Médico sergipano fala da experiência de atuar em SP durante a pandemia | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

Médico sergipano fala da experiência de atuar em SP durante a pandemia
Blogs e Colunas | Joedson Telles 31/05/2020 09h15

O médico sergipano Klisman Alves de Melo conta, nesta entrevista, como tem sido a experiência de trabalhar em São Paulo, epicentro da pandemia do coronavírus no Brasil. Referindo-se ao país, ele lamenta que o distanciamento social seja ineficiente e reprova um sistema de saúde pública que descreve como combalido por décadas de falta de investimentos, gestões incompetentes e corrupção. O médico também critica o comportamento do presidente Jair Bolsonaro, reforça a importância do isolamento social e ratifica o alerta sobre a grave situação do país, onde testar pacientes soa artigo de luxo. “Os EUA têm taxa atual de 50 mil pessoas testadas a cada 1 milhão de habitantes, no Reino Unido a taxa é 56 mil por milhão, na Rússia temos uma taxa de 64 mil, na Espanha a taxa é de 76 mil, no Brasil, 4,2 mil. Testamos muito pouco, mesmo assim somos o segundo país no mundo com mais casos notificados e quinto em número de óbitos”, salienta o médico.

Como tem sido a experiência de trabalhar como médico em São Paulo - epicentro da pandemia de coronavírus, no Brasil?

Primeiramente, gostaria de agradecer imensamente ao espaço me concedido neste importante canal de comunicação¬ para responder a estes questionamentos e emitir meu ponto de vista acerca destes temas, trazendo também embasamento científico e fontes de imprensa sempre que necessário no decorrer dos questionamentos. A Covid-19 trouxe uma nova experiência de vida a todos. Estando na posição de médico, a experiência é diferente de tudo que já vivenciei em meus anos de formado, afinal precisei estudá-la enquanto atuo. Uma doença nova é sempre cercada de inúmeros questionamentos e poucas respostas, ainda mais quando esta doença é de caráter infectocontagioso, com fácil transmissão entre humanos. O fluxo de atendimento hospitalar mudou bastante, após a chegada do vírus. Os atendimentos de queixas respiratórias passaram a ser predominantes, repercutindo diretamente no número de internações em enfermarias e UTIs, bem como no número de óbitos. Hoje temos inúmeras enfermarias e UTIs exclusivas para Covid-19 Brasil afora, não sendo diferente em São Paulo. Os plantões têm sido muito cansativos, não só pelo fluxo de pacientes, mas também pelo alto nível de concentração exigido por parte do médico para identificar sinais e sintomas que indiquem doença grave já instalada ou se instalando. Além disso, há os cuidados frequentes (quase em atos compulsivos) de higienização das mãos e contatos com EPIs (equipamentos de proteção individual – como máscaras, aventais, luvas, óculos, dentre outros) ou materiais contaminados. Exaustões física e mental são comuns após cada plantão.

Como lida com o receio de ser infectado enquanto ajuda um paciente?

O medo existe, a preocupação é real. Tenho esposa em casa me esperando, me infectar representa risco não só para mim, mas para ela e para todos os pacientes que atendo e demais colegas de trabalho. Hoje trabalho num lugar que me oferece condições adequadas de suporte para EPIs e estrutura hospitalar, minimizando estes riscos, mas sei que esta realidade é diferente em muitos locais. O CFM (Conselho Federal de Medicina) emitiu, em 15 de maio, um levantamento acerca do número de denúncias de “inconformidades na infraestrutura de trabalho” por médicos que atuam em locais que prestam atendimento a casos suspeitos e confirmados de Covid-19. São mais 17 mil denúncias ao total, destas: 38,2% representam “falta de EPI” e 13,5% “falta de material para higienização”. Estas representam o aumento direto do risco de infecção por parte de toda a equipe de saúde. Há ainda a falta de recursos humanos, que representou 13,7% do total de denúncias, elevando assim a carga de trabalho para o profissional que está atuando, aumentando o risco indiretamente. Já são mais de 120 médicos mortos por Covid-19 no Brasil, segundo o Sindicato dos Médicos de São Paulo.Vale a lembrança que estes são dados do CFM, ainda há as denúncias pelo corpo de enfermagem ao seu órgão de classe.

