"Ser processado enquanto gestor é inevitável", afirma Valmir | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

"Ser processado enquanto gestor é inevitável", afirma Valmir
Blogs e Colunas | Joedson Telles 07/09/2020 08h32

O prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho (PR), afirma, nesta entrevista, que quem assumir o Poder Executivo e não for processado é porque não administrou. "Ser processado enquanto gestor é inevitável, praticamente. E ainda mais quando se tem opositores, como é o meu caso, que não se preocupam em fazer nada pela população, mas não pararam um só minuto, nesses últimos oito anos, de fazer denúncias sobre minha gestão. Já fui inocentado em muitas delas. Mas tem uma, feita também por um opositor, a do matadouro, que realmente me chocou mais. Fui detido, afastado da prefeitura, sou humilhado publicamente pelos meus adversários até os dias de hoje. E nem fui julgado! Tenho fé em Deus e na Justiça, acredito na minha absolvição porque sei que nada fiz de errado", disse Valmir. 

O que explica Itabaiana ter lidado melhor que outros municípios com a pandemia?

Antes de tudo é preciso esclarecer que lidamos melhor até agora, mas que nossas atenções e nossos cuidados seguem 100% em alerta e em execução. Ou seja: não se trata de uma vitória na guerra contra a pandemia. Vencemos batalhas, mas continuamos na luta, sem parar, sem cessar, sem esmorecer. Dito isso, como sou uma pessoa de muita fé, acredito que Deus nos protegeu e nos guiou, como sempre fez e segue fazendo. É que, lá no início da pandemia, com todas as dúvidas, medos, preocupações e, para falar a verdade, desconhecimento absoluto do que ocorreria, tomei a decisão de dar vez e voz à ciência. Não foi e segue não sendo fácil, pois tem muita gente tentando se utilizar politicamente da pandemia. Mas não me arrependo de ter me posicionado de forma firme. Itabaiana recebe gente de todo o Estado e de todo o Brasil. Nosso povo se caracteriza por circular por todo o Estado e pelo Brasil, somos a Capital Nacional do Caminhão! Então, como lidar com essas características sem permitir que a pandemia fosse ainda mais cruel com nosso povo? Ainda em maio fechamos parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em junho entregamos o Centro de Referência de Combate à Covid-19 num local aberto, ventilado, acessível a todos, com portas abertas. Nele, além de nos outros locais que, ainda em março, tornamos referenciais, como a unidade do Sítio Porto, ao lado da Creche Jhon Leno, aonde instalamos nosso Centro de Referência, e do Sesp, que foi definido para atender sintomas gripais em crianças, já ultrapassamos 20 mil atendimentos ao longo da pandemia. Todos atendidos por médicos preparados, pois fizemos parceria com a Unit também, para prepará-los devidamente, com equipes treinadas e prontas para esse momento, além de optarmos pela testagem em massa da população. Nesse ponto é que mais fomos atacados, pois mais testes identificaram mais contaminados. Mas o que nossos opositores omitem é que, com mais pessoas identificadas, isoladas e tratadas, mais vidas foram salvas. A oposição tenta, de forma terrível, dizer que Itabaiana tem mais casos porque nada foi feito. Isso é uma mentira absurda. Itabaiana identificou mais casos porque testou mais, atendeu mais e, no final das contas, salvou mais pessoas, pois nosso índice de letalidade é muito menor do que o de Sergipe e o do Brasil. Mas os opositores e suas críticas vazias, de quem não fez nada, de quem não foi para a linha de frente, passarão. O que importa mesmo é que nossas ações, que estão resumidas aqui, pois temos muitas outras que tomariam todo o espaço dessa entrevista, é que estão garantindo que a nossa população passe por esse momento tão difícil de uma maneira muito menos traumática.

Qual a situação do comércio da cidade, neste momento?

Esse é outro ponto que já rendeu muitas críticas à nossa gestão. É que seguimos todos os decretos estaduais, sem tergiversar. Como já disse, ninguém, no início da pandemia, sabia efetivamente o que estava por vir. Mas nós tivemos a coragem de levantar a bandeira de que, pelas suas características próprias, o comércio itabaianense, adepto da caderneta, do parcelamento de compras com base na confiança, precisaria dessa brecha, dessa possibilidade dos consumidores pagarem o que deviam naquelas lojas em que isso não poderia ser feito em bancos e nem em seus representantes. Fomos muito atacados por isso, da parte dos nossos opositores. Mas agora, quando vemos nossos comerciantes respeitando as normas sanitárias necessárias, quando vemos nosso comércio, apesar das dificuldades pelas quais todos estão passando, sobrevivendo e buscando se recuperar, vemos que nossa atitude de permitir que os recebíveis fossem pagos de forma legal foi uma decisão acertada da parte de nossa gestão.

