Endometriose: como o diagnóstico correto pode influenciar na qualidade de vida
É uma das principais causas de infertilidade feminina Blogs e Colunas | Saúde em Dia 09/06/2024 17h50 - Atualizado em 09/06/2024 18h20Muitas mulheres sofrem com dores agudas e progressivas provocadas por uma condição chamada endometriose. Esta doença é caracterizada pela presença do endométrio – tecido que reveste o útero internamente – em outros locais, principalmente na pelve, no intestino, na bexiga e até mesmo no umbigo. É uma das principais causas de infertilidade feminina, afetando cerca de 40% das portadoras, que enfrentam dificuldades para engravidar.
Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), 176 milhões de mulheres em todo o mundo são atingidas pela endometriose. Somente no Brasil, são mais de sete milhões de mulheres que sofrem com a doença, por isso a importância das pacientes realizarem frequentemente consultas regulares como forma de prevenção.
Sintomas e Diagnóstico
De acordo com o médico Jonas Leomarques Santos, cirurgião do aparelho digestivo, os sintomas variam conforme a idade. Em meninas mais jovens, um dos principais sinais são cólicas agudas a partir da menstruação. “Pacientes com dores pélvicas crônicas, dores que persistem por longos períodos, dor nas pernas, nas costas, durante a relação sexual e alterações intestinais, como distensão, são sintomas que geralmente pioram ou aparecem mais em um determinado momento do ciclo menstrual”, explica o médico.
Dr Jonas Leomarques: “O tratamento é multidisciplinar, envolvendo nutricionistas e psicólogos”
A importância de um diagnóstico preciso é enfatizada por Jonas. Segundo ele, o ultrassom transvaginal comum geralmente não identifica a endometriose. “O médico pode suspeitar, mas quem realmente detecta é um ultrassom com mapeamento para endometriose e a ressonância magnética. O padrão ouro, o melhor exame, é a laparoscopia, onde o profissional insere uma câmera de vídeo e visualiza internamente, podendo resolver alguns focos pequenos”, esclarece.
Fatores de Risco
O médico Jonas Leomarques destaca que os fatores de risco mais comuns incluem ter filhos tardiamente, após os 35 anos, ter poucos filhos, e a má alimentação. “Antigamente, as mulheres davam à luz mais cedo e tinham vários filhos, então ter poucos pode ser um fator de risco para a endometriose. É como se a gestação fosse um tratamento natural para a doença. Uma alimentação rica em industrializados, fermentados e ultraprocessados também é um fator de risco”, afirma.
Relação entre Obesidade e Endometriose
A obesidade é um fator agravante para a endometriose. “Os dois são bem comuns. Como eu faço bariátrica e trato endometriose, é comum encontrar ambas as condições na mesma paciente. Geralmente, opto por resolver primeiro a bariátrica ou a perda de peso, sem cirurgia, para depois tratar a endometriose. O tratamento é hormonal”, explica Jonas.
“As mulheres que começam a ter cólicas devem procurar o ginecologista e iniciar um bloqueio hormonal, como um anticoncepcional, para evitar a menstruação. O tratamento é multidisciplinar, envolvendo nutricionistas e psicólogos, pois as mulheres sofrem tanto, sendo incompreendidas, que a doença é comum em casos de separação. É comum perceber mulheres solteiras, pois um dos sintomas é a falta de libido. A paciente não tem relações porque dói. É uma doença que precisa ser explicada e estudada”, ressalta o médico.
Importância do Tratamento
Dr. Jonas Leomarques destaca a importância do tratamento adequado. “Os colegas médicos encaminham as pacientes para cirurgia – eu faço apenas a parte do intestino, útero, a parte cirúrgica em si - e quando elas já vêm tratadas clinicamente, tudo fica mais fácil. Se o tratamento clínico com hormônios não resolve os sintomas, então a cirurgia é considerada”, comenta.
A paciente mais difícil de operar, de acordo com o cirurgião, é aquela sem controle clínico, com má alimentação e outros problemas associados como refluxo e enxaqueca. Para essas pacientes, a cirurgia se torna mais complicada. Portanto, o ideal é o controle clínico e, principalmente, o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a endometriose é detectada, melhor é para evitar lesões.
Prevenção
Para prevenir a endometriose, recomenda-se a prática de atividades físicas e uma dieta saudável. Evitar a obesidade é crucial para prevenir a doença. “Hoje em dia, qualquer cólica menstrual não deve ser desprezada, e é importante evitar uma dieta inflamatória. Também é essencial investigar casos familiares e conversar com o ginecologista o quanto antes”, conclui o médico Jonas Leomarques.
André Carvalho é jornalista há mais de 20 anos. Formado pela Universidade Tiradentes (Unit), possui especialização em Marketing pela Faculdade de Negócios de Sergipe (Fanese). Foi apresentador de programa de rádio e televisão, e atuou como assessor de comunicação de vários órgãos públicos e secretarias municipais e estaduais. Atualmente, é editor do Caderno Saúde em Dia.
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