Quando a gente vê as pessoas nas ruas desrespeitando medidas de isolamento social temos a certeza que muita gente ainda subestima o vírus. O senhor sente que isso muda quando essas pessoas são diagnosticadas com a Covid-19? A maioria tem discernimento que pode entrar no hospital com vida e sair num caixão?

Muda totalmente. Infelizmente, o brasileiro é muito individualista. Entender além da própria existência e perceber o perigo coletivo não é regra aqui, logo o que vemos é a descrença na gravidade da doença e em suas recomendações de cuidados para controle. Muitos só passam a enxergar os mais de 28,8mil mortos e quase 500 mil infectados que temos hoje (sábado dia 30 de maio) quando um destes é um amigo, familiar ou o próprio, até lá, são só números sem rosto. A percepção da gravidade normalmente se materializa quando há a busca por atendimento médico hospitalar. Este ponto costuma ser um divisor de águas na vida da maioria destes pacientes, ainda assim, mesmo doentes em busca de atendimento, muitos não acreditam que a doença possa evoluir, ficar grave e matar. Inúmeros fatores estão por trás deste entendimento errôneo.

Pegando São Paulo como base, é possível avaliar em que estágio o Brasil se encontra, e, assim, estimar quando a vida começará a voltar ao normal? Ou isso só será possível quando uma vacina for descoberta?

Doenças infecciosas de surto como a Covid-19 têm um comportamento muito dinâmico porque dependem basicamente de alguns fatores: população exposta (não imune), população imune,transmissibilidade, capacidade de identificar e isolar doentes e contatos e tratamento/imunização. A duração destas doenças está relacionada a como estes fatores se equilibram e são controlados. Perceba que nós podemos interferir diretamente em alguns deles. Identificar e isolar doentes e contatos só depende de ações eficazes do sistema de saúde. Controlar a população exposta, ou seja, aquela que pode adoecer, do distanciamento social. Tratamento/imunização, do avanço das pesquisas científicas, apesar de ser mais complexo e não tão alcançável em curto prazo quanto os anteriores. Já a transmissibilidade é uma característica imutável, inerente ao vírus por suas características biológicas. Desta maneira, quanto mais eficazes e precoces forem as intervenções nos fatores mutáveis, mais rapidamente controlamos a doença e “voltamos ao normal”. No Brasil, ainda não temos a certeza se chegamos ao pico de infecções diárias e mortes porque nossos dados oficiais, além de subestimados, são atrasados em demasia. Nossos números de hoje refletem, em sua maioria, mortes e diagnósticos de casos ocorridos há algumas semanas, prejudicando demais ações de planejamento de cronogramas e estratégias futuras. Como voltar ao normal em 15 ou 30 dias, se sequer sabemos como estamos hoje? A “volta ao normal”, sem dúvidas, é o maior desejo do mundo hoje, mas até mesmo nos países que estão retomando suas atividades de rotina essa volta está diferente. Medidas de higiene, distanciamento e uso de máscaras continuam presentes em todos os locais, isto se deve ao receio de uma nova onda de infecção. A atual ausência de uma vacina para a Covid-19 impede a imunização em massa da população; logo, a quantidade de pacientes imunes é diretamente proporcional a quantidade de pacientes que se infectam, pois, em tese, os recuperados da doença é que estão imunes. Por que “em tese”? Porque, até agora, a ciência não conseguiu comprovar se o paciente recuperado desenvolve anticorpos (e fica imune) de forma temporária ou definitiva. Lembremo-nos que este é um vírus novo, não sabemos seu comportamento a médio/longo prazo, logo não sabemos se ele vai se comportar de forma parecida com os vírus da família Influenza, que sofrem constante mutação e necessitam de vacinação anual para assegurar titulação suficiente de anticorpos para prevenção e coberturados subtipos mais frequentes a cada ano.

Quais as principais lições que os países que combateram o problema de forma mais eficiente dão ao Brasil, neste momento? Estamos no caminho certo?

