Duas aclamações à amizade que fizeram história | Levando a Série | F5 News - Sergipe Atualizado

Duas aclamações à amizade que fizeram história
Base de "Friends" e de "How I met your mother" é a mesma, mas as séries são bem diferentes
Blogs e Colunas | Levando a Série 19/09/2020 12h00 - Atualizado em 19/09/2020 16h19

Tem coisa melhor do que amizade? Duas séries conquistaram grande sucesso ao explorar o universo das belezas e também desafios típicos dessas relações tão preciosas, quando sinceras e saudáveis na prática. Vamos à primeira, um ícone da cultura pop que ainda mobiliza uma legião de fãs, passa até hoje no canal Warner, por assinatura, e está disponível por completo na Netflix. Sim, estamos falando de Friends (Amigos). O sexteto do elenco principal - Jennifer Aniston (Rachel), Courteney Cox (Monica), Lisa Kudrow (Phoebe), Matt LeBlanc (Joey), Matthew Perry (Chandler) e David Schwimmer (Ross) – estendeu o conceito de amizade à vida real, ao longo da convivência em dez anos de exibição da série, de 1994 a 2004. De fato, um dos motivos aventados para tamanho encantamento por Friends é justamente a química entre o grupo de protagonistas, cuja interpretação muito à vontade gerou diálogos improvisados e uma camaradagem real no decorrer das gravações, esta aparentemente percebida pelo público. 

Um exemplo dessa união está no fato de, na primeira temporada, os seis atores e atrizes ganharem cerca de U$S 25 mil; na segunda, todos tiveram aumento, mas Jennifer Aniston e David Schwimmer em maior escala. No entanto, a partir da terceira temporada, em decisão conjunta, o grupo fincou o pé e os acordos com a Warner passaram a ser coletivos. Ao fim da série, cada um dos seis embolsava igualmente US$ 1 milhão por episódio.

Em termos gerais, a história mostra a convivência cheia de idas e vindas de seis amigos, às vezes indo mais longe que isso – e agora fico quieta. O maior compromisso é com a diversão, baseada em uma narrativa leve e desprovida de grandes percalços. A título de curiosidade, imagino que ninguém nunca entendeu como aquele grupo podia residir em Manhattan, Nova York – um dos endereços mais caros dos EUA -, sendo que toda hora alguém estava desempregado e, mesmo trabalhando, o dinheiro nunca chegaria perto de ser suficiente. Fora os gastos no Central Perk (escrito assim mesmo), o café onde todos batiam ponto a cada episódio. Mas ficção é isso aí, não há porque se ocupar de coerência – ou falta dela.

Em novembro do ano passado, quando Friends completou 25 anos, foi divulgado que havia tratativas para um revival do sexteto de amigos, que iria se reunir num evento especial da HBO Max, plataforma de streaming da Warner Media, hoje detentora dos canais HBO. A proposta foi adiada em função da pandemia do novo coronavírus, mas tudo indica que vai se confirmar, para júbilo dos fãs da história criada por David Crane e Marta Kauffman. 

Vamos à segunda série que louva a amizade, porém de forma diferente: How I met your mother (Como eu conheci sua mãe), disponível por completo na Amazon Prime Video. Na minha modesta opinião, comparada a Friends, ela ganha com folga. Mera questão de gosto e, pesquisando para escrever esse texto, descobri que há certa rivalidade entre os fãs de cada uma. 

Friends terminou em 2004. Em 2005, logo após portanto, estreava How I met your mother, que os fãs tratam pela sigla HIMYM, por justa economia. Com nove bem sucedidas temporadas, a criação dos escritores e produtores Carter Bays e Craig Thomas chegou ao fim em 2014. É lícito admitir a possibilidade de ter pego alguma carona na antecessora, mas, para quem conhece ambas as histórias, tal leitura soa reducionista quanto aos méritos da minha preferida. Repito: questão de gosto, o que envolve movimentos internos e afinidades particulares.  

Em HIMYM, o arquiteto Ted Mosby – interpretado por Josh Radnor, ator até aquele momento sem grande expressão  -  resolve contar a seu casal de filhos adolescentes, no ano de 2030, como conheceu a mãe deles, daí o nome da série. Na faculdade, Ted se tornou amigo de Marshall (Jason Segel) e de Lily (Alyson Hannigan), casal que desde lá engatou um namoro cheio de paixão, depois promovido a noivado. No decorrer do relacionamento do casal, se desenrolam algumas cenas físicas tórridas, mais ousadas em comparação às de Friends

A aposta em uma abordagem mais livre – digamos assim – fica evidente também por outras razões. Ao inicial trio de amigos se soma Barney Stinson, personagem chave para estabelecer essa diferença, gloriosamente interpretado pelo ator Neil Patrick Harris. Sem se preocupar com o “politicamente correto” – ou sequer com regras básicas da boa educação –, Barney transita entre um idiota completo e uma pessoa cinicamente autêntica, aguente quem quiser. E ele alicerça esse caráter singular de HIMYM com bordões adequados a sua personalidade e mostrando total desinteresse por qualquer coisa que não o próprio caminho, questionável em larga escala. Exemplo, Barney mente sem pestanejar, com deslavada cara de pau, para qualquer mulher que o interesse fisicamente, se isso for útil no objetivo de levá-la à cama mais próxima. 

Por fim, fechando o quinteto de amigos, surge a repórter Robin Scherbatsky, na pele da atriz Cobie Smulders, cuja carreira prosseguiu embalada como braço direito de Nick Fury (Samuel L. Jackson), o líder da Shield na saga Avengers (Vingadores), do universo Marvel.

A turma de Friends se encontrava em um café, o Central Perk; a de HIMYM, em um bar, o Maclaren's Pub, onde ingestão de álcool é rotina, no bojo de outros comportamentos aos quais muitos torceriam o nariz. Digo isso apenas para reforçar que, embora exista alguma similaridade entre as duas séries, ela se limita ao superficial. 

Cada uma requer o propósito de embarcar em mais de 200 episódios. Para quem estiver disposto a conferir, sugiro que assista o primeiro deles – seja de Friends ou de How I met your mother – e observe se “bateu” com força. Maratonas nesse nível de empenho e tempo despendido são um mergulho a só se justificar por um saldo de diversão que realmente valha a pena. Até por isso mesmo, advirto que o final de HIMYM dividiu opiniões, teve gente que detestou. Não achei incrível, confesso, mas também não chegou nem perto de me levar ao arrependimento.  

Novamente finalizando em uma incursão “filosófica”, que bem define o estilo dessas divertidas relações pelas quais tantos se apaixonaram, segue uma citação do saudoso Millôr Fernandes: “A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades”.

Para maratonar:

Friends: dez temporadas, total de 236 episódios, disponível completa na Netflix

How I met your mother: nove temporadas, total de 208 episódios, disponível completa na Amazon Prime Video

PS – Adoraria comentar duas séries brasileiras cujo cerne também foi a amizade: “Ciranda, Cirandinha” (abril a outubro de 1978) e “Armação Ilimitada” (1985 a 88), ambas produções da TV Globo que fizeram grande sucesso. Mas a ideia aqui é indicar alternativas disponíveis em serviços de streaming – em relação a essas, Globoplay seria a melhor chance, por razões óbvias. A expectativa não se confirmou, no entanto. Para quem sentiu saudades dessas representações culturais dos movimentos e valores de parte de uma geração, o jeito é ficar de olho no canal Viva, por assinatura. Vai que rola uma reprise.  
 

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