Sergipano é preso por envolvimento em crime de furto de celulares
Polícia Civil indica que esquema nacional acontecia dentro de grandes festas Cotidiano | Por Saullo Hipolito 20/01/2020 11h38A Polícia Civil, por meio do Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope), desarticulou uma associação criminosa, que agia nacionalmente em furto, desbloqueio, extorsão e venda de celulares. Segundo os policiais, há um sergipano preso no esquema. Principal suspeito do esquema, ele produzia vídeos educativos para criminosos, no YouTube, ensinando outras pessoas a usar ferramenta para desbloquear celulares, e segue foragido.
Denominada Operação Eva, as investigações para tal crime tiveram início há cerca de um ano, após vários relatos de roubos de celulares em grandes festas espalhadas pelo Brasil. De acordo com a delegada Mayra Moinhos, pessoas recebiam cerca de R$ 50 por cada celular roubado durante as festas; esses aparelhos, muitos Iphones, eram repassados para Emerson Lins Lopes Cardoso, 42 anos, que mora em Belém do Pará.
Para desbloquear os Iphones, ele conseguia acesso aos novos números utilizados pelas vítimas dos roubos e furtos, e fazia uso dos “fishing”, links que servem como iscas para os donos cadastrarem seus dados pessoais e assim ter a conta desvinculada do seu Icloud.
“Tudo começa com os roubos e furtos de celulares. Sejam em grandes festas, em via pública ou em um restaurante, como o de Aracaju, onde uma arquiteta e a esposa de um deputado estadual tiveram seus celulares roubados. Temos vídeos com os assaltos. Os investigadores estão nesse caso há quase um ano”, explicou a delegada.
Emerson é dono de uma loja de celulares no centro de Belém (PA). O estabelecimento está no nome da ex-esposa, Heloisa. Até o último levantamento feito pela polícia, ele estava foragido, desde que tomou conhecimento sobre o começo das investigações. Contra ele, pesam três mandados de prisão em aberto, dois em Belém e um em Vitória (ES), todos expedidos no ano passado.
Esse sistema utilizado por Emerson, e diversos outros receptadores no país, foi criado pelo principal alvo da investigação, que está foragido, Cristian David Rodrigues, 41 anos, ou como é conhecido, Cristian Mayca. Ele é empresário, dono da DJ Cell Serviços em Telefonia e Informática, e DJ. Mayca mora na região da Pavuna, no Rio de Janeiro. Ele usava uma página nas redes sociais com o nome Rozan Páginas para revender o sistema.Caso a vítima não caisse nessa primeira modalidade do crime, ela era ameaçada com a publicação de fotos íntimas, existentes ou não, mas que faziam com que o usuário desse acesso aos logins e senhas. “Um esquema criminoso de violência, ameaça, extorsão, transtorno e constrangimento a essas vítimas, onde tivemos acesso a diversas conversas”, afirmou Mayra.
Sergipe
Em Sergipe, quem fazia uso do sistema criado pelo carioca era Diego Elias Santos Ferreira, 31 anos, outro investigado da operação que está preso. Ele residia em Aracaju, era empresário e está casado.As investigações apontaram que Diego é proprietário da empresa Ferreira Cell. Ele ficou muito conhecido no processo investigativo por ostentar sua privilegiada condição financeira nas redes sociais, em hotéis de luxo, resorts e viagens periódicas. Diego comercializava celulares pela OLX.
“Pedimos atenção às pessoas que vão a festas com um grande número de pessoas, para que elas tomem conta dos seus pertences e tenham bastante atenção. É importante cadastrar o celular no Alerta Celular da SSP; em caso de celular roubado ou extraviado, é importante cancelar a linha até que haja certificação da compra de um novo aparelho com protocolo de segurança, com duas etapas de verificação próprios”, destacou a delegada Mayra Moinhos.
Até o momento não há o número de pessoas indiciadas e presas na operação. Ainda de acordo com a delegada, é impossível saber o quantitativo de celulares roubados, tendo em vista que algumas vítimas nem sabem que foram lesadas por esse crime.
Grandes shows
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, em 1º de outubro do ano passado, uma quadrilha especializada em realizar furtos de telefones celulares em grandes eventos. De acordo com as investigações, o grupo furtou cerca de 100 aparelhos por dia durante o fim de semana no Rock in Rio. Os investigadores descobriram ainda que, com a chegada de grandes eventos, os integrantes da quadrilha viajavam para as cidades e aliciavam pessoas da localidade para a prática dos furtos.
Ainda segundo o processo investigativo, em algumas ocasiões, segundo os policiais, eram utilizadas garotas de programa para auxiliarem no crime. “Os suspeitos responsáveis pelo furto e roubo dos celulares têm como foco os receptadores em vários estados. Nessa operação feita pela PC do RJ, há uma série de informações trocadas com nossa inteligência”, afirmou a delegada.