Entendendo os números do covid-19 para este dia 21 em Sergipe | F5 News - Sergipe Atualizado

OPINIÃO
Entendendo os números do covid-19 para este dia 21 em Sergipe
Estado pode e deve melhorar acompanhamento da covid-19 em seu território
Cotidiano | Por José Otávio Soares (*) 22/05/2020 17h03 - Atualizado em 23/05/2020 12h43


Precisamos entender os números. Tirar dos números seu real significado. Por exemplo, quando ouço que Aracaju tem 2.843 casos de Covid-19, fico pensando que é uma pena que não sejam 660 mil. Calma, não fiquei insano! O que realmente importa, são os casos graves, os internados em UTI, que no caso de TODO Estado de Sergipe são de 73 pessoas, com a Taxa de Ocupação de 57% dos leitos de UTI públicos e 41% dos leitos de UTI privados – ou seja, números bastante confortáveis.

Vamos a outro número, a assustadora taxa de letalidade, critério também bastante importante, mas inútil, se a testagem é muito baixa, como de forma geral em Aracaju e no nosso Estado de Sergipe.
Se não vejamos, taxa de letalidade de Aracaju, com 33 mortos, é de 1,2%. Taxa de letalidade de Gararu é de 50%. Por que? Obviamente a testagem aqui comprovou 2843 contaminados, enquanto em Gararu foram apenas dois. Com certeza testamos muito mais na Capital, além de outra distorção possível, se partirmos do princípio que a taxa está correta, e se apenas duas pessoas foram contaminadas em Gararu, basta morrer uma delas e já teremos uma taxa de letalidade assombrosa, de 50%!!! Ou seja, resumindo: da forma apresentada, esse número não serve para nada.

Vamos então a outro percentual importante, o de aumento de número de óbitos, do dia 21 agora em relação ao dia anterior, que foi de 10.1% - um aumento significativo. Mas o que não está explicitado é quantos óbitos realmente ocorreram nessas últimas 24 horas. Explico, como o resultado dos exames demora, é praxe, não só em Sergipe, como nos demais Estados, óbitos de dias anteriores estarem sendo acrescidos em datas muito à frente. Algo completamente errado, para avaliar a evolução da doença. Deveriam ser computados nos dias em que realmente ocorreu o óbito, do contrário, ficamos com a curva de evolução da doença completamente distorcida.

Vamos agora à relação de óbitos, e suas comorbidades. Primeiro um dado que chama muito a atenção, o fato que, dos 76 mortos do Estado de Sergipe, dez tinham 90 anos ou mais - ou seja, mais de 13 % dos mortos era de nonagenários, espantoso! Se somarmos com os nove óbitos, de pessoas com mais de 80 anos, chegaremos à conclusão bastante relevante de que 25%, ou seja, 1 em cada 4 dos mortos, tinha mais de 80 anos.

Quanto às comorbidades, morreram cinco pessoas portadoras de câncer, 16 cardiopatas, três com AVC prévio e várias outras com diabetes e enfisema pulmonar, entre outras doenças pré-existentes. Apenas 16 dos óbitos, ou seja 21%, foram de pessoas sem comorbidades evidentes.

Vamos seguir analisando o Aplicativo Monitora Covid-19: foram 5.288 downloads, com apenas 774 sintomáticos e somente 73 com gravidade explícita. Isso em todo período de disponibilidade do Aplicativo, ou seja, desde 22 de abril passado. Se olharmos o gráfico, que merecia ser maior e mais detalhado, veremos que, no dia 21 de maio, todas as linhas que demonstrariam a evolução por grau de risco estão zeradas ou próximas de zero. O gráfico tem que ser melhorado.

Olhando outro gráfico, o do Lacen (abaixo), também é possível observar grosseiramente que, desde o dia primeiro de abril, foram detectados em torno de outros 150 contaminados, com H1N1, Influenza A e B, e outros vírus do Sistema Respiratório. Isso levanta um questionamento importante, quantos mortos por pneumonia não associada ao covid-19 tivemos nesse período? Esses números merecem um detalhamento mais preciso.

Finalizando, Sergipe pode e deve melhorar o acompanhamento da covid-19 em seu território. Mas com os dados que temos, acredito que já deveríamos estar concluindo um Plano de Abertura Gradual das Atividades no Estado. E pensar o óbvio, manter todos os cuidados de distanciamento social, e de higiene e descontaminação obrigatórios.

E concluir que, se formos esperar uma cura ou vacina para retomar as atividades econômicas, vamos condenar parcela considerável da população à fome, ao desamparo e com certeza a um aumento geométrico de mortes por todas as causas.

(*) É engenheiro civil.

Edição de texto: Monica Pinto
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