Netinho: 'Há mais de 10 anos que não se vê banda cantando axé em Salvador' | F5 News - Sergipe Atualizado

Entrevista
Netinho: 'Há mais de 10 anos que não se vê banda cantando axé em Salvador'
Após dois anos, baiano volta ao bloco Por Amor ao Iate neste sábado (27), em Aracaju
Entretenimento | Por Daniel Soares 27/01/2024 06h30 - Atualizado em 27/01/2024 14h33


O público pediu e ele voltou. Após dois anos, Ernesto de Souza Andrade Júnior, o Netinho, estará em cima do trio elétrico comandando o bloco Por Amor ao Iate na avenida Beira-mar, em Aracaju, Sergipe. A folia acontece neste sábado (27), tendo o baiano como principal atração a partir das 16h - Matheus Andrade abre os trabalhos às 13h e Sergynho Pimenta encerra  partir das 19h30.

Esse reencontro de Netinho acontece um ano após o cancelamento de sua participação na bloco em 2023, anunciada pela organização próximo a data do evento. O mal-estar causado pelo episódio foi superado tendo Fabiano Oliveira, idealizador do Pré-Caju, como o patrono desta reaproximação. Agora, a polêmica transformou-se em "águas-passadas".

Mais do que isso: Netinho volta não somente para o bloco Por Amor ao Iate, mas também para o próprio Pré-Caju, sendo uma das atrações do evento em 2024. Em entrevista exclusiva ao Portal F5 News, o baiano, um dos baluartes da Axé Music, fala da sua relação com o próprio sergipano, o carnaval atual e muito mais. Confira:

F5 - Netinho volta a Aracaju, cidade que tem uma ligação muito especial com o seu trabalho. Como é a sua relação com o público sergipano?

Netinho: Estou muito feliz de estar voltando a Aracaju, a Sergipe, e mais uma vez puxando o bloco por Amor ao Iate, que é um bloco que tenho um amor muito especial, porque os doze anos que eu puxei foram lindos. Não só as pessoas que saíram dentro do bloco se divertiram muito, mas a pipoca que foi enorme foi uma coisa linda, chorei de emoção. E tenho certeza de que vou me emocionar de novo nesse sábado, vai ser lindíssimo. Minha relação com o público sergipano é muito positiva, amorosa, fraternal. Porque, foi o primeiro estado fora da Bahia que eu me apresentei enquanto bandleader da banda Beijo, e sempre foi um sucesso. Além disso, tivemos aqueles momentos inesquecíveis. Nos inúmeros shows no Augustu's, que eu não lembro quantos pois foram muitos. Todos lotados, e acontecia ali uma energia que eu nunca vi mais acontece e nem se vê nos shows de hoje. Era a interação do público com o cantor, com o artista. Essa é uma coisa lindíssima, que não se vê mais. E teve também o Bloco Bora Bora, que marcou gerações, com pais e filhos no bloco. E também do Borinha, que era um bloco infantil, para atender justamente os pais que tinham filhos que não podiam sair no Bora Bora. Eu cantava para os filhos daquela turma. Era também uma coisa lindíssima. Então, posso dizer que tenho uma relação muito especial, amorosa e fraternal, com o público sergipano.

F5 - Após uma mudança que causou insatisfação, você retorna à frente do bloco Por Amor ao Iate, principalmente a pedido do público. Podemos dizer que essa é uma polêmica superada?

Netinho: Por mim, nunca houve polêmica. Entendo que houve um equívoco da parte do Iate Clube, na época que cancelaram o meu show, no ano passado. Esperei passar, e eu sabia que iria passar, porque Deus é maravilhoso e corrige tudo. Ele escreve certo por linhas certas. E agora, recentemente, o Iate me convidou novamente para puxar o bloco. Publicou notas de retratação em jornais em Sergipe e na Bahia. E, graças a Deus, faremos de novo essa festa linda. Muita gente de Aracaju pediu que eu voltasse a cantar no bloco. Agradeço a cada um. Me contaram que na época em que tiraram o meu nome houve devoluções de abadas, mas tudo passou. Agradeço a todos do Iate Clube - Eugênio Sobral, Vinícius, Fabiano Oliveira, que foi o grande interlocutor pra que isso tudo se resolvesse. Quero que Aracaju saiba que tudo aconteceu a partir de Fabiano, que tomou a iniciativa de resolver esse imbróglio, que contornou tudo. Gustavo Ferraz ajudou e Maurício do Estaleiro. As pessoas do bem que fizeram tudo se reconciliar e a gente voltar a fazer essa grande prévia de carnaval. Agora, nova história. Bola para frente, energia positiva, astral lá em cima. Muita alegria é o que a gente vai trazer neste sábado.

F5 - Você tem uma carreira de mais de três décadas, mas continua com toda energia em cima dos palcos e dos trios. Qual o segredo para manter toda essa vitalidade?

Netinho: Uma fã até me perguntou em meu instagram (@netinhooficialbrasileiro) qual o segredo para estar com essa energia. Se eu já tenho 57 anos, passei por tudo aquilo no hospital, quase morreu várias vezes. Qual o segredo para estar hoje alegre no palco, levando essa alegria para as pessoas. Eu respondi que eu acho que é amor próprio. A pessoa tem que se amar em primeiro lugar, porque quando isso acontece a pessoa se cuida de todas as formas. E a medida que ela vai se informando sobre exercício físico, alimentação, ela vai incorporando tudo que é bom. Se ela não se ama, já era. E claro, a bondade de Deus. Ele foi muito bom comigo a minha vida toda e continua sendo muito bom. E eu entendo que sou merecedor de tudo que Ele me dá porque eu faço por merecer. Sempre fui um cara positivo, alegre. Nunca passei nada triste para o meu público. Sempre falei de festa, tirar o pé do chão, jogar lá pra cima, esquecer os problemas naquelas duas horas de show e viver o momento de felicidade. Isso eleva a autoestima das pessoas, eleva a energia das pessoas, para um futuro para frente. Eu entendo que esse é o segredo da minha vitalidade. 

F5 - Qual a avaliação você faz do Axé e do Carnaval atual?

Netinho: Entendo que minha resposta será um pouco polêmica, porque sou muito verdadeiro, não sou de ficar falando mentira. Sempre quