Impactos Econômicos do COVID-19 | Saumíneo Nascimento | F5 News - Sergipe Atualizado

Impactos Econômicos do COVID-19
Blogs e Colunas | Saumíneo Nascimento 21/03/2020 15h48 - Atualizado em 21/03/2020 15h50

Como economista irei realizar uma breve abordagem sobre possíveis impactos na economia mundial por conta do COVID-19 que é a doença infecciosa causada pelo coronavírus descoberto mais recentemente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), este novo vírus e doença eram desconhecidos antes do início do surto em Wuhan, China, em dezembro de 2019.

Gostaria de preliminarmente remeter-me ao Economista inglês, Thomas Robert Malthus, que em 1798 de forma anônima publicou a primeira edição de um livro que já foi muito criticado e refutado, nome do livro “ Um Ensaio sobre o Princípio da População”. Neste livro, Malthus argumentou que esperanças humanas infinitas de felicidade social devem ser vãs, pois a população sempre tenderá superar o crescimento da produção.

A tese de Malthus era de que a população tem um limite, pois não teríamos alimentos para todos, na época de Malthus não existia previsibilidade da capacidade humana de produzir alimentos mais que suficiente para qualquer população e, portanto, a tese de Malthus foi refutada.

Mas cabe destacar que Malthus não abordou somente os aspectos dos alimentos, para Malthus, o aumento da população ocorrerá em uma progressão geométrica, enquanto os meios de subsistência aumentarão em apenas uma progressão aritmética.  Então ele acreditava que a população iria sempre se expandirá até o limite de subsistência. Mas acrescentou que somente o “vício” (incluindo “a comissão de guerra”), a “miséria” (incluindo a fome ou a falta de comida e problemas de saúde) e a “restrição moral” (ou seja, a abstinência) poderiam controlar esse crescimento excessivo. Tem um ponto aqui que quero destacar (problemas de saúde), sim Malthus definiu em 1798, ou seja há 222 anos atrás que problemas de saúde poderiam limitar o crescimento humano.

E o que estamos vendo no momento, conforme informações de organismos econômicos mundiais, a exemplo de Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Internacional do Comércio (OMC), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) é que o impacto que o coronavírus (COVID-19) está causando é muito profundo e sério na economia global e imagino que não temos formuladores de políticas que consigam responder adequadamente o que irá acontecer com a economia mundial,

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta que o mais sensato é buscarmos aprender com a experiência da China. De acordo com o FMI, a experiência da China até agora mostra que as políticas corretas fazem a diferença no combate à doença e na mitigação de seu impacto, mas algumas dessas políticas vêm com trocas econômicas difíceis.

Então estamos diante de escolhas difíceis, pois o sucesso em conter o vírus tem o preço de desacelerar a atividade econômica, independentemente do distanciamento social e da mobilidade reduzida serem voluntários ou forçados. 

Segundo o FMI, no caso da China, os formuladores de políticas implementaram restrições rígidas de mobilidade, tanto em nível nacional quanto local, por exemplo, no auge do surto, muitas cidades impuseram toques de recolher rigorosos a seus cidadãos. Mas a troca não foi tão devastadora quanto na província de Hubei, que, apesar de muita ajuda do resto da China, sofreu bastante enquanto ajudava a desacelerar a propagação da doença em todo o país.

E pelo visto infelizmente teremos a pandemia global do desaquecimento econômico com altos custos para todos. Precisamos ampliar a solidariedade entre as nações, entre os povos, pois estamos diante de uma tragédia humana que se desenrola em todo o mundo. 

O FMI entende que a quantificação do impacto econômico é complexa, gerando incerteza significativa sobre as perspectivas econômicas e os riscos negativos associados. Além disso, conforme a instituição um aumento tão abrupto da incerteza pode colocar em risco o crescimento econômico e a estabilidade financeira. 

Os governos terão que adotar políticas econômicas e medidas fiscais direcionadas, devem ser políticas corretas de estabilidade monetária e financeira que serão vitais para sustentar e economia mundial.

Este surto está trazendo um terrível sofrimento humano na China inicialmente e na sequência em todos os países afetados e nos que ainda não foram afetados e isto está vindo com custos econômicos significativos. Segundo o FMI, por todas as indicações, a desaceleração da China no primeiro trimestre de 2020 será significativa e deixará uma marca profunda para o ano. E na minha opinião vai se propagar para os demais países na mesma forma que o COVID-19.

O FMI alerta que o que começou como uma série de paradas repentinas na atividade econômica, rapidamente se espalhou pela economia e se transformou em um choque total, impedindo simultaneamente a oferta e a demanda, como é visível nas leituras muito fracas de produção industrial e vendas no varejo de janeiro a fevereiro.

A realidade é que o choque do coronavírus é severo, mesmo em comparação com a Grande Crise Financeira de 2007-2008, quando atingiu famílias, empresas, instituições financeiras e mercados ao mesmo tempo, primeiro na China e agora no mundo todo.

Os informes do FMI revelam que na China ocorreu ação rápida para atenuar o impacto desse choque grave que requer um forte apoio aos mais vulneráveis. Os formuladores de políticas chineses tiveram como alvo famílias vulneráveis ​​e procuraram novas maneiras de alcançar empresas menores, por exemplo, renunciando taxas de previdência social, contas de serviços públicos e canalizando crédito por meio de empresas de tecnologia financeira. Além disso, outras políticas também precisam ser implementadas para ajudar referidas famílias. Na china, as autoridades rapidamente organizaram crédito subsidiado para apoiar o aumento da produção de equipamentos de saúde e outras atividades críticas envolvidas na resposta ao surto.

