População reconheceu legado de Déda mais em Edvaldo do que no PT, afirma parlamentar | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

População reconheceu legado de Déda mais em Edvaldo do que no PT, afirma parlamentar
Blogs e Colunas | Joedson Telles 02/05/2021 09h46

Neste domingo, dia 2, o vereador Ricardo Vasconcelos (Rede), referindo-se à eleição de 2020, em Aracaju, afirma que o candidato do PT, Márcio Macedo, falava sobre o legado do saudoso Marcelo Déda (PT), mas a população mostrou nas urnas que reconhecia mais o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) e seu grupo como representantes deste legado. Ricardo fala também do seu trabalho na Câmara de Aracaju, dos objetivos da Rede Sustentabilidade, da pandemia e faz duras críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro. "É merecedor de todas as críticas que recebe. Não só da pandemia, como de suas tentativas de interferência nos outros poderes. A política ambiental é uma tragédia reconhecida internacionalmente... O Brasil, hoje, está pagando pela ambição pessoal de um presidente que disse que iria cuidar das famílias, mas a única família que ele cuida é a dele mesmo", diz o parlamentar. 

Quais as principais ações do seu mandato, até o momento?

Na Câmara de Vereadores de Aracaju, eu participo da Comissão de Justiça e Redação, que é a comissão que analisa a constitucionalidade das proposituras de todos os vereadores e vereadoras, antes que essas sejam apresentadas para votação na casa. Essa comissão é muito importante, porque ajuda a melhorar os projetos de todas e todos nós. Dá porta para fora, eu estou voltando a todos os bairros da cidade - um por um; independente da votação que tive, estou dialogando com a população. Por isso mesmo apresentei inúmeras indicações de obras e outras melhorias para os bairros. Um mandato tem que ser uma via de mão dupla para conversar com a sociedade. Nós não podemos nos limitarmos a ficar sentados em uma cadeira na Câmara ou no mundo virtual, como tem sido o caso das sessões remotas. Quem sabe onde estão os problemas imediatos é a população dos bairros. Esta entrevista que eu estou dando, e desde já agradeço o espaço, é parte do trabalho parlamentar. Precisamos divulgar nossas ações e os canais de diálogo para que as pessoas saibam que elas devem falar das suas aflições, para que busquemos resolver tudo juntos. Temos tentado fazer um mandato cada vez mais interativo com a população da nossa cidade.

A pandemia prejudica os trabalhos na Câmara de Aracaju?

Se falarmos da dinâmica do trabalho, dividindo em pronunciamentos e proposituras, não. A assiduidade nas sessões virtuais é alta por parte de todos os vereadores. Estamos aprovando projetos e fazendo pronunciamentos importantes. O trabalho parlamentar está sendo bem feito. Mas confesso que essa situação remota que a pandemia nos colocou me incomoda muito. Eu sou um homem das massas. Eu gosto de olhar no olho das pessoas quando eu falo. Não faço discursos ensaiados ou escritos por outras pessoas. Eu falo com o coração. Estar de frente para um computador ou uma câmera de telefone celular nunca será a mesma coisa que interagir ao vivo com os colegas. Nesse meio tempo, vamos dando o máximo de aproveitamento que podemos às sessões e ao espaço de interação com os colegas vereadores e vereadoras. Espero que essa pandemia passe logo e que nossas vidas e nossos trabalhos retornem ao normal.

A Rede declarou voto crítico ao então candidato Edvaldo Nogueira, nas últimas eleições, para prefeito de Aracaju. O seu mandato tem sido também esta linha?

Se você pegar a minha trajetória política, eu sempre estive ao lado de Déda, Zé Eduardo e Edvaldo. Os três eram os cabeças desse projeto político que hoje é dirigido por Belivaldo Chagas. Mas, cada eleição é uma eleição. Nesta, o meu partido decidiu apoiar o candidato do PT, que também falava sobre o legado de Déda. Mas a população mostrou nas urnas que reconhecia mais Edvaldo e seu grupo como representantes deste legado. Sou um homem de grupo e meu grupo na Rede havia escolhido o lado de Márcio Macedo. Fui fiel durante o primeiro turno. No segundo, decidimos encaminhar para o voto crítico e eu estive na rua, bem à vontade, defendendo o que eu entendia que era melhor para a nossa cidade: a continuação do governo Edvaldo. Por isso mesmo, e porque sempre estive do mesmo lado que ele, hoje faço parte da base de sustentação do prefeito, com a certeza de que nunca traí nem trairei as minhas convicções. Precisamos de uma cidade mais humana, mais socialmente igual e com justiça social.

A CMA tem focado os temas mais importantes, na sua ótica, ou há demandas pendentes?

