Os professores da rede pública de Sergipe entraram em greve contra a retomada das aulas presenciais para alunos do 1º e 2ª anos Fundamental, prevista para esta segunda-feira (10). De acordo com a categoria, o cenário da pandemia é grave no estado e voltar para a sala de aula poderá ser fatal a professores e alunos.  Por isso, eles pedem a suspensão do decreto governamental de retorno às aulas presenciais. 

“Adoecer de forma grave de covid-19 neste momento pode levar à morte. Até a elite, que pode pagar hospital privado, nesse momento, se adoecer não tem para onde ir, porque até as UTIs dos hospitais privados estão lotados”, disse a professora Ivonete Cruz, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica de Sergipe (Sintese), durante ato realizado na porta da Secretaria de Estado da Educação, Esporte e Cultura (Seduc), na manhã desta segunda-feira. 

O Sintese ainda não tem o levantamento de quantos professores aderiram ao movimento grevista, mas  pede que os profissionais mantenham o ensino remoto. Entre as pautas de reivindicação, o sindicato também está solicitando a criação de uma comissão, junto ao governo do Estado, visando que as medidas de segurança para o retorno do ensino presencial sejam discutidas com os profissionais. Além disso, os professores também pedem que a vacinação contra covid-19 seja aplicada antes do retorno às escolas. 

Segundo a Seduc, dos 9 mil professores da rede pública estadual, somente 576 devem retornar para o presencial. A secretaria afirmou ao F5 News que os professores promoveram aglomeração na sede do órgão durante a manifestação, contrariando o próprio posicionamento da categoria, que alega riscos de aglomerações nas unidades educacionais e maior contaminação por covid-19. 

O Sintese, por sua vez, rebate a informação e diz que o cumprimento de distanciamento durante o ato foi “melhor do que em uma sala de aula com 40 estudantes”. De acordo com o vice-presidente, Roberto Silva, a manifestação dos professores tem o objetivo de chamar atenção da sociedade e do poder público, para a possibilidade de mortes de professores com o retorno das aulas presenciais antes da vacinação da categoria. 

“Eles estão promovendo um banho de sangue nas escolas estaduais com esse anúncio inconsequente de retorno sem qualquer segurança. Hoje, iniciamos uma greve em defesa da vida. Uma greve pela vida de professores, dos merendeiros, porteiros, servidores de serviços gerais, e dos estudantes em geral, diz Silva. Estamos com 420 mil vidas perdidas nesse país, e a cada dia que passa a gente vê os gestores municipais e estaduais, naturalizando as mortes. Esse anúncio do retorno das aulas presenciais é um alinhamento ao pensamento do presidente da república, Jair Bolsonaro, de naturalizar as mortes por covid-19”, disse o professor. 

A Secretaria de Educação do Município de Aracaju informa que as aulas presenciais ainda não serão retomadas na capital. 

Governo do Estado

Em nota, o governo do Estado disse que a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura informa que, dos 43.326 alunos matriculados nos 1° e 2° anos do ensino fundamental da rede pública de ensino de Sergipe, apenas 6.678 são da rede estadual, o que significa 15% do total. 

"85% dos alunos autorizados a voltarem às aulas presenciais no dia de hoje (10/05) estão matriculados nas redes municipais, ou seja, cabe aos municípios a prerrogativa de decidir ou não pelo retorno presencial", diz.

A Seduc ainda destaca que das 324 escolas estaduais, 96 delas ofertam essa modalidade, cabendo aos pais e responsáveis o autorizo dos alunos às salas de aulas. Das 96, nesta segunda-feira, 10, 54 delas retornaram com as aulas presenciais. Os matriculados na rede estadual autorizados a retornarem serão acolhidos pela equipe técnica da escola com total segurança e infraestrutura dotada de equipamentos de proteção individual e coletivo, como determina a Organização Mundial de Saúde, além de uso de máscara obrigatória", disse o governo, em nota. 

Vacina

No fim de abril, o governador Belivaldo Chagas anunciou a inclusão dos profissionais de Educação na vacinação contra a Covid-19. Na última quinta-feira (6), ele solicitou que os municípios enviassem a lista de profissionais, no máximo até a próxima quarta-feira (12), para que o Estado possa iniciar a vacinação dos trabalhadores da área que retornarão às atividades presenciais. "A rede estadual já está com o seu levantamento pronto e o governo aguarda apenas o envio das listas dos municípios e da rede particular de ensino", acrescenta.