Confira 5 realities shows que divertem e ensinam - inclusive o que não fazer | Levando a Série | F5 News - Sergipe Atualizado

Confira 5 realities shows que divertem e ensinam - inclusive o que não fazer
Enfocando de arte vidreira a parcerias com cães; de culinária a jardinagem, estes valem muito a pena
Blogs e Colunas | Levando a Série 12/03/2021 17h30 - Atualizado em 12/03/2021 17h49

Nem só de ficção vive essa coluna e hoje o foco recai sobre o gênero “reality show”, ou seja, um programa de televisão no qual pessoas teoricamente elas mesmas, continuamente filmadas, fazem literalmente “de um tudo”. Aqui em terras tupiniquins, o melhor exemplo está no Big Brother Brasil – mais conhecido como BBB –, já em sua 21ª edição na TV Globo, e o Masterchef, campeão de faturamento publicitário na Band. Ambos são franquias e suas versões vêm sendo produzidas em vários países há anos. Por aqui, o BBB recebe tanta adoração de fãs quanto ferozes críticas a sua superficialidade, para citar apenas um aspecto recorrentemente comentado no território das redes sociais. Assisti às primeiras edições, depois perdi o interesse. Nada contra quem gosta – e até paga para ter acesso 24h ao que acontece “na casa”. É muito fácil usar aquele aparelho chamado controle remoto e simplesmente mudar de canal, alternativas há em profusão. Quanto ao reality culinário que acaba de perder a pessoa mais bacana do trio de chefs jurados – a meu ver –, Paola Carosella, assisti com meu companheiro todas as edições, Masterchef infantil, amador e profissional.  Não por acaso hoje ele fez um bolinho de cação delicioso. 

Fora da TV aberta, os serviços de streaming oferecem as mais variadas opções de realities shows, focados em temas igualmente diversos, e aqui seguem algumas ótimas sugestões. Vou começar por algo que me fascina e me levou a pensar nesse texto: a arte vidreira. Acho a coisa mais linda ver os(as) profissionais soprando vidro, unindo e moldando peças, de modo a criar verdadeiras obras primas. Se você também a aprecia, não pode perder Vidrados (Blown Away).

Ao longo do programa, vidreiros(as) concorrem em vários desafios, cujos resultados se revelam incríveis e passam pelo crivo de experts na técnica. É especialmente encantador – na melhor acepção da palavra -, acompanhar as produções de cada participante, em meio a aqueles fornos imensos, usando ferramentas rústicas, porém a demandarem total precisão, numa dança a envolver talento, fogo e muito suor. Vidrados está disponível em duas temporadas na Netflix, com dez episódios cada. Imperdível.

Muita beleza é também a essência em A Batalha das Flores (The Big Flower Fight). O reality tem os mesmos concorrentes no decorrer da temporada – começa com dez duplas, formadas por paisagistas, designers e floristas. O que essa turma produz é um espetáculo para os olhos: esculturas de jardim, algumas delas gigantescas, cujos conceitos e execuções têm que se basear em um determinado tema. As duplas perdedoras nas provas vão sendo eliminadas a cada episódio – e destaque-se que concorrem entre si tipos bastante singulares.

O grande prêmio é ter uma obra sua exposta no Jardim Botânico Real de Kew, na Inglaterra. Justifica-se a origem e a sede do programa, já que os britânicos são tradicionais amantes de jardinagem e tudo que diga respeito a paisagismo.  Enquanto conferimos a trabalheira dos participantes para dar conta dos desafios, é possível aprender um bocado sobre as mais variadas espécies vegetais e seus plantios. 

Agora, esqueça beleza na próxima sugestão e a troque pela oportunidade de dar boas risadas: Mandou Bem (Nail it), reality apresentado pela comediante Nicole Byer, tendo como jurado fixo o doce chocolateiro francês Jacques Torres. A cada edição, o trio do júri se completa com um convidado atuante em qualquer área, já que, para escolher os melhores trabalhos em confeitaria – no caso, os menos piores –, basta ter os sentidos da visão e do paladar.

O engraçado são as verdadeiras desgraças produzidas pelos “confeiteiros” amadores – aparentemente escolhidos a dedo pela sua incapacidade.  Os três na disputa precisam reproduzir bolos ou biscoitos ou doces,  sendo os originais executados com o maior esmero técnico e, por vezes, artístico. O programa é uma palhaçada assumida, adequada às coisas que saem daquelas cozinhas. Mandou Bem já tem versões em vários países - México, Espanha, França e Alemanha – e conta com quatro temporadas na Netflix, num total de 27 episódios. 

Ainda no campo culinário, este com uma abordagem engajada, há Requentados Repaginados (Best leftovers ever). Todo brasileiro que tem mesa farta devia assistir, já que nosso país figura entre aqueles cuja população mais desperdiça comida no mundo. A ideia do programa é, a cada edição, desafiar os três concorrentes a fazerem pratos deliciosos e elegantes com sobras de comida disponíveis em uma geladeira. Vale o resto da ceia de Natal, do jantar romântico e até do lanche fast food – alternativa que claramente dificulta a vida dos participantes, pela pobreza de seus ingredientes, salvo exceções.  A proposta é excelente e a oportunidade de aprender idem.  

O clima leve e divertido fica por conta do trio que conduz o reality: a anfitriã e atriz Jackie Tohn e o júri que mostra entender do riscado, com bom humor, técnica e sagacidade – o comediante David So, dono de dois restaurantes em Los Angeles, e Rosemary Shrager, renomada chef britânica nem um pouco circunspecta. São apenas oito episódios em uma temporada na Netflix. 

Diversão e muita correria contra o tempo também caracterizam a última sugestão – por hoje -:  A Matilha (The Pack). O reality de uma temporada com dez episódios, disponível na Amazon Prime Video, conta com o diferencial de envolver na competição os melhores amigos dos 12 participantes: seus cães ou cadelas, de variados portes, raças ou não, e personalidades.  Assim, as provas acontecem em duplas, sempre naquele estresse contra o relógio. Achei muito válido que a dupla vencedora leve 500 mil dólares - nesse caso, o humano - e um prêmio extra de 250 mil dólares, a ser doado a uma instituição de cuidados com cães.  

O reality é, entre todos os sugeridos aqui, o único que se encaixa na qualidade de superprodução. Os competidores viajam por vários países, levando seus amigos caninos – alguns chamados de “filhos” – cumprindo as provas pelas quais se dirigem à vitória ou à eliminação.  Isso entre narrativas pessoais por vezes bem comoventes. A nota destoante foi ouvir, reiteradas vezes, alguém afirmar, sobre seu cão ou cadela, que o animal “estava adorando” aquela prova. A mim, soa estranho que esses seres tão generosos e inteligentes lidem bem com exposição ao constante estresse – sobretudo o que eles literalmente farejam nos tutores – e a tantas subidas e descidas de avião, de helicóptero, de barco... Posso estar errada, mas penso que eles provavelmente preferiam estar correndo em seus quintais ou grudados no sofá. 

Por fim, me despeço com frase de um dos meus ídolos, Wilhelm Reich, cuja obra “Escuta, Zé Ninguém” é um alerta tonitruante contra a pequenez e a involução: “Só se fantasia o que não se pode ter na realidade”. 

PS - Sei que muitos podem ter sentido falta de realities shows nacionais, mas os dois que encontrei - The Circle Brasil e Soltos em Floripa - Netflix e Amazon, respectivamente - me soaram releituras do BBB, e a ideia era mostrar algo de estilo bem diferente.  

 

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