Sergipana de Itabaianinha, a arquiteta Conceição Prado acompanhou uma verdadeira revolução tecnológica em sua carreira, desde que se formou pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA em 1975. 

No ano seguinte, ela dava início a suas atividades profissionais na Prefeitura Municipal de Aracaju e, ainda em 1976, se tornava delegada do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Secção da Bahia.

A extensa trajetória de Conceição Prado inclui, em 1977, se agregar como arquiteta à equipe multidisciplinar do Escritório Técnico Administrativo que instrumentalizou a implantação e construção da Cidade Universitária da UFS, em São Cristóvão. O complexo acadêmico recebeu o nome do então reitor da instituição, no exercício de seu último cargo público: o professor e ex-prefeito de Aracaju José Aloísio de Campos.

A arquiteta trabalhou na Prefeitura do campus que ajudou a construir até se aposentar em 2006. Lá exerceu vários cargos diretivos, inclusive a de prefeita da Cidade Universitária.  Um intervalo ocorreu em 1993, quando Conceição Prado assumiu o comando da Superintendência de Planejamento Urbano (Suplan), na gestão do ex-prefeito de Aracaju Jackson Barreto.

No dia 11 de dezembro passado, ela recebeu um prêmio da atual diretoria do IAB/SE - representada pela presidente Renata Sachs e pelo vice-presidente Elso Moisinho -, entregue no encerramento da Casa Cor Sergipe 2022, onde também foi montado um ambiente em sua homenagem.

F5 News conversou com a arquiteta para a entrevista a seguir.

F5 News – A senhora foi uma das fundadoras do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) em Sergipe. Como se deu esse processo e no que ele contribuiu para o aprimoramento do exercício da profissão no estado?

Conceição Prado - Como éramos secção da Bahia precisávamos, para ter autonomia, transformá-lo em Departamento; isso ocorreu durante meu mandato em 1977. Foi um marco para a nossa profissão, pois o IAB tem como objetivo fomentar a discussão da arquitetura e do urbanismo e divulgar a profissão perante a sociedade brasileira.

F5 News – Agora trabalhando em sociedade com sua filha, a também arquiteta Maira Prado, a senhora já disse ter dado uma “repaginada” em sua carreira, iniciada em 76. Como lidou com tantas mudanças na dinâmica do trabalho, que foi da prancheta para complexos programas de computador?

Conceição - Pra mim, a mudança foi acontecendo gradativamente sem prejuízo no andamento dos projetos desenvolvido pelo escritório. Com o surgimento das novas tecnologias de trabalho, procurei me atualizar através de cursos da área de informática, como o AutoCad. Apesar de ter sido um processo que demandou muito esforço, consegui superar e me adaptar às novas exigências do mercado. Não posso esquecer do quanto foi importante a colaboração de Maira e dos nossos estagiários.

F5 News – Em seu discurso ao receber o prêmio, a senhora diz que o primeiro evento do IAB instituído em Sergipe “foi muito bom porque ninguém sabia quem era arquiteto ou o que se fazia de arquitetura no estado, porque éramos poucos e as pessoas trabalhavam muito com desenhistas”. Ao longo de décadas, esse panorama se alterou até que ponto?

Conceição - Com a criação do departamento passamos a fazer parte do conselho do CREA/SE, órgão responsável pela regulamentação e fiscalização dos profissionais da engenharia e arquitetura no estado de Sergipe. A partir daí, passou a ocorrer a contratação de arquitetos pelos órgãos municipais, estaduais e empresas da construção civil. Nesse ano de 1977, o IAB/SE se apresenta à sociedade através de eventos como o Seminário sobre Política Urbana (foto), que obteve o apoio e a participação de todos os órgãos públicos e da sociedade em geral.

Promovemos também o concurso público a nível nacional do Parque da Cidade, localizado no Morro do Urubu, em Aracaju. Todas essas ações foram importantes para o fortalecimento da entidade e a valorização da profissão a nível estadual.

F5 News – Em sua extensa carreira, o que mais chama a atenção da senhora nas mudanças estéticas e profissionais da Arquitetura sergipana?

Conceição - Com a criação dos cursos de arquitetura da Unit e da UFS, a demanda de profissionais nessa área foi grande. Hoje temos excelentes profissionais que atuam em todas as áreas, tanto em projetos residenciais, comerciais, institucionais e de interiores, como também em urbanismo.

Com a participação desses profissionais que passaram a ser cada vez mais requisitados, as cidades sergipanas ganharam em qualidade de vida, beleza e sustentabilidade.

F5 News – Como a senhora avalia o mercado sergipano da Arquitetura? Quais as perspectivas para 2023?

Conceição - Acho promissor, pois temos profissionais gabaritados e antenados com as novas tendências e as transformações por conta das inovações tecnológicas. Minha expectativa para 2023 é que cada vez mais profissionais do ramo sejam requisitados, compondo aquilo que podemos chamar de arquiteto do futuro.

F5 News - O que propõe a arquitetura do futuro?

Conceição - É a arquitetura visualizada como uma área incrivelmente promissora, pela sua ligação com a qualidade de vida, sustentabilidade e outras tendências, como as novas tecnologias – a exemplo da Internet das coisas -, e a mobilidade corporativa, ou seja,  adequar os espaços fora das empresas, como residências, a fim de acomodar os profissionais que passam a trabalhar em casa.

 As casas do futuro cumprirão também o papel de dar independência a pessoas portadoras de necessidades especiais, ou mesmo idosas, que precisam da residência adaptada, principalmente se moram sozinhas.