Civil prende seis supostos envolvidos em crime da Serra da Miaba | F5 News - Sergipe Atualizado

Civil prende seis supostos envolvidos em crime da Serra da Miaba
Quatro pessoas são investigadas por sequestro, tentativa de homicidio e estupro
Cotidiano | Por Saullo Hipolito 19/10/2020 11h20 - Atualizado em 19/10/2020 12h10


A Polícia Civil afirma ter elucidado o caso da universitária baiana Joana Gabriela Coutinho Soares, de 21 anos, localizada no domingo (4) após desaparecer na Serra da Miaba, em São Domingos, Agreste de Sergipe. Seis pessoas foram presas de forma preventiva durante a investigação. Ryan Vinicius Lima da Silva, Maycon Douglas Nunes, Lucas Diego Bustos e Alfredo Maria Ruiz são investigados, sob suspeita de sequestro, tentativa de homicidio, estupro e tráfico de drogas. O suspeito Domingos dos Santos vai responder por tráfico de drogas e o sexto, Ruiz Matias, foi preso por tráfico de drogas.

Em coletiva realizada na manhã desta segunda-feira (19), o delegado Wilkson Vasco afirmou que cerca de 30 pessoas foram ouvidas para falar sobre o caso. Mas o depoimento principal para sua resolução foi o da própria jovem baiana, com duração aproximada de 1h20.

Joana, que faz Engenharia Ambiental na Universidade de São Paulo (USP), disse que conheceu o sergipano Ryan no dia 14 de setembro, por uma rede social. Ela aproveitou que estava em Sergipe visitando a irmã e saiu duas vezes com ele, antes de aceitar o convite para subir a Serra da Miaba, no dia 28 de setembro.

Acostumada as aventuras em trilhas, a jovem de 21 anos estava fazendo o percurso desse local pela primeira vez, diferentemente do companheiro que, segundo a polícia, era acostumado a passar dias acampado na região, conhecedor da área, porém não atuante como guia profissional.

Até chegar propriamente no local, os dois enfrentaram dificuldades em conseguir transporte, precisando ir a pé da cidade de Campo do Brito a São Domingos. No dia 29 de setembro, na parte baixa da trilha, eles pararam em uma mercearia e compraram diversos mantimentos, dentre eles uma bebida à base de cogumelo, composta por alucinógenos e ilícita.

Joana afirmou em depoimento que consumiu a substância e ao longo da trilha começou a passar mal, ficando desorientada. Foi nesse momento que Ryan, segundo ela, encontrou com quatro conhecidos: Maikon - um piauiense -, Alfredo Maria Ruiz, Lucas e Ruiz Mathias - argentinos; e pediu ajuda a eles. No decorrer do dia, ela ficou ainda mais desorientada, acreditando ter sido drogada, de forma involuntária, por LSD, substância que já havia sido oferecida por Ryan a ela e recusada.

Em um dos momentos de consciência, ainda no dia 29, ela escutou de um dos homens que se ficasse em silêncio acontecia um processo de cura, mas a recuperação da vítima se deu apenas no dia seguinte, quando ela afirmou que só bebeu e comeu produtos levados por ela, com receio diante da suposição de que tinha sido drogada.

Nesse dia, decide ir embora. Sempre conforme o depoimento de Joana, ao ver que ela desarmava a barraca, Ryan reluta, é quando os dois argentinos reaparecem, agora no acampamento, e fazem ameaças, indicando que ela não poderia ir embora e que teriam que passar no acampamento deles.

Já assustada, a jovem chama o companheiro para uma aventura, tentativa de ludibriá-lo e fugir dos outros rapazes. Joana afirmou que tomou o destino contrário, sendo acompanhada por Ryan e detalhou que em determinado momento ela olhou para trás e o viu a sete metros mas continuou seu percurso, depois ela foi desacordada. Nesse momento, as buscas já tinham sido iniciadas.

Ao acordar, ela se viu em meio à Serra da Miaba - a Polícia Civil acredita que ela passou dois dias inconsciente -, mas sem conseguir se levantar, ela teve que engatinhar e percorreu de 500 metros a um quilômetro.

Antes de ser encontrada, a Polícia Civil trabalhava com diversas linhas de investigação e diversas pessoas auxiliavam na busca. Paralelo a isso, os familiares da jovem tentavam entrar em contato com Ryan, mas só conseguiram no domingo (4) - dia em que ela foi localizada -, entretanto, inicialmente ele levou a equipe de investigação a uma direção totalmente contrária ao local em que a moça estava.

