Você costuma coçar ou esfregar os olhos com frequência? Saiba que esse hábito pode provocar danos graves à sua saúde visual. Quando as mãos sujas entram em contato com os olhos, ou quando você enxuga o rosto em uma toalha contaminada, microrganismos são transferidos para a superfície ocular, podendo causar lesões ou infecções como conjuntivite ou ceratite. Além disso, esse hábito pode desencadear uma das principais doenças ectásicas da córnea, o ceratocone.

O alerta é do presidente da Sociedade Sergipana de Oftalmologia, Dr. André Luz. “Coçar os olhos pode tanto causar a doença quanto agravar uma já existente, que muitas vezes está adormecida. O ato de coçar agrava o problema e reduz a acuidade visual, provocando desgaste na superfície ocular e na córnea, levando ao enfraquecimento do tecido corneano e ao aparecimento do ceratocone”, explica.

Normalmente, o ceratocone surge em crianças ou adolescentes que já possuem a doença prévia. Embora tenha um fundo genético, muitas vezes a condição pode permanecer adormecida em um estágio pré-clínico. Sem um diagnóstico, a pessoa coça os olhos de forma inocente, frequentemente devido à alergia ocular, um dos principais fatores de risco para o ceratocone.

Dr André Luz, oftalmologista

“Pessoas com alergia ocular coçam muito os olhos e muitas vezes acham prazeroso. Sem esse hábito, a doença poderia permanecer adormecida, mas o ato de coçar os olhos desencadeia o afinamento e a progressão da doença”, comenta Dr. André Luz.

Transplante de Córnea

A longo prazo, coçar os olhos pode provocar um afinamento progressivo da córnea, que, se não tratado a tempo, pode levar à necessidade de um transplante. O ato de coçar os olhos agrava o ceratocone, lesionando a camada estroma corneana, que representa 90% da espessura da córnea. Atualmente, o transplante lamelar da córnea é o mais indicado para casos de ceratocone, transplantando apenas a parte doente e reduzindo significativamente o risco de rejeição.

Sintomas do Ceratocone

O ceratocone geralmente é percebido através da mudança do grau dos óculos, com aumento progressivo da miopia e astigmatismo de forma irregular, frequentemente na pré-adolescência, adolescência ou até mesmo após os vinte anos. “Quando a pessoa acha que o grau está estável, a miopia e o astigmatismo continuam aumentando. É crucial uma avaliação da córnea, especialmente para quem coça os olhos. Exames específicos, como a topografia da córnea, são necessários para verificar a presença da doença”, orienta Dr. André Luz.

O ceratocone geralmente é percebido através da mudança do grau dos óculos (Foto Freepik)

Alergia Ocular

A alergia ocular é o principal fator de risco para o ceratocone, frequentemente associada ao histórico familiar. Dr. André Luz enfatiza a importância de investigar tudo relacionado ao paciente com ceratocone. “O paciente muitas vezes sente prazer em coçar os olhos, o que agrava o dano na córnea. É vital controlar o quadro alérgico, que pode ser gerenciado com colírios ou, em casos mais graves, com a intervenção de um especialista em alergias”, conclui.

Controlar a alergia ocular é fundamental para controlar o ceratocone. Tratamentos multidisciplinares, envolvendo oftalmologistas e especialistas em alergias, podem ser necessários para manter a doença sob controle.