Sleeve ou Bypass? Qual o procedimento mais indicado para a cirurgia bariátrica?
É importante que o paciente procure um cirurgião especializado e com experiência para indicar o melhor tratamento Blogs e Colunas | Saúde em Dia 14/10/2024 15h37 - Atualizado em 15/10/2024 12h43A decisão de se submeter a uma cirurgia bariátrica é o primeiro e mais importante passo para quem busca tratar a obesidade grave e suas complicações. No entanto, a escolha do tipo de procedimento também é crucial. O Dr. Rogério Rodrigues, especialista em cirurgia do aparelho digestivo, explica que a escolha entre a gastrectomia vertical (sleeve) e o bypass gástrico depende de fatores como o perfil de saúde do paciente e seus objetivos.
Na gastrectomia vertical, ou sleeve gástrico, é removida uma parte significativa do estômago, deixando-o com formato de tubo, semelhante a uma manga, de onde deriva o nome “sleeve”. Esse procedimento reduz consideravelmente o tamanho do estômago, permitindo que o paciente sinta-se satisfeito com uma quantidade menor de alimento. O sleeve também preserva o piloro, garantindo um esvaziamento gástrico mais natural e minimizando o risco de síndrome de dumping, uma condição que ocorre quando a comida é esvaziada muito rapidamente do estômago para o intestino delgado.
“Esse procedimento reduz a produção de grelina, o hormônio responsável pela fome, o que ajuda a controlar o apetite. Além disso, é uma técnica menos complexa e possui um risco cirúrgico ligeiramente menor comparado ao bypass gástrico”, detalha o Dr. Rodrigues. O bypass gástrico, por sua vez, envolve a criação de uma pequena bolsa no estômago e o desvio do intestino delgado para essa nova estrutura, alterando o trajeto dos alimentos.
O especialista destaca que o bypass gástrico combina duas abordagens: restrição e má absorção. A pequena bolsa limita a quantidade de comida que pode ser ingerida, enquanto o desvio intestinal reduz a absorção de calorias e nutrientes. Esse tipo de cirurgia é especialmente eficaz no controle do Diabetes Tipo 2, já que o bypass frequentemente leva à rápida melhoria ou remissão da doença. “O bypass proporciona uma perda de peso significativa a longo prazo, comparado ao sleeve, mas é um procedimento mais complexo, com maior risco de complicações e de deficiências nutricionais”, alerta.
Popularidade e resultados do bypass no Brasil
Atualmente, o bypass gástrico é a técnica mais utilizada no Brasil, representando cerca de 75% das cirurgias bariátricas realizadas. De acordo com o Dr. Rogério Rodrigues, essa preferência se deve à eficácia e segurança do procedimento. “Com o bypass, o paciente pode perder até 80% do excesso de peso inicial, alcançando resultados satisfatórios na maioria dos casos. A técnica reduz o espaço disponível para alimentos e promove o aumento de hormônios que aumentam a saciedade e diminuem a fome”, comenta.
Essa combinação entre menor ingestão alimentar e maior sensação de saciedade é o que possibilita o emagrecimento e a melhora em condições de saúde associadas à obesidade, como diabetes, hipertensão arterial e dislipidemias. Para saber se o bypass é a melhor opção, o especialista recomenda que o paciente procure um cirurgião experiente, que possa avaliar o caso individualmente.
Sleeve gástrico: uma alternativa menos invasiva
O sleeve gástrico, que representa cerca de 25% das cirurgias bariátricas realizadas no mundo, também é uma opção eficaz para a perda de peso. Transformando o estômago em um tubo com capacidade reduzida de 80 a 100 ml, o sleeve proporciona uma perda de peso significativa, embora um pouco inferior à do bypass. “Estudos indicam que após cinco anos de cirurgia, a perda de peso é equivalente entre os dois métodos”, afirma o médico.
Entre as vantagens do sleeve, estão a perda rápida e significativa de peso (cerca de 40 a 60% do excesso de peso), o tempo de internação curto (geralmente de dois dias) e a produção de hormônios intestinais que favorecem a sensação de saciedade. No entanto, Dr. Rodrigues alerta para as desvantagens: “Pode causar deficiências nutricionais devido à grande restrição alimentar e piorar os sintomas de refluxo gastroesofágico. Além disso, é um procedimento irreversível”.
O sleeve tem sido realizado há mais de 20 anos, demonstrando eficácia no controle da hipertensão arterial, dislipidemias e outras doenças relacionadas à síndrome metabólica.
Para escolher o procedimento mais adequado, é essencial que o paciente passe por uma avaliação criteriosa com um cirurgião especializado. A escolha entre o sleeve gástrico e o bypass depende não apenas dos objetivos de perda de peso, mas também de condições pré-existentes e do perfil metabólico de cada paciente.
André Carvalho é jornalista há mais de 20 anos. Formado pela Universidade Tiradentes (Unit), possui especialização em Marketing pela Faculdade de Negócios de Sergipe (Fanese). Foi apresentador de programa de rádio e televisão, e atuou como assessor de comunicação de vários órgãos públicos e secretarias municipais e estaduais. Atualmente, é editor do Caderno Saúde em Dia.
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