Joana só foi localizada após uma equipe de busca encontrar um livro que deu o nome a operação: “O poder da esperança”. Seguindo a trilha a partir do achado, os voluntários se depararam com um local íngreme e de difícil acesso. Eles fizeram a volta e, ao chegar na parte baixa, próximo a um córrego, encontraram Joana, com rompimento do tímpano, larvas de moscas no couro cabeludo, em uma região que ficou com o osso exposto, após algo similar a uma pancada, e com diversas marcas roxas pelo corpo. Roupas e utensílios da universitária tinham sumido.

Segundo testemunhas, todos esses ferimentos foram apontados por Ryan momentos depois dele chegar no local, mesmo sem ver a garota, que estava coberta. Outro fato que despertou a suspeita dos presentes em relação a Ryan foi quando pediram que fosse buscar ajuda e ele subiu o local íngreme com bastante facilidade. Momentos depois, o suspeito desceu com o livro enrolado em um pano, afirmando que havia perdido há meses na região - o que ficou comprovado como mentira pelo bom estado físico do objeto.

Depoimento e reconstituição

Durante a investigação, que corria sob sigilo, a jovem prestou depoimento no dia 7 de outubro. As informações detalhadas ajudaram a Polícia Civil a fazer a reconstituição do crime um dia depois. Nessa data também os argentinos Lucas e Alfredo Maria Ruiz, além do piauiense Lucas foram localizados. Eles estavam com maconha e LCD e foram presos. Ainda foram apreendidos um facão e um machado em posse dos argentinos.

Nesse trabalho, a Polícia Civil também localizou os pertences retirados de Joana, que estavam escondidos. Entre eles estava uma pochete, que Joana afirmou à Polícia ser impossível de remover sem a ação humana.

No dia 13 de outubro, a Polícia prendeu um homem identificado como Domingos dos Santos, dono de uma mercearia e um bar no pé da Serra da Miaba, onde vendia alimentação e bebidas, entre elas, essa bebida comprada por Ryan com substâncias alucinógenas. Ele é acusado de tráfico de drogas, já que a substância é assim identificada pela Anvisa.

As prisões se encerraram na última sexta-feira (16), quando foram detidos Lucas, morando na Serra da Miaba, e Ryan, que estava em Aracaju. Ao ser interrogado sobre o livro, este confirmou que era o dono e indicou duas casas que ele poderia estar, dentre elas a casa do pai, local onde foram realizadas buscas sem êxito, o que levou a Polícia a concluir que ele teria destruído o livro.

As prisões foram feitas pela Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core). As investigações e a reconstituição também contaram com o apoio do Instituto Médico Legal (IML), Instituto de Criminalística (IC), Coordenadoria Geral de Perícias (Cogerp), Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Divisão de Inteligência (Dipol), Coordenadoria de Polícia Civil do interior (Copci), Delegacia de Frei Paulo e Ribeirópolis e 1ª Delegacia Metropolitana (1ª DM).

Perícia

De acordo com a perícia, além de ter sido drogada, há a possibilidade da jovem também ter sido violentada. Segundo o médico legista, o exame genital na vítima foi realizado, mas não ficou evidenciado sinal de coito recente. A análise para a presença de espermatozóides foi negativa, no entanto, nesse caso, a camisinha poderia evitar essa presença. Conforme informado pelo diretor do Instituto Médico Legal (IML), Victor Vasconcelos, o que confirma a violência sexual é o depoimento da vítima.

Além dessa situação, também foram realizadas perícias preliminares, com coleta de sangue e urina, além de larvas encontradas comendo a parte viva do couro cabeludo da vítima. Essas larvas eram de moscas e estavam entre o primeiro e segundo estágio no ferimento contundente da cabeça, que tinha uma circunferência de seis centímetros - o que levou à constatação de lesão recente, com um período mínimo de cinco dias de evolução.

As análises também comprovaram que Joana chegou desidratada, fato que auxiliou na desorientação. Ela apresentava traumatismo craniano e foram identificadas manchas de sangue nas roupas. Joana permanece internada no Huse.

Investigação paralela

Os dois argentinos também são investigados por ameaçar e drogar outras pessoas, além de Joana. Um dia após a oitiva da baiana, outra vítima alegou que foi ameaçada no dia 1º de outubro por eles, com a faca e o machado apreendido no dia da reconstituição - 8 de outubro.

Denúncias

A Polícia Civil solicita que informações de envolvimentos dos argentinos em outros possíveis crimes, como o da Serra da Miaba, sejam denunciados pelo Disque Denúncia 181 ou direto na delegacia de São Domingos, o sigilo é preservado.

Edição de texto: Monica Pinto
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