Mas para além disso, o FMI alerta que precisamos proteger a estabilidade financeira com ações assertivas e bem comunicadas. O fato é que as últimas semanas mostraram como uma crise de saúde, por mais temporária que seja, pode se transformar em um choque econômico, onde a escassez de liquidez e as perturbações do mercado podem ampliar e perpetuar.

O FMI informou que na China, as autoridades intervieram cedo para conter os mercados interbancários e fornecer apoio financeiro às empresas sob pressão, enquanto permitiam que o renminbi se ajustasse às pressões externas. Entre outras medidas, isso inclui orientar os bancos a trabalhar com os mutuários afetados pelo surto; incentivar bancos a emprestar a empresas menores por meio de financiamento especial do Banco Central da China; e fornecendo cortes direcionados para reservar requisitos para bancos. Empresas maiores, incluindo empresas estatais.

Outras medidas foram implementadas pela China, a exemplo de permitir que devedores disponham de mais tempo para cumprir suas obrigações financeiras; crédito subsidiado alocado adequadamente; e busca de manutenção de empresa viáveis, mas também sem perder de vista a recuperação das empresas que estavam com problemas.

Como estamos citando a China como paradigma, é importante registrar que o FMI alerta que o problema não acabou lá na China, pois mesmo havendo sinais tranquilizadores de normalização econômica na China, como o fato de que a maioria das grandes empresas estarem reabrindo suas portas e muitos funcionários locais voltando aos seus empregos, ainda permanecem riscos graves. Isso inclui novas infecções surgindo novamente à medida que as viagens nacionais e internacionais são retomadas. 

O FMI alerta que mesmo na ausência de outro surto na China, a pandemia em curso está criando riscos econômicos. Por exemplo, à medida que mais países enfrentam surtos e os mercados financeiros globais giram, consumidores e empresas podem permanecer cautelosos, deprimindo a demanda global por produtos chineses, assim como a economia está voltando ao trabalho. Portanto, os formuladores de políticas chineses terão que estar prontos para apoiar o crescimento e a estabilidade financeira, se necessário. Dada a natureza global do surto, muitos desses esforços serão mais eficazes se coordenados internacionalmente.

Ressalto e concordo com o FMI de que precisamos de ações sincronizadas entre países para aumentar o poder da política monetária. Então o pressuposto de uma cooperação global para sincronizar a política monetária deve estar no topo da agenda. 

 

 

 

Mas o que eu mais quero neste momento é mais uma vez conseguir refutar Malthus, com o surgimento de medicamentos que possam resolver os problemas de saúde que estamos vivenciando no momento, não somente o do COVID-19 que conforme informações da Organização Mundial de Saúde na data da escrita deste artigo (20/03/2020), apontavam segundo o seu painel de acompanhamento do COVID-19 quase 210 mil casos confirmados, com 8.778 mortes em 168 países, como também o de diversas outras enfermidades que levam diversas pessoas. Cabe registrar que a Organização Mundial de Saúde acompanha as principais causas de morte e entre as principais temos: no topo – a doença isquêmica do coração e o derrame; doença pulmonar obstrutiva crônica; câncer de pulmão; diabetes; demências; infecções respiratórias; diarreias; tuberculose e o HIV/AIDS.

O Diretor Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, deu a seguinte declaração sobre os impactos do COVID-19  "... a manutenção de fluxos abertos de comércio e investimento será crucial para proteger o emprego, evitar a quebra da cadeia de suprimentos e garantir que produtos essenciais não se tornem inacessíveis para os consumidores". E quando a recuperação começar, o comércio será crítico para que as economias voltem a todo vapor novamente. Se os países puderem aproveitar o crescimento um do outro à medida que ocorrerem, nossas economias se recuperarão mais rapidamente do que se tentarmos agir sozinhos. ” Vê-se que a opinião do dirigente da OMC é que com a cooperação econômica entre as nações poderemos atravessar a tormenta e iniciar um processo de recuperação econômica mundial.

O Banco Mundial como organismo internacional juntamente com os Conselhos de Administração da IFC (braço financeiro do Banco), aprovaram recentemente um pacote de US$ 14 bilhões em financiamento para ajudar empresas e países em seus esforços para prevenir, detectar e responder à rápida disseminação do COVID-19. O pacote fortalecerá os sistemas nacionais de preparação para a saúde pública, inclusive para contenção, diagnóstico e tratamento de doenças, e apoiará o setor privado.

Para o Presidente do Banco Mundial, David Malpass, é essencial que reduzamos o tempo de recuperação econômica e este pacote fornecerá apoio urgente às empresas e seus trabalhadores para reduzir o impacto financeiro e econômico da disseminação do COVID-19.

No Brasil, o Ministério da Economia já adotou algumas medidas visando injetar quase R$ 200 bilhões na economia, grande parte (R$ 83,4 bilhões) direcionados para a população mais idosa e quase R$ 60 bilhões irão para a manutenção de empregos.

E como economista espero que tenhamos de volta a liquidez que os países necessitam para reversão do aperto existente nas condições financeiras, além de políticas de estabilidade financeira capazes de manter a continuidade mais justa da espécie humana, mas uma certeza tenho, estaremos mais pobres, mas continuaremos vivos e evoluindo na longevidade.

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