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Caso Jonatha: polícia não aponta quem o matou
Cotidiano 24/08/2012 18h45


Por Fernanda Araujo

Mesmo com a finalização do inquérito policial sobre a morte do jovem Jonatha Carvalho dos Anjos, 16 anos, que aconteceu em março deste ano, a polícia não conseguiu apontar quem o matou.

Segundo o delegado à frente do caso, Jonathas Evangelista, o inquérito será entregue à Justiça hoje. “Não foram encontradas provas técnicas, testemunhais, vestígios ou evidências da autoria do delito. A gente deixou de indiciar os policiais investigados. Continuaremos investigando e passaremos o inquérito policial à Justiça e ao Ministério Público, para que apontem erros que possam ter ocorrido, omissões e que indiquem outras diligências que sejam solicitadas à Polícia Civil”, explica.

Na coletiva de imprensa realizada na Superintendência da Polícia Civil, nesta sexta-feira (24), o delegado relatou todo o histórico do processo investigativo. Segundo ele, após alguns meses do crime, foram feitas duas varreduras no local, que aparentava não estar preservado e com o mato capinado. No segundo teste balístico foram constatados alguns objetos, porém nada que pudesse identificar o criminoso.

O primeiro laudo do IML aponta que o corpo de Jonatha foi encontrado nas margens da BR, estava em avançado estado de decomposição, exposto por muito tempo ao sol. Questionado se não havia possibilidade de ocultação do cadáver, o laudo completa que as roupas não estavam queimadas e o corpo não apresentava sinais de carbonização. Foi levantada também a possibilidade do adolescente ter sido torturado, entretanto, a perícia diz que o corpo só apresentava lesões no local dos disparos e que não havia nenhum outro sinal de lesão.

A novidade é que a polícia pode ter descoberto o paradeiro de uma pessoa, conhecido como ‘Biscui’, que passava de motocicleta pela BR. A polícia acredita que ele pode estar envolvido no crime Jonatha. A prisão dele poderá finalizar as investigações também sobre a morte do PM Elder e ajudar a esclarecer a morte de Jonatha. A morte de Anderson de Jesus Oliveira, Ricardo André Carvalho Pimentel (primo de Jonatha) e Eraldo Santos de Jesus foi desencadeada pelo assassinato do policial militar Elder Freitas, no bairro Santa Maria, no dia 1 º de março.  Os três foram suspeitos da morte do PM.

A mãe de Jonatha, Patrícia Ayres, não acredita que o corpo de seu filho estava exposto ao sol como afirma a perícia. “Infelizmente eu vou sair sem resposta. A gente sabe quem matou, mas não temos prova. O que eu sei é que meu filho foi morto junto com os outros e que ocultaram o corpo dele e disseram que o corpo estava exposto ao sol. O corpo não estava exposto porque senão os urubus seriam os primeiros a encontrar. Nós temos uma polícia que está deixando a desejar. Eu não posso afirmar que a polícia está escondendo alguma coisa, eu acho que essa investigação foi um fracasso”.

Ela completa ainda que vai à Brasília para que o caso tome proporções nacionais. “Isso não acabou ainda, só está começando, porque isso vai tomar proporções nacionais. Eu vou atender aos convites que me fizeram, vou até Brasília, em seguida a São Paulo e ao Rio de Janeiro conceder entrevista. Vamos à busca da verdade. Eu tenho direito de saber como mãe e como cidadã quem matou o meu filho”.

Processo investigativo

As investigações estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público, OAB e pela Ouvidoria dos Direitos Humanos do Estado de Sergipe.

No primeiro levantamento, se constatou que, na noite do dia 3 de março, Jonatha, Ricardo e Anderson saíram da Aracaju em um Corsa prata em direção a Neópolis planejando encontrar Eraldo. “A família alega que Jonatha não costumava sair com esses rapazes e nem com o primo, no entanto, nesse dia ele resolveu ir à Neópolis com Ricardo”, diz o delegado.

Foi passado pela família que o motivo da viagem seria uma festa em Neópolis, porém a polícia não conseguiu constatar até o momento. A saída de Jonatha de Aracaju foi confirmada, menos a sua chegada a Neópolis. Com declarações da esposa de Eraldo, três homens haviam chegado com uma Corsa prata à procura de seu esposo, porém ela não reconheceu Jonatha. Até então, ele fica desaparecido.

De volta de Neópolis a Aracaju, a polícia recebeu ordens para prender o suspeito Eraldo que teria matado o policial Elder, e montaram uma barreira na BR. Sobre o suposto confronto com a polícia, o delegado Evangelista destaca que até o momento não foram identificadas testemunhas oculares do embate da polícia com Eraldo, Ricardo e Anderson. “O local da abordagem é ermo e a abordagem foi realizada à noite. Nós reconstruímos o caso e todos os policiais que participaram da operação informam que no momento da abordagem havia três indivíduos, posteriormente reconhecidos por Eraldo, Ricardo e Anderson”.

Durante a abordagem, após a formação da barreira policial, um veículo Uno foi parado e liberado pela barreira. Depois uma motocicleta furou a barreira. Alguns questionamentos foram levantados porque os policiais não perseguiram imediatamente a motocicleta. “Eles receberam uma missão de interceptar o veículo que estava vindo de Neópolis para efetuar a prisão de Eraldo. Seguiram com a missão e, imediatamente após abordagem e a prestação de socorro aos feridos, eles iniciaram a procura da motocicleta e dos motociclistas. Mas não encontraram. Uma nova ordem de missão foi feita por mim para que os meus policiais tentassem localizar a motocicleta, mas não obtivemos êxito. Temos algumas informações que surgiram posteriormente sobre a motocicleta e estamos verificando”, explica o delegado.

O corpo de Jonatha foi encontrado no dia 23 de abril nessa mesma rodovia a cerca de oito quilômetros antes do obstáculo policial, em sentido a Neópolis.  Ainda com base nas declarações dos familiares, foi dito que Jonatha estava portando um aparelho celular quando saiu de casa. “Foi feito uma interceptação do telefone dele, mas nada de elucidativo foi observado”. O laudo do IML aponta que o adolescente faleceu por traumatismo craniano causado por ferimentos dos tiros de arma de fogo.

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