Sergipe vem despertando a atenção de muitas empresas petrolíferas de grande porte no Brasil e no mundo, incluída a Petrobrás, responsável pela descoberta dos campos de gás natural na costa sergipana em 2019. De acordo com o diretor Executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobrás, Roberto Ardenghy, o projeto Sergipe Águas Profundas, iniciado em 2021, é uma das principais prioridades da estatal para os próximos cinco anos. 

Em entrevista ao Jornal da Rio, programa de rádio da Rio FM (102.3) na manhã desta quinta-feira (8), o diretor explicou que nos últimos três anos a empresa esteve realizando o Teste de Longa Duração (TLD), na área de Farfan, na Bacia de Sergipe, onde foi executada a interligação de poços para a ancoragem da unidade de produção. Segundo ele, todas as ações desenvolvidas durante o TLD serviram para provar o grande potencial de produção de gás natural existente nos reservatórios na costa de Sergipe, levando a estatal a investir 2 bilhões de dólares no projeto no período de 2021 a 2025. 

“Agora estamos desenvolvendo o projeto para colocar uma unidade permanente de produção nesse local, para ter o escoamento do gás e do petróleo. São projetos que acontecem com algum tempo de maturação, não é de uma hora para a outra, porque tem que encomendar essa unidade para perfurar poços adicionais, e todo o trabalho deve ser feito com segurança para garantir a integridade desses projetos. Mas os investimentos são muito altos e certamente já causaram impactos importantes na economia do estado, porque na hora que você vai mobilizando recursos para fazer perfuração, para colocar dutos, colocar estrutura de produção, já é um momento de pré-produção, mas também é um momento de gastos importantes da empresa”, disse Roberto Ardenghy. 

Ainda segundo o diretor, a Petrobrás vem se especializando em gás natural em águas profundas e esse se tornou o principal foco atualmente, se colocando como uma peça fundamental no mercado internacional de gás. “A empresa é a mais competitiva nesse assunto, no mundo. Nós recebemos seis prêmios de uma feira mundial que acontece nos Estados Unidos, da produção de petróleo em águas profundas. A Petrobrás está desinvestindo em outros projetos, e se concentrando em projetos de mais complexidade e de melhor retorno, a exemplo do projeto Sergipe Águas Profundas”, explicou. 

Na visão do executivo, o gás natural se posiciona como o combustível da transição energética, e por isso é um produto tão rentável. “Todos os estudos internacionais apontam uma matriz cada vez mais descarbonizada no consumo de combustíveis. E para fazer essa transição, de uma matriz energética que ainda emite muito gás de efeito estufa, para uma matriz mais limpa no futuro, o gás é a fonte para esse momento. Todas as empresas de petróleo têm projetos estratégicos na área do gás natural, e a Petrobrás tem uma atividade muito forte sobre este recurso natural”, disse ainda na entrevista.

Sergipe se destaca em relação a outros estados por manter liderança na discussão sobre o assunto, segundo Roberto. “Nós temos como relator do novo Marco Legal do Gás Natural um deputado federal de Sergipe, Laércio Oliveira. Além disso, temos sergipanos muito importantes como Symone Araújo, diretora da ANP, e também a liderança do governador Belivaldo Chagas tem sido muito importante. Tudo isso é muito positivo. E a Petrobrás vai participar como a grande produtora da molécula do gás”, afirma. 

Nesta sexta-feira (9), para encerrar a série de entrevistas com especialistas na cadeia produtiva do insumo, realizada pelo programa Jornal do Rio, o secretário executivo do Gás Natural do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Luiz Costamilan, falará sobre as perspectivas de produção em Sergipe e sobre a aprovação da nova ‘Lei do Gás’, que ainda aguarda a sanção do presidente Jair Bolsonaro. Para acompanhar a entrevista na íntegra a partir das 8h, basta acessar o site do Tudo Rádio.