De maneira geral, os países que melhor controlaram a pandemia foram os que estabeleceram medidas mais eficazes de distanciamento social, índices satisfatórios de testagem para detectar doentes e assintomáticos de forma precoce para isolá-los – bem como as pessoas com quem tiveram contato, capacitação e expansão do sistema de saúde e políticas públicas de auxílio econômico à população e empresas. Cada país tem suas particularidades e elas devem ser levadas em conta ao definir estratégias de combate a Covid-19. Alguns não adotaram medidas oficiais de distanciamento rígidas, mas o nível educacional de suas populações contribuiu para a ausência de aglomerações, uso correto e frequente de máscaras e higienização das mãos e superfícies. Em alguns países como Japão, China e Coreia do Sul, o uso de máscaras já era comum antes desta pandemia. Em alguns, o auxílio econômico às pessoas e empresas superou a casa dos trilhões de dólares, com governos anistiando impostos, adiando prazos de pagamentos, assumindo dívidas e folhas de pagamento de empresas, dentre outras medidas. Já outros obtiveram números expressivos na testagem populacional. Segundo dados do Projeto Corona BR disponíveis na plataforma da rede social Reddit, os EUA têm taxa atual de 50 mil pessoas testadas a cada 1 milhão de habitantes, no Reino Unido a taxa é 56 mil por milhão, na Rússia temos uma taxa de 64 mil,na Espanha a taxa é de 76 mil, no Brasil, 4,2 mil. Alguns destes países ainda consideram as taxas de testagem baixas para o panorama geral. Diante destas informações percebemos como a situação do Brasil é grave. Testamos muito pouco, mesmo assim somos o segundo país no mundo com mais casos notificados e quinto em número de óbitos. Temos um distanciamento social ineficiente e um sistema de saúde pública combalido por décadas de falta de investimentos, gestões incompetentes e corrupção. A falta de coesão nas posições e ações dos entes administrativos nas três esferas de poder aumenta o acirramento dicotômico ideológico que tomou conta do Brasil nos últimos anos contribuindo fortemente para a descrença na doença e sua gravidade por parte considerável da população. Enquanto isso, vemos a expansão da capacidade de atendimento do sistema de saúde ser constantemente negligenciada e ligada a esquemas de superfaturamento de obras na ausência de licitações permitida por lei em situações de emergência/calamidade pública. Nosso caminho é tenebroso, infelizmente.

A principal recomendação médica continua sendo o isolamento social? O que mais aconselha, neste momento?

Sim, esta continua sendo a principal recomendação médica. Enquanto não obtivermos respostas cientificas positivas nas diversas pesquisas sobre tratamentos e vacinas que estão sendo realizadas mundo afora, a melhor forma de lidar com a doença é não se expor ao vírus. O distanciamento social continua sendo fundamental. As demais recomendações estão ligadas à boa alimentação, se manter bem hidratado, procurar fazer atividades físicas, mesmo dentro de casa, e ter boas noites de sono. Assim é possível estar em boas condições de saúde, com o sistema imunológico atuando de forma mais eficiente e preparado.

Como avalia o comportamento do presidente Jair Bolsonaro diante da gravidade do problema?

