O novo indicador para aluguéis é uma boa?
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 22/01/2022 03h44A variação dos preços dos aluguéis ao longo dos últimos anos foi assustadora, ao menos no indicador utilizado para medir a correção dos valores anualmente. Em 2020, o IGP-M apontou a assustadora elevação de 23,9%, o que deixou os locatários de imóveis em polvorosa, com uma grande dificuldade de negociação dos valores de aluguel dos imóveis residenciais e comerciais. A situação não era nada boa, pois estávamos em um período assustador de pandemia, saindo da fase mais crítica, com a reabertura das atividades econômicas, principalmente as de comércio e serviços, que são as empresas que mais demandam aluguel de imóveis comerciais. Para manter a locação de um imóvel para um negócio estava sendo um verdadeiro sufoco, devido ao baixo faturamento das empresas no período. Definitivamente, 2020 foi um ano para se riscar do calendário.
Para as famílias também foi uma catástrofe, porque as mortes de pessoas economicamente ativas decorrentes da COVID provocaram uma hecatombe orçamentária nas casas. A perda da fonte de renda não veio somente por decorrência dos falecimentos, mas também do indicador de desemprego, que veio a galope nos meses de março a agosto do ano retrasado e que se arrastou pelos meses seguintes, fazendo com que os orçamentos familiares encolhessem. Mas e para quem mora de aluguel, como pagar todo esse percentual de aumento em 2020?
Para os donos de imóveis, perder seus inquilinos não era a melhor alternativa. Então muitas negociações aconteceram entre as partes para evitar a desocupação e em grande parte dos casos abriram mão do IGP-M para majorar os valores, porque o indicador estava com um crescimento completamente fora de órbita. Esperava-se uma oscilação menor para 2021, bem menor. Entretanto isso não aconteceu. O indicador fechou em altos 17,7% no ano passado. Seria esse medidor a melhor variável para a correção dos aluguéis?
Para 2022, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) criou um novo indicador com a finalidade de medir a variação dos reajustes de aluguéis, o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), que traz a confiança de uma avaliação mais justa dos valores cobrados pela locação dos imóveis, criando a expectativa de maior economia e formação de preços mais justos para o mercado. O cálculo do índice é baseado na análise de 10.000 contratos assinados de locação de imóveis ligados a empresas administradoras do setor em quatro das maiores capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Segundo a FGV, se o indicador já estivesse em vigência no ano passado, ao invés de quase 18% de elevação nos preços, a variação seria negativa, com -0,61% no acumulado em 12 meses. O que mostra uma realidade mais próxima da vida dos empresários brasileiros, que neste momento estão na busca da recomposição de receita para suas empresas, para seguir o caminho do crescimento, bem como para as famílias, que estão no processo de recuperação de renda, com a retomada do crescimento dos postos de trabalho. Estamos em uma forte crescente na geração de empregos, após todos os problemas da pandemia, e isso é importante para que a economia se descomplique.
Além disso, o IVAR foca somente na questão dos aluguéis. O IGP-M conta com uma grande quantidade de variáveis para sua medição, como comércio atacadista, varejo, bens de consumo e serviços, fazendo uma média geral.
*Tema abordado atendendo ao pedido do leitor Carlos Martins
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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.
E-mail: jornalistamarciorocha@live.com
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