Dirigir sob efeito de álcool afeta as capacidades de julgamento do motorista, pois essa substância é um depressor do sistema nervoso central. Segundo o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, feito em 2019, o índice de consumo de álcool no Brasil é mais alarmante do que o do uso de substâncias ilícitas. A porcentagem de pessoas envolvidas em acidentes de trânsito sob o efeito de álcool foi de 0,7%. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2016 o álcool esteve relacionado a 36,7% dos acidentes de trânsito com homens e a 23% dos com mulheres no Brasil.

“Hoje a Lei Seca diz que o teor é zero, se você for pego com 0,2 mg/l de álcool expelido nos pulmões, você já está cometendo infração. Mas se o etilômetro constatar que o valor está acima de 0,33 mg/l, além da infração de trânsito, essa pessoa é detida e encaminhada à delegacia onde ela vai responder por um crime de trânsito. Tem a habilitação dela suspensa e pode ser arbitrada fiança”, disse o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Flávio Vasconcelos.

De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe (Detran), a incidência de motoristas autuados em razão de conduzir um veículo nessas condições diminuiu cerca de 22% em três anos. Em 2017 o total de motoristas flagrados em rodoviais estaduais foi de 514; em 2018, de 474 e em 2019, de 396.

Já nas rodovias federais de Sergipe, o resultado foi diferente: aumentou de 2018 para 2019 o número de pessoas detidas por embriaguez ao volante, fato atribuido à fiscalização mais incisiva, que inclui acréscimo em 80% na quantidade de testes realizados. 

“Um número que chama atenção são as pessoas detidas, são 149 [em 2019], se dividir por 365 dias, tem 0,4 pessoas por dia. Ou seja, uma proporção de, a cada três dias mais ou menos, mais de uma pessoa detida por embriaguez nas rodovias federais do estado”, disse o inspetor Flávio Vasconcelos.

O álcool, desde a sua ingestão até a reação do cérebro, leva entre 30 a 90 minutos. Ele é espalhado pela corrente sanguínea e chega a diversas partes do corpo. No cérebro, o primeiro efeito é liberar serotonina, um neurotransmissor associado à alegria e à satisfação, deixando as pessoas mais desinibidas e até aparentemente corajosas.

Passado esse primeiro momento, o álcool começa a enfraquecer o sistema nervoso central por aumentar a emissão do ácido gama-aminobutírico (GABA), outro neurotransmissor que, em quantidades elevadas, limita a capacidade de reação a estímulos, diminuindo inclusive a percepção visual.

Logo após o consumo, as primeiras reações serão fala arrastada, sonolência e alterações na visão e audição, devido aos efeitos do etanol no cérebro. Se ingerido em grandes quantidades, pode provocar náuseas e vômitos, pois o corpo tentará “se livrar” dos excessos, para que não haja consequências piores.

Os consumo desenfreado de álcool, a médio e longo prazos, afeta diversos órgãos. Mesmo em pequena dose, ao atuar sobre  nervos e células, deixa o motorista suscetível a dificuldades em realizar movimentos precisos, com seus reflexos cada vez mais lentos, além de perda do equilíbrio e da coordenação motora - condição física cujos riscos recaem diretamente sobre o trânsito.