Dia da Sergipanidade: orgulho, identidade e pertencimento à nossa terra
Historiadores comentam representações da data e desafios da sergipanidade hoje Cotidiano | Por Emerson Esteves* 24/10/2020 07h45O amendoim cozido, o caranguejo, a literatura de cordel, o rio São Francisco e todas as manifestações culturais, artísticas e religiosas de Sergipe são certamente elementos identitários da cultura sergipana. O “país do forró” possui uma data que simboliza e sintetiza todo o orgulho de pertencimento e ressalta o prazer em ser filho dessa terra: o Dia da Sergipanidade, comemorado em 24 de outubro, nasceu com essa proposta.
Sobre o conflito entre as duas datas, o historiador Paulo Roberto Nascimento destaca: “Com o passar do tempo se resolveu porque era um conflito, dois feriados de uma mesma data, de uma mesma comemoração, do mesmo fato histórico. Então, Sergipe ficou com a carta original que seria no dia 8 de julho, Sergipe Del Rey. E dia 24 de outubro ficou como uma data simbólica da sergipanidade para não passar em branco e ela passou a ser uma data simbólica que era dedicada a todo o laço cultural do estado de Sergipe”, disse.
Assim o Dia da Sergipanidade se consolidou como uma data que lembra e exalta as riquezas e belezas do menor estado do Brasil, no incentivo à valorização de matas, rios, praias, sotaque, comidas típicas e outras variadas manifestações culturais - enfim, o cadinho de valores e características identitárias do sergipano.“A Sergipanidade é a característica de cada cidadão sergipano. Seu comportamento, seu costume, a sua maneira de receber seu lado positivo. A hospitalidade do povo sergipano, que recebe pessoas de outros estados com o maior carinho, com sorriso, um povo alegre. A sergipanidade representa também as três contribuições: a do negro, as matrizes africanas que chegaram em Sergipe; o indígena que já habitava o território e o branco europeu, que também teve sua contribuição na arquitetura e em lados de comportamentos e costumes”, ressalta o historiador Paulo Roberto. Segundo ele, tal herança cultural transcendeu gerações através da oralidade dos mais velhos para os mais novos.
O que revela a Sergipanidade hoje? Os desafios atuais
“Me preocupa essa questão do pertencimento, identidade e da sergipanidade. Essa onda de informação, de mídia social, a internet, essa grande globalização de culturas estrangeiras e de outros estados que são consumidas aqui, principalmente pelos nossos jovens, através das mídias sociais, ela acaba trazendo junto um vírus”, avalia o historiador Igor Andrade sobre os principais embates que a sergipanidade precisa enfrentar atualmente e isso se reflete diretamente nas novas gerações e na forma com que se relacionam com a cultura local.
“A gente percebe crianças pequenas falando carioca, falando com o sotaque de São Paulo e isso é devido ao consumo de outras culturas. Eu percebo que são necessárias políticas públicas que trabalhem o acolhimento da cultura da história de Sergipe e levem a cultura e a história de seu povo principalmente para os jovens, para que eles se sintam pertencentes ao local”, complementa Igor Andrade.
Bicentenário de Sergipe
Em 2020, Sergipe comemorou os 200 anos de independência da Bahia. “Para constituir uma história de duzentos anos foi uma luta de sangria, de muitas mortes. Para erguer a própria história do Estado, existiram lutas políticas”, relata Paulo Roberto.
“As regiões do estado do Sergipe, a bacia hidrográfica por onde entravam e saiam as grandes populações, o lado religioso, a construção de cidadse, todos os 200 anos foram bem trabalhados politicamente, cada cidade tem uma característica. Cada componente daquela cidade tem a sua história”, afirma o historiador.
Em Lagarto existem os Parafusos; em Carmópolis, os Bacamarteiros; em Laranjeiras, diversos grupos folclóricos, como São Gonçalo, samba de parelha, a Mussuca, o Lambe Sujo e Caboclinhos; a caceteira em São Cristóvão e o barco de fogo de Estância são apenas alguns dos exemplos manifestações culturais que ajudam a entender como se deu a história do estado, também no aspecto social, e apontam para formas de ser sergipano e sentir o território.
Felizberto Freire, João Ribeiro, Silva Romero, Edite Vinhas, Fausto Cardoso, Monsenhor Eraldo, Luiz Antônio Barreto, Augusto Franco, Beatriz Nascimento, Dona Nadir da Mussuca, Amorosa, Zé Peixe, Zé Américo do Campo do Brito, Maria Feliciana, o que não falta são ícones de orgulho da terra sergipana. Capital, interior, litoral, sertão, sul e norte, onde está a sua sergipanidade? Participe da ação no stories do instagram @f5news. Clique aqui.
*Estagiário sob a supervisão do jornalista Will Rodriguez