueles óculos que ajuda a se proteger porque eu estou na área de risco. Eu já passei dos 70. Eu não tenho cansaço físico, eu sou disposto, eu gosto de trabalhar, gosto de estar na rua, na periferia. Eu praticamente não tive condições de ajudar e contribuir para um projeto político da campanha de Edvaldo. Eu estou disposto a dar minha contribuição e acredito muito na vitória de Edvaldo.

A eleição será decidida em dois turnos ou no primeiro turno já resolve?

Eu não quero resumir no primeiro turno porque posso parecer ser grosseiro, autoritário e menosprezar o PT. Não quero dar nenhuma declaração que ofenda o PT. O PT é o partido do presidente Lula. Podemos ter algumas divergências momentâneas com o PT aqui em Sergipe, mas o PT não é meu inimigo. Meu inimigo é a direita, é Bolsonaro, são aqueles que seguem Bolsonaro politicamente em Sergipe. Eu não tenho o PT como inimigo ou com o adversário. A gente tem divergências de momento, mas eu sou eleitor de Lula. Pra onde Lula for em 2022 será onde eu vou.

Então, o senhor acredita na pré-candidatura do PT, mesmo as pesquisas apontando os pré-candidatos Edvaldo e Danielle?

Se eu disser que a eleição é no primeiro turno é como se eu estivesse menosprezando o PT. Mas se me perguntam se vai ter primeiro ou segundo turno o que eu posso dizer é que é difícil pra eu falar. Não dá para avaliar agora. Se de antemão eu falar que o PT não tem chance eu estou menosprezando e criando dificuldade com o PT. Eu não quero fazer isso. É minha formação política-ideológica. Como eu vou humilhar um partido que eu torço para que ele seja o grande condutor de um projeto político para o Brasil no futuro? Não é coerente. Há divergências neste momento com o PT, em Sergipe, mas não chega a ser problema político nacional e nem tem nada a ver com o projeto nacional. Na minha avaliação, já chega de tanto sofrimento pra Lula. Depois dessa que você viu agora desse Palocci, que a Polícia Federal reconheceu que a denúncia dele foi falsa, e essa denúncia foi batida e rebatida pela Globo faltando cinco dias para eleição, não tem um processo de Lula que tenha sido julgado que Lula não tenha sido absolvido. Até aquele famoso processo do Mensalão, da Petrobras. Lula foi condenado no sítio que não é dele e num apartamento que é de numa cooperativa que a Globo dizia que era o triplex. Já viu cooperativa fazer triplex luxuoso? Tem a escritura do apartamento que está no nome da empresa e está alienado pela Caixa Econômica. Aí dizem que Moro condenou Lula pela interpretação. Humilharam um ex-presidente em nível internacional, um homem com uma história dessa que fez tanto por esse país, pela pobreza, pela economia. Todo mundo ganhou dinheiro nesse país. Ele foi menosprezado, humilhado e a cada dia veio uma prova que as coisas não foram verdade. Mas ele já foi preso, humilhado e ele está respondendo processo. Meu inimigo são estes que estão aí. Os militares que estão sustentando este governo, esses que sustentaram o golpe e Bolsonaro. Eu não vou colocar o PT com o meu inimigo e adversário. O PT não quis deixar o projeto unitário, mas é da vida. Desencontra aqui e encontra adiante. É possível estar todo mundo junto no segundo turno.

Em 2022, Jackson Barreto será candidato?

Não está nos meus planos. Agora, não se pode fugir porque, de repente, 2022 é uma outra realidade. Ninguém esperava o que aconteceu com Lula e com a sucessão passada. Ninguém esperava o golpe em Dilma, ninguém esperava esse filha da puta desse assaltante chamado Temer, que Bolsonaro ainda manda representar no Líbano. É uma vergonha um homem pedir licença a Justiça para sair do país. Eu preferia ficar quieto a ter que dar conhecimento ao público que para sair do país eu tive que pedir autorização da Justiça. Um ex-presidente da República? É assim que Temer está me pagando. Esse vagabundo. Por toda a perseguição que ele fez ao nosso governo. Eu me lembro de ter lutado tanto para fazer o projeto da recuperação das rodovias de Sergipe e ele botou o dedo pessoalmente. Eu tenho raiva desse cara quando eu me lembro. 

Então, uma candidatura sua vai depender da conjuntura?

A conjuntura no momento é quem vai dizer. Não em chapa majoritária. Não tenho planos, mas vou esperar a conjuntura do momento. Vamos ver o que vai acontecer em Sergipe e no Brasil até 2022. Muita água vai rolar ainda. Agora acho que os setores de esquerda, em Sergipe e no Brasil, não podem subestimar nem a direita e nem a pessoa de Bolsonaro. Não tem nada na cabeça, não diz nada com nada, não sabe nem o que é termelétrica, não sabe discutir gás, petróleo, não sabe discutir a importância de gerar 15% da demanda de energia do Nordeste. Não sabe nada. O discurso dele. É preciso a imprensa dizer isso, mas não diz. Passa para o povo a ideia que ele fez um discurso. Nenhum de vocês da imprensa toma a iniciativa de que não é possível um presidente da República chegar aqui para inaugurar uma termelétrica, passar para inciativa privada o projeto da Fafen, de fertilizantes, passar a Petrobras, e não diz nada com nada, não fala nada. E vocês da imprensa nada também. Era pra ele sair de Sergipe com a imagem que não disse nada, não fez nada. Veio passear. Onde foi que ele gastou um tostão em Sergipe? A visita dele é nefasta, negativa porque é o governo dele que está acabando com a Petrobras em Sergipe no momento que a empresa em Sergipe apresenta aquele trabalho de José Eduardo Dutra, que fortaleceu os campos de terra que rejuvenesceu tudo e começaram a produzir mais ainda nos campos de Carmópolis, Siriri e Riachuelo e agora tivemos a descoberta de petróleo da melhor qualidade em águas profundas. Entregam tudo isso a iniciativa privada e o estado de Sergipe ao invés de ter duas grandes vertentes da economia, o gás e o petróleo, vem a termelétrica gerando energia, Sergipe está numa boa fase, mas perde graças ao governo de Bolsonaro. O que restou da visita do presidente? Um tostão não deu para termelétrica. A Fafen passou para a iniciativa privada. Acabou com a Petrobras em Sergipe. 

 

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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