Bolsonaro foi eleito o pior líder mundial no combate a pandemia pelo jornal americano The Washington Post e suas ações e falas que justificaram este título são inúmeras. Desde o início dos casos, a doença foi constantemente negligenciada e, muitas vezes, ridicularizada. Quantas vezes o ouvimos falar em “gripezinha” ou “resfriadinho”? A realidade bateu à porta do Brasil com velocidade e impactos absurdos. Rapidamente vimos algumas cidades e estados decretarem colapso do sistema de saúde, no entanto o presidente Jair Bolsonaro continuou (e continua) menosprezando a doença e seus impactos e desrespeitando recomendações das autoridades de saúde do Brasil e do mundo. Recolhido a sua ótica lunática e obscurantista, movida pelo conflito e pela paranoia de perseguição, classificou recomendações de distanciamento social por autoridades municipais e estaduais como autoritárias e desrespeitosas com o “direito de ir e vir”. Desobedeceu por diversas vezes o distanciamento social, inclusive quando deveria obrigatoriamente tê-lo cumprido – quando teve contato direto com vários indivíduos de sua comitiva que testaram positivo para Covid-19, após viagem aos EUA, em março. Fez insinuações e acusações infundadas à OMS. É grande incentivador de aglomerações, inclusive durante atos antidemocráticos. Estas e outras questões o fizeram entrar em crise (não somente) com ministros de saúde e, desde o início dos casos aqui, dois já passaram pela cadeira. Hoje temos um general das forças armadas, sem qualquer formação em saúde, ocupando o cargo de forma interina há duas semanas. Saindo da esfera da saúde, sua atuação continua desastrosa. Enquanto afirma que o país não tem dinheiro, usando com frequência a expressão: “o efeito do remédio não pode ser pior que a própria doença”, mais de R$ 1,2 trilhão foi destinado em auxílio financeiro a bancos, boa parte sendo usada para repasse de linhas de crédito ao povo, dentre outras ações, simultaneamente propunha um auxílio emergencial de míseros R$ 200,00 mensais para autônomos e trabalhadores informais, totalizando R$ 15 bilhões em três meses. Por intervenção do Congresso Nacional, a negociação terminou em um auxílio de R$ 600,00 mensais podendo variar em algumas situações. Não bastando, em virtude dos inúmeros problemas para cadastro dos aptos a receber a ajuda financeira, da demora no pagamento e da pobreza de informações sobre os motivos dos problemas ocorridos, milhares de brasileiros se amontoaram em filas gigantes nas portas de bancos se expondo ao risco de infecção. Apesar da criação de programas de auxílio ao ramo empresarial e do repasse de verbas públicas a estados e municípios, os números da atuação do governo federal se mostram percentualmente pequenos perto de outros países. Enquanto os EUA usariam até 12% de seu PIB no pacote de contenção da crise, Reino Unido até 17%, o Brasil não passou de 3%, segundo levantamento do Observatório de política fiscal, ligado ao Instituto Brasileiro de Economia divulgado no fim de março. Dados do Tesouro Nacional Transparente mostram que o Governo Federal havia gastado, até o fim de abril, cerca de 23% da verba total de R$ 253 bilhões destinada a ações de combate ao coronavírus. Enquanto Bolsonaro propõe a retomada imediata das atividades econômicas e isolamento apenas dos grupos de risco, o chamado “isolamento vertical”, a realidade do povo brasileiro se apresenta da seguinte maneira: apenas 4,3 dos 28 milhões de idosos do Brasil moram sozinhos, o restante divide teto com pessoas não idosas – ou seja, expostas; 50% da população vive com uma renda média mensal inferior a R$ 500,00 segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua), publicada em outubro de 2019; ainda segundo a Pnad Contínua, mais de 11 milhões de pessoas moram em casas superlotadas (mais de 3 pessoas por cômodo); 33 milhões de brasileiros não tem onde morar, segundo levantamento da ONU em 2019.Todos estes números evidenciam o desprezo e desconhecimento com que o tema (e o povo)vem sendo tratados.

E do governador João Doria?

A atuação de João Dória se deu de forma diametralmente oposta a de Bolsonaro, principalmente sobre o comportamento e entendimento geral da doença, sua gravidade e de seus impactos. Assim que o primeiro brasileiro foi diagnosticado pelo Hospital Albert Einstein, em 16 de março, o governo estadual criou um comitê de crise para instituir políticas públicas de combate e prevenção ao coronavírus. Assim como Bolsonaro, criou programas de auxílio financeiro a empresas. Buscou ampliação da capacidade de leitos do sistema de saúde que, somente agora, está se aproximando de níveis perigosos de lotação. Fora da atuação administrativa de fato, sempre se mostrou alinhado e defensor das medidas e estratégias adotadas pelos órgãos de saúde no Brasil e no mundo, em especial pela OMS. Porém, como parece ser regra no Brasil, algumas de suas medidas têm sido muito questionadas e criticadas, em especial os gastos públicos com a compra emergencial de respiradores mecânicos – alvo inclusive de investigação pelo Ministério Público Estadual – e montagem de hospitais de campanha, bem como o plano de reabertura econômica do Estado em etapas. A capital, que tem 92% dos leitos de UTI públicos ocupados, bateu recorde de mortes e novos casos diários em 28/05, mas shoppings centers e outros tipos de serviços serão reabertos a partir da próxima semana, medida, no meu ponto de vista, inadequada, precipitada e irresponsável. Apesar de apresentar a melhor estrutura de saúde do país e maior número de leitos de enfermaria e UTI, os níveis de ocupação se aproximam perigosamente do limite máximo e a testagem, apesar de ter melhorado, ainda é muito aquém do que de fato precisamos para ter certeza do nível de acometimento viral nas cidades antes da reabertura econômica. Tais medidas não coadunam com o panorama atual e do futuro próximo.