O foco na pandemia atrapalhou a execução de projetos voltados para outras áreas?

Não diria atrapalhar. A palavra correta seria atrasar. Vou dar um exemplo: sempre sonhei com um estádio de futebol municipal, moderno e preparado para receber o nosso Itabaiana e outras equipes da cidade, mesmo que do futebol amador. O itabaianense ama o futebol de sua terra, isso é fato. E conseguimos os recursos. Mas a pandemia atrasou o início da obra, e eu não forçaria a barra nesse sentido. Assim, o próximo prefeito tem o local, o projeto, o dinheiro e só precisará ter vontade de realizar esse sonho que, tenho certeza, não é só meu, é de quem ama o futebol e quer ver Itabaiana se destacando nacionalmente. Outras obras atrasaram, mas estão sendo tocadas a contento, como a urbanização do bairro Oviêdo Teixeira, da Moita Formosa e da região do desvio da Lata Velha. Tem ainda a modernização das nossas avenidas, desde a Luiz Magalhães, chegando até a Pedro Garcia Moreno. São cinco, no total. Mas que estão em execução e eu pretendo entregar antes do final do ano.

Como o senhor entregará Itabaiana, em dezembro deste ano?

Bem cuidada, com as contas em dia, com servidores respeitados e com a máquina pública municipal funcionando de forma a garantir o respeito com o contribuinte. Porque são as pessoas, cada morador e moradora, que garantem o recurso público que utilizamos na administração. Minha meta é entregar as contas da prefeitura pagas, sem os milhões de reais em dívidas que recebi. E, claro, entregar uma cidade muito melhor do que recebi, sem dúvida.

Além do estádio de futebol, o que gostaria de ter feito e por que não fez?

Gostaria de ter garantido infraestrutura e qualidade de vida para toda a população. Mas por mais que nossa gestão esteja chegando a 1000 ruas e avenidas pavimentadas, com esgotamento embutido e com saneamento básico completo, não surgiram 1000 vias públicas nos meus 8 anos de gestão. Fiz o que pude, diante do que recebi. E também gostaria de ter urbanizado todos os povoados. Mas recebi dos gestores do passado esses mesmos povoados esquecidos, abandonados. Mangabeira, Rio das Pedras, Agrovila, Mangueira, Cajaíba, Ribeira, Carrilho, Taboca e outros foram os que consegui fazer. Mas queria ter feito todos. Pena que não recebi, no início da minha gestão, nenhuma dessas localidades cuidadas da forma como elas mereciam.

O senhor tem a fama de ser um dos melhores gestores de Sergipe. Como avalia isso?

De forma muito tranquila, sem vaidades. Porque entendo que os sergipanos de outras cidades vêem o desenvolvimento de Itabaiana e atribuem isso a nossa administração. E eles não estão errados, não. Mas é preciso levar em consideração que eu estou prefeito de Itabaiana até dezembro desse ano. Assim, quem pode avaliar a qualidade de nossa gestão, até lá, é mesmo o povo de Itabaiana.

O que faz a diferença na boa gestão?

Cada gestor tem sua forma de gerir. Na minha modesta opinião, o que se pode fazer e faz a diferença é um controle total, um cuidado absoluto com os recursos públicos que são investidos. Tem que cuidar pessoalmente de cada centavo aplicado. Não tem como ser diferente disso, sob o risco de acontecer a má aplicação desses valores. Se não houver desvios de finalidade e nem omissão de quem foi eleito para se responsabilizar por tudo que ocorre dentro da administração, a gestão será eficiente.

Por que a escolha do nome de Adailton para ser o pré-candidato do grupo?

Conversei muito com nosso agrupamento. E defendi o nome de Adailton por entender que ele, por ter vivido tudo o que vivi, por ter sofrido tudo o que sofri, desde o início, para colocar a prefeitura de Itabaiana em dia, com certeza é o nome mais preparado para dar prosseguimento a uma gestão que funciona e que, acima de tudo, é capaz de manter a nossa cidade no rumo do desenvolvimento. Itabaiana poderia ser muito maior do que é atualmente. Mas nós perdemos pelo menos duas décadas com brigas políticas que não nos levaram a nada, a não ser ao atraso. Sei que Adailton está pronto para seguir levando Itabaiana aonde ela sempre mereceu estar.