Nessa época de pandemia, a Câmara tem focado nas medidas de enfrentamento à pandemia. Como todos sabem, recentemente revisamos e aprovamos o projeto de Lei do Executivo que criou os programa social AME (que contempla o Auxílio Emergencial Municipal e a Remissão do IPTU). Mesmo antes dessa lei, diversos membros do parlamento haviam feito indicações ao prefeito neste sentido. Eu mesmo, por exemplo, fui autor da indicação da remissão do IPTU. Estamos focados em trabalhar em equipe, tanto internamente como com o Poder Executivo, para, ao máximo, amenizar os efeitos da crise criada pela pandemia. Eu fui autor de uma emenda ao projeto, do vereador Fábio Meireles, que pune com mais severidade os postos de gasolina que adulterarem combustíveis. Nesse momento de crise esse projeto é fundamental para proteger o cidadão que, sobretudo, usa o seu carro para trabalhar ou mesmo que esteja passando por dificuldades financeiras. Já apresentamos projetos que visam a regularização fundiária em nosso Município e outro que visa reduzir o uso de embalagens de plástico em nossa cidade. Não tenham dúvida de que estamos trabalhando muito e de que faremos muito mais.

O que esperar da Rede nas eleições 2022, em Sergipe?

A Rede Sustentabilidade é um partido em reconstrução. Por isso mesmo é o partido que mais cresce em Sergipe e no Brasil. Em 2020, mesmo com vários membros que saíram do partido, nós conseguimos eleger um vereador na capital. Esse mérito não foi apenas meu, foi de todo o partido. Apesar de não termos muitos recursos financeiros nem tempo de TV, nós atingimos a meta de 2% dos votos em Sergipe. Isso é um passo muito importante. Em 2022, nós queremos bater a clausula de barreira para que o partido continue existindo e para que tenhamos acesso ao Fundo Partidário. Assim, vamos construir um partido cada vez maior. Mas, nossa principal meta é atingir um estado de diálogo permanente com a sociedade. Por isso mesmo, o partido em nível nacional, municipal e estadual está em diálogos com vários nomes que compõem o campo progressista. Em 2022, seremos oposição ao atual Governo Federal. Não podemos concordar com um projeto de não-nação. Não podemos concordar com um presidente que bate continência à bandeira de outro país e que não faz o mínimo para proteger as nossas vidas e os nossos empregos. O objetivo da Rede é ter um projeto consolidado de candidaturas à Câmara Federal e a Alese. Os demais cargos não estão em nosso horizonte no momento. Isso é o que foi pactuado recentemente entre os diretórios de Sergipe e a direção nacional, representada por nossos dois Porta-vozes (Presidentes) Heloísa Helena e Wesley Diógines.

O senhor defende que o partido esteja no palanque do candidato do governo, da oposição ou que apresente um nome próprio à sociedade, para governar Sergipe?

Não faria sentido estarmos no palanque de quem usou a Rede para se eleger e depois abandonou o partido. Se saiu, imagino, é por não concordar com os rumos que o partido tem nacional e localmente. Falo por mim que não me sentiria bem ao lado de quem indicou voto em Bolsonaro e vive votando em projetos que atacam os direitos dos trabalhadores e dos cidadãos como um todo. Quanto aos nomes da situação que estão postos e propalados por aí, acho que ainda é muito cedo para falar, já que nem eles mesmos falam publicamente sobre as suas candidaturas. O que eu posso afirmar é que iremos ao palanque de algum candidato que tenha projetos concretos, principalmente, pautado em um projeto de Estado, baseado no desenvolvimento sustentável. As pessoas já não aguentam mais a política de sempre, cheia de promessas mirabolantes e que na prática nunca são cumpridas. A gente precisa, antes de tudo, trabalhar com a realidade local sem perder de vista o nosso projeto de país.

Há a necessidade de abrir uma CPI da Covid-19 também em Sergipe, em Aracaju, na sua opinião? Como o senhor avalia o argumento que seria uma CPI para tirar o foco do presidente Jair Bolsonaro, expondo governador e prefeito?

Não vejo necessidade de se abrir uma CPI da Covid na esfera estadual ou municipal. Nós, vereadores e vereadoras, estamos acompanhando de perto o andamento da vacinação e a aplicação dos recursos. O Governo do Estado e a Prefeitura são os maiores interessados que a vacinação acelere, principalmente pela pressão que eles recebem. Além dos vereadores, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e outros órgãos fiscalizadores também estão acompanhando de perto a gestão dos recursos. Na verdade, entendo que, enquanto não temos nenhuma irregularidade, precisamos é reunir forças para que as atividades econômicas retornem à normalidade. No meio disso tudo, todos colaborando para achar a melhor solução para a crise sanitária. O que está acontecendo é um problema nacional agravado pelas falhas do Governo Bolsonaro. Para isso serve a CPI do Congresso Nacional. Estados e Municípios já serão, de certa forma, investigados por meio dos repasses que receberam para combater a pandemia. Repito, se houverem denúncias concretas, é nosso dever fiscalizar. A sociedade não é boba. Apesar das fake news, as pessoas estão muito bem informadas sobre o que está acontecendo em Sergipe, no Brasil e no Mundo. Outro dia tive audiência com a Secretária Municipal de Saúde, Waneska Barboza, e pude constatar o trabalho que está sendo feito. Como eu disse nas redes sociais, o que precisamos agora é de “vacina no braço e comida no prato!”. Não precisamos de uma CPI Municipal ou Estadual para fazer proselitismo político. Precisamos é de mais vacinas para que possamos acelerar a imunização de todas e todos os aracajuanos para ontem! Para já! Vacina já!

O presidente, então, merece as duras críticas que recebe pela forma como o seu governo enfrenta a pandemia?

Infelizmente, o presidente Jair Bolsonaro é merecedor de todas as críticas que recebe. Não só da pandemia, como de suas tentativas de interferência nos outros poderes. A política ambiental é uma tragédia reconhecida internacionalmente. Não há cabimento em um país do tamanho do nosso que o mandatário maior faça piadas ou pouco caso, quase todos os dias, com a pandemia. Isso não acontece em nenhum outro lugar do mundo. Se você pegar outros Governos Conservadores como o de Israel, por exemplo, o Premier local fez campanha pela vacinação e vacinou-se, sem furar fila, logo que a sua idade permitiu. Enquanto isso, aqui, o presidente falou que quem se vacinar poderia virar Jacaré. Esse discurso, para além de infantil, é de uma desonestidade macabra. Chegamos a marca horrorosa de 400 mil mortos no Brasil. O número é tão grande que nós temos que dar exemplos para poder mensurar. São 5 Maracanãs lotados de gente morta. É como 20% dos Sergipanos tivessem perdido a vida. E o que faz o Presidente? Desacredita a vacina e dificulta a vacinação. Não quero aqui fazer juízo de valor para não parecer que estou tentando politizar os cuidados com a saúde. Mas, o Congresso Nacional vai poder elucidar todas essas dúvidas com a CPI da Covid. De antemão, um político tem que dar exemplos bons e não andar por aí montando aglomerações, bem como colocando a sua vida e a de outras pessoas em risco. Eu mesmo sou contra aglomerações e ando sempre de máscara, no trabalho ou na vida pessoal. Precisamos, urgentemente, de representantes com um projeto progressista de país. Precisamos reconstruir o Brasil pós-Covid e pós-Bolsonaro.

O que a Rede vem discutindo sobre as próximas eleições presidenciais? O que o partido pretende, neste pleito?

Ainda não estamos discutindo intensamente as eleições para presidente. Estamos focados em bater a cláusula de barreira para que nosso partido continue nas disputas eleitorais. Tenho certeza de que vamos chegar a esses números com a colaboração do eleitorado sergipano. O que nos interessa, hoje, em termos de Brasil, é, mais do que uma candidatura própria, estar no palanque de quem defenda as nossas bandeiras (sustentabilidade e probidade no setor público) como prioridade. Estaremos junto de um projeto nacional desenvolvimentista. Precisamos de um projeto nacional que coloque o país, pelo menos, onde ele já esteve: a sexta economia do mundo. E, claro, precisamos de um Presidente que defenda a democracia acima de tudo. As democracias no Mundo inteiro precisam ser alimentadas.

Das quais qualidades o eleitor não pode abrir mão, na hora de escolher o próximo presidente da República, levando em conta o caos que o Brasil se encontra, sobretudo devido à pandemia?

Eu vou até responder essa sua pergunta como eleitor. Eu vou buscar um candidato ou candidata que seja progressista e que tenha um histórico em defesa do Estado Democrático de Direito. Uma pessoa que não tenha sido um inútil na vida pública e que não tenha como único ideal o seu projeto político pessoal. O Brasil, hoje, está pagando pela ambição pessoal de um presidente que disse que iria cuidar das famílias, mas a única família que ele cuida é a dele mesmo. Precisamos, mas do que nunca, de alguém com visão de futuro e boas relações internacionais. O Brasil como está não irá sair dessa crise sozinho. Não somos uma ilha. Precisamos voltar a ser o país líder da América Latina e que fala de igual para igual com os Estados Unidos, por exemplo. Um Brasil acima de tudo, de forma prática e não de forma demagógica. Não podemos mais bater continência para a bandeira dos Estados Unidos e precisamos de mais diálogo com outras potências do mundo para aniquilarmos de vez com as sequelas desta pandemia. Tenha certeza de que a Rede Sustentabilidade vai ajudar a reconstruir o nosso país.

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