O que o senhor pensa sobre a ideia da prescrição médica da cloroquina para pacientes com Covid-19?

A cloroquina é uma mundialmente conhecida, há décadas, usada no tratamento de malária e doenças reumatológicas como artrite reumatóide. Já foi pivô de discussões semelhantes em pandemias anteriores. Estas discussões acontecem porque esta medicação – e sua derivada direta, menos tóxica, a hidroxicloroquina – se mostraram promissoras em testes “in vitro” (células em laboratório) para diversas doenças virais. Foi assim com a Dengue, Zika, SARS, MERS, Ebola e Chikungunya. Porém, quando os testes evoluíam e chegavam às fases “in vivo”(testes em animais) o que era promissor virava decepção ou temor, como no caso da Chikungunya, onde se comprovou que a cloroquina aumentava a carga viral. Não diferente, a esperança de um tratamento eficaz para a infecção pelo Sars-Cov-2, vírus causador da Covid-19, levou a ciência a retomar as discussões sobre a cloroquina, porém, mais uma vez, os resultados dos estudos mais bem elaborados e publicados nas mais conceituadas revistas médicas, apontaram para ineficácia do uso, alguns deles até para o aumento no risco cardiovascular e morte nos pacientes que usaram. A polêmica estaria resolvida caso a discussão ficasse apenas nas evidências e contestações científicas, restritas ao academicismo, porém, o rumo tomado foi outro. Líderes mundiais, sem nenhum conhecimento científico ou formação em área de saúde, passaram a atribuir a esta droga a capacidade de cura da doença, politizando assim o tema. De forma irresponsável, estes líderes, em especial Donald Trump (EUA) e Jair Bolsonaro (Brasil), passaram a intimidar e pressionar seus órgãos de controle e saúde para usar a medicação de forma generalizada na população, ignorando todo o conhecimento científico cujas respostas de pesquisas sobre fármacossão embasadas em protocolos rígidos de controle e qualidade. Desta maneira, incutiram na cabeça de seus mais fanáticos seguidores seus discursos anti-ciência em busca de manter um status de popularidade e de “salvadores” do povo, com claros objetivos políticos. Assim põe em risco milhões de pessoas e quem se mostra contrário à ideia é taxado de inimigo da verdade, cultuador do caos e, no Brasil, comunista. O grande ponto disso tudo é que no resto do mundo, mesmo nos EUA, essa discussão já não existe mais. Inúmeros países que usaram a cloroquina, estão retirando-a de seus protocolos de tratamento após a publicação de vários estudos, especialmente do mais robusto estudo publicado pela The Lancet, que analisou dados de internações de mais de 96 mil pacientes por todo o mundo, apontando como resultado a ineficácia destas drogas, com ou sem associação a macrolídeos (classe de antibiótico), em reduzir internação hospitalar, evolução para casos graves e óbitos.Porém, no Brasil, ela ainda é veementemente defendida pelo governo que recentemente, através do ministério da saúde, formulou um protocolo de uso amplificado destas drogas. A divergência de ideias sobre o uso destas medicações entre o planalto, na figura de Bolsonaro, e ministros da saúde foi um dos principais motivos da queda dos dois ministros da saúde médicos que tivemos durante a pandemia. A Cloroquina, aqui, é o novo nióbio.

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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