Valmir de Francisquinho é o maior líder político de Itabaiana, no momento? O senhor sente isso?

Nada disso. Faço a minha parte e entendo que é o povo quem pode decidir isso. O povo é que tem essa decisão nas mãos, na ponta dos dedos. Que a população se manifeste.

Quais os seus planos para 2022?

Eu só sou capaz de ser inteiramente sincero se eu disser qual é meu plano para 2020: encerrar bem o meu segundo mandato de prefeito de Itabaiana.

É simpático a ideia de disputar uma vaga na Câmera Federal?

Nem simpatia e nem antipatia. Acho que isso fica mais lá para a frente.

O senhor sonha em ser governador de Sergipe?

Quem é o político que entra e está na política e não sonha em ser presidente da república? Se não sonhar, não tem razão de continuar na política. Mas confesso que, com o passar dos anos, não sonho mais não. Hoje leio a política com base na realidade. Até porque a gente tem que entender o momento político brasileiro. A política está sob constante ataque. Mas é preciso lembrar que quando se faz o que é certo, na administração pública, é a sociedade como um todo que sai ganhando. Então, eu digo que não sonho com cargo nenhum. Mas não deixo de sonhar com o dia em que a sociedade entenderá que não há caminho democrático sem que seja através da política.

O senhor teve alguns problemas com a Justiça. Estão todos superados?

Quem assumir um cargo no executivo e não for processado em algum momento é porque não administrou. Tem uma história interessante sobre isso. O ministro Dias Tófoli (do STF) esteve em Sergipe em 2016, num evento da Unale. Em sua palestra, ele usou um exemplo: disse que, diante das muitas regras e dos diferentes entendimentos e interpretações em relação a administração pública no Brasil, se Madre Tereza de Calcutá se candidatasse a prefeita e ganhasse, em seis meses teria pelo menos 50 processos. Ou seja: ser processado enquanto gestor é inevitável, praticamente. E ainda mais quando se tem opositores, como é o meu caso, que não se preocupam em fazer nada pela população, mas não pararam um só minuto nesses últimos oito anos de fazer denúncias sobre minha gestão. Já fui inocentado em muitas delas. Mas tem uma, feita também por um opositor, a do matadouro, que realmente me chocou mais. Fui detido, afastado da prefeitura, sou humilhado publicamente pelos meus adversários até os dias de hoje. E nem fui julgado! Tenho fé em Deus e na Justiça, acredito na minha absolvição porque sei que nada fiz de errado, que nada desviei e que o que ocorria lá era a prática secular de arrecadar por cada abate e utilizar o dinheiro para pagar os profissionais envolvidos. Na verdade, fui o primeiro prefeito a destinar parte do arrecadado para os cofres públicos, via DAM (Documento de Arrecadação Municipal), uma vez que nossa gestão fez uma reforma ampla, modernizando o local. Mas tudo isso será analisado pelas autoridades competentes e eu seguirei aguardando a decisão judicial.

O senhor se sente perseguido?

Rapaz, diante de tudo o que meus opositores fazem contra mim, contra a minha gestão, quando analiso o quanto sou acusado injustamente, quantas vezes fui denunciado por eles na Justiça e inocentado depois, quando sou informado dos ataques diários em emissoras de rádio ligadas a esses mesmos opositores, inclusive ataques de ordem pessoal, que ofendem não apenas a mim, mas a minha família e a meus amigos, chegando até a atacar os eleitores de Itabaiana que confiam na minha pessoa e no meu trabalho, para falar a verdade, não me sinto perseguido de jeito nenhum. Eu me sinto é protegido. Primeiramente por Deus, que tem me dado serenidade para encarar tantas baixarias e ataques pessoais. Em segundo lugar, me sinto protegido pelo povo de Itabaiana, que me conhece, sabe que esse humilde marchante de porco chegou até a prefeitura as custas de muito trabalho, estudo e respeito a todos. E, pra encerrar, sinto que a Justiça protege os justos. E é nisso que me apego, diariamente. No mais, é orar e agradecer. Pois, como já disse, sou homem de muita fé e sei que Nosso Criador não deixa seus filhos desamparados em nenhum momento, mesmo nos mais difíceis.

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