Revisitando o Mercado Municipal de Aracaju aos 20 anos de sua reforma | F5 News - Sergipe Atualizado

Opinião
Revisitando o Mercado Municipal de Aracaju aos 20 anos de sua reforma
Cores, sabores e sons nos envolvem na viagem pela cultura nordestina dos mercados
Cotidiano | Por Ana Libório* 20/09/2020 12h10 - Atualizado em 20/09/2020 18h23


E lá se vão exatos  20 anos do longínquo 2000 quando foram, enfim , concluídas as obras de restauro dos Mercado Modelo Antônio Franco e  Mercado Auxiliar Thales Ferraz, complementando a intervenção urbana na área das atividades do Mercado Municipal de Aracaju, pois que a construção do complexo Mercado Novo Gina Franco e a traumática remoção dos feirantes, fora realizada dois anos antes, em 1998. E o que mudou de lá pra cá?  

Podemos dizer que a intervenção, apesar de eventuais problemas, foi altamente benéfica para a cidade. Em primeiro lugar, Aracaju redescobriu a sua história e o antigo cenário urbano se descortinou. Dois fatos nos marcaram na ocasião: os depoimentos dos mais idosos, que tiveram enfim a memória reavivada, e a redescoberta pelos mais jovens de ruas que jamais suspeitaram existir.  

E a partir disso passamos a integrar as políticas de preservação, uma vez que Aracaju, cidade nova e sem passado colonial,  nunca era incluída nos programas nacionais de  conservação do patrimônio histórico. Desde então tivemos vários monumentos restaurados, como o  Museu Palácio Olímpio Campos, o antigo Atheneuzinho refuncionalizado para Museu da Gente Sergipana e, mais recentemente, a antiga Alfândega, onde funciona o Centro Cultural de Aracaju.

Em resumo, Aracaju apaixonou-se pela cidade de Aracaju, ganhou em autoestima e o nosso Mercado Municipal passou a ser nosso mais visitado cartão postal. 

Com a desocupação e reestruturação urbana, através da demolição das construções que ocupavam ruas e calçadas, áreas foram redesenhadas para grandes concentrações e bolsões de estacionamento que, pela proximidade, servem também como estacionamento para a área do comércio formal totalmente reativada. Antes da obra, os imóveis estavam fechados em função da ocupação de ruas e calçadas.

Outra área remanescente de suma importância para a cidade foi a grande Praça de Eventos Hilton Gomes, criada entre os mercados e que, desde então, serve como palco para as grandes manifestações públicas e festas, a exemplo do Forró Caju que, qual o Pré Caju, introduziu Aracaju, mais uma vez, no calendário nacional dos grandes eventos.

Deste modo revisitando a obra, 20 anos depois de concluída, entendemos que as principais soluções pensadas no projeto se consolidaram e frutificaram sendo, hoje, um dos espaços mais movimentados e economicamente dinâmicos da cidade.  O Mercado Municipal é  hoje o mais importante shopping popular da cidade. Ali o aracajuano compra roupas, conserta sapatos e relógios, faz feira completa de frutas da estação, verduras, legumes e farinha. Compra ervas, beijus, tapiocas, castanha, queijos e todos os demais produtos típicos das feiras nordestinas em prédios construídos para esse fim, enquanto os turistas se perdem pelas lojas de artesanato de palha, cerâmicas e bordados. No final todos degustam a verdadeira culinária sergipana com carne do sol, macaxeira e pimenta, ao som de sanfoneiros como o famoso Zé Américo de Campo do Brito, que tem restaurante por lá.

Portanto, o objetivo principal do projeto de resgate da paisagem urbana do início do século XX, com a manutenção das funções de mercado como parte integrante do Centro comercial da capital, foi atingido. Porém, especialmente agora, depois do isolamento causado pela pandemia, já se evidencia aos poucos a volta da ocupação irregular, com um número crescente de camelôs, exatamente nas proximidades da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese).. 

Outro fator preocupante, também, é a necessidade de obras rotineiras de manutenção, apesar dos prédios estarem organizados internamente. E os Mercados antigos, Antônio Franco e Thales Ferraz, que estão sendo devagarinho descaracterizados com danos evidentes à obra, de certa  forma recente em se tratando de investimento público de porte significativo. Esse processo é o pontapé inicial para a situação de caos e desordem urbana que um dia se instalou por ali. 

Mas no geral o cheiro, cores, sabores e sons típicos das feiras nos envolvem naquela viagem pela cultura nordestina que só os mercados sabem ter. 

A elaboração do projeto - e principalmente a implantação da obra - foi uma grande aventura, verdadeira epopeía, realizada a quatro mãos. Eu fui a portabandeira, contando com o talento de Gândara Jr, a experiência de Osiris Souza Rocha (in memorian) e o perfeccionismo de Sheila Trope. 

* É arquiteta urbanista, responsável pela reforma dos mercados centrais de Aracaju, obra realizada em 2000, nas gestões de João Augusto Gama na Prefeitura de Aracaju e de Albano Franco, no Governo de Sergipe.


 

Edição de texto: Monica Pinto
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