O massacre na Ucrânia influi em nossa economia? | Marcio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

O massacre na Ucrânia influi em nossa economia?
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 26/02/2022 04h09

O mundo parou na quinta-feira, com a assustadora, mas previsível notícia do ataque russo contra a Ucrânia. Dizem que é uma guerra, mas o poderio militar da Rússia é infinitamente superior ao ucraniano, a ponto de podermos considerar um verdadeiro massacre, morticínio, carnificina, como queiram chamar. Os ataques por ar e terra estão subjugando o povo ucraniano, que possui poucas condições de se defender diante da ofensiva mais agressiva deste século, sendo a pior em um país europeu desde a segunda guerra mundial.

Em uma guerra, pressupõe-se que os alvos de ataques sejam instalações militares ou estratégicas, como plantas de geração de energia. Contudo, o que tem sido exibido pela mídia são ataques contra civis, complexos residenciais, até um hospital atingido por mísseis russos. O massacre está matando civis inocentes. O Holdomor, período na década de 30 em que os russos (então soviéticos) mataram cerca de 12 milhões de pessoas na Ucrânia de FOME, será releiturado nesse horror que os ucranianos estão vivendo? Bem, estão matando inocentes novamente. E de que modo isso nos aflige aqui no Brasil? Afinal, sempre existem consequências.

Primeiramente, os brasileiros deverão sentir um impacto imediato nos custos de produção dos combustíveis, já que a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. O preço do barril Brent, na quinta-feira, estava em US$ 105,79, que convertidos em nossa moeda no mesmo dia totalizavam R$ 538,74. Cotação do dólar a R$ 5,09. Ou seja, as reações do mercado produtor nacional será praticamente imediata e a elevação do valor do petróleo provocará nos próximos dias o aumento da gasolina e óleo diesel. Além de que poderemos sofrer também com o aumento do preço do gás natural, já que o gasoduto Nord Stream, que abastece a Europa com gás produzido na Rússia, poderá ter seu fluxo interrompido e isso deverá elevar o preço da comodity para as usinas de geração de energia termelétrica em nosso país. Sergipe será impactado diretamente por esse fator, já que a usina termelétrica de Barra dos Coqueiros é abastecida com gás natural importado do Oriente Médio. Preparemos nossos bolsos.

Além disso, quase 20% do milho do mundo é exportado pela Ucrânia. Com a interrupção da produção e beneficiamento, além da destruição das lavouras, o preço do milho irá elevar consideravelmente no mundo inteiro. Como somos produtores desse bem, também sentiremos o impacto da elevação do preço em um curto intervalo de tempo. O trigo vai pelo mesmo caminho, considerando que a Rússia e Ucrânia são dois dos maiores produtores mundiais, aliando às dificuldades de produção na Argentina, devido aos problemas climáticos. Em breve o pão nosso de cada dia estará mais caro. E a produção agrícola também sofrerá com o aumento dos fertilizantes, já que a grande maioria do que o agronegócio consome é importado da China ou Rússia. Nesse aspecto, o Brasil poderá ter uma redenção em breve, se aprovado o Projeto de Lei 3507/21, de autoria do deputado Laércio Oliveira, que promove incentivos para a produção de fertilizantes no país. Se temos plena capacidade produtiva, pra quê importar? Basta regulamentar da maneira mais prática o processo de produção.

Fatores como esses elevarão o preço dos produtos no Brasil, principalmente por dependermos de transporte rodoviário para o escoamento da produção em todo o território nacional. A influência direta do transporte para o custo dos produtos fará com que em pouco tempo sintamos todas essas dificuldades colaterais do massacre que acontece nestes dias com o povo ucraniano.

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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

E-mail: jornalistamarciorocha@live.com

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