Doenças e degradação ambiental se relacionam, dizem especialistas | F5 News - Sergipe Atualizado

Dia do Meio Ambiente
Doenças e degradação ambiental se relacionam, dizem especialistas
Ato em Brasília protesta contra “retrocesso na política ambiental brasileira”
Cotidiano | Por Monica Pinto 05/06/2020 17h29


Hoje é Dia Mundial do Meio Ambiente e ele acontece este ano em meio a um desafio nunca antes vivido pela humanidade, a pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 390 mil pessoas pelo mundo e, até ontem, mais de 34 mil brasileiros – isso no âmbito das mortes comprovadamente causadas pela covid-19. Porém, vários estudos atestam que se verifica ao menos um aspecto positivo nesse cenário: proporcionar um certo “descanso” aos recursos naturais e à biodiversidade, incluída a espécie humana. Isso se operou a partir do isolamento social de grande parte da população de vários países e da interrupção de uma ampla gama de atividades produtivas - fatores que, em paralelo, também suscitam preocupações de ordem econômica e social.

A redução no tráfego de automóveis e do trabalho de indústrias são dois aspectos que teriam contribuído para a melhoria da qualidade do ar em escala planetária, assim como os cursos de água se mostram mais limpos, dos canais de Veneza, na Itália, à tradicionalmente poluída baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, alvo de reportagens recentes na imprensa brasileira pelo ineditismo de apresentar águas cristalinas.

Mas talvez um dos maiores saldos da pandemia de covid-19 será tornar mais visível a estreita relação entre sociedade-meio ambiente-economia, conforme expõem em artigo no portal O Eco os pesquisadores Angela Welters e Junior Garcia - ela coordenadora do Núcleo de Estudos em Economia Social e Demografia Econômica; ele, coordenador do Grupo de Estudos em MacroEconomia Ecológica, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  

“A cada novo evento climático ou ‘desastre ambiental’, a sociedade mais vulnerável tem amargado perdas incomensuráveis, com a perda de milhares de vidas e bilhões de dólares em perdas materiais. Os surtos de doenças infecciosas transferidas de animais para humanos, por exemplo, revelam outra interface da relação sociedade-meio ambiente-economia, os quais têm chamado a atenção internacional nos últimos tempos. No período recente a sociedade já vivenciou surtos de Ebola, gripe aviária, gripe suína (H1N1), Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), Síndrome Respiratória Aguda Súbita (SARS), vírus do Nilo Ocidental, Zikavírus, entre outras”, dizem os especialistas.

“O que ainda não tem sido incluído na devida medida neste debate são as mudanças sociais e econômicas necessárias para recuperar e proteger os ecossistemas. Está claro que dependemos do meio ambiente, e não o contrário, e que as crises recentes enfrentadas pela sociedade têm uma importante interface ecológica”, completam.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que março registrou a segunda maior taxa de desmatamento para o mês dos últimos cinco anos, o que levou os pesquisadores a afirmarem: “nem mesmo uma pandemia é capaz de conter o desmatamento no Brasil”. E prosseguem: “Mesmo com tantas evidências e alertas, a sociedade tem se comportado de maneira indiferente com o fundamental papel exercido por ecossistemas preservados para a qualidade de vida. Desse modo, não faz sentido pensar um mundo pós-pandemia do Covid-19 sem uma mudança na relação sociedade-meio ambiente-economia”.

Embates

A interdependência entre a operação de atividades econômicas e a boa qualidade ambiental é foco de tensão no Brasil atual. Um protesto foi realizado hoje pela manhã, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), por um pequeno grupo de manifestantes, formado por servidores de órgãos sob a gestão do Ministério do Meio Ambiente, a exemplo do Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com apoio da Associação Nacional dos Servidores Ambientais (Ascema). A organização do evento mobilizou deliberadamente apenas cerca de 50 pessoas, “com distanciamento social, uso de máscaras e de álcool gel”, que se colocaram “em defesa da vida e do meio ambiente” e pedindo o “fim da gestão Salles” no MMA, em alusão ao ministro Ricardo Salles.  

“Esse ato foi para mandar o recado do quanto é importante a gente manter o ambiente preservado, especialmente no Brasil, que tem a maior floresta tropical do mundo, com a maior biodiversidade do mundo. São coisas que estão se perdendo nesse governo, não são prioridade para esse pessoal”, disse com exclusividade ao F5News Alexandre Gontijo, presidente da Associação dos Servidores do Ibama no Distrito Federal (Asibama/DF). “Eles equivocadamente acreditam que o meio ambiente é um entrave para o desenvolvimento, sendo que é a base para o desenvolvimento, não há chuvas nas regiões Sul e Sudeste sem a Amazônia. A ciência mostra isso, sabemos como é o processo dos rios voadores. Portanto, perder isso que a gente tem é um tiro no pé em todos os sentidos. Infelizmente, o governo não entende e não leva em consideração os dados científicos”, disse ainda o sindicalista ao F5News.

Gontijo adverte também que qualquer impacto negativo na floresta amazônica é praticamente impossível de ser revertido. “Demora milhares, até milhões de anos, para se formar. Se a gente perde espécies, elas também não voltam mais; é preciso entender que a própria biodiversidade que existe lá pode nos dar recursos importantes, inclusive econômicos, que a floresta desempenha papel muito importante na manutenção da própria economia, do próprio agronegócio. Quantos trilhões (de reais) vale a chuva que cai no Sul e no Sudeste, que produz tanto alimento para o nosso país? Isso que queremos mostrar à sociedade, para que possa reagir a esse retrocesso da política ambiental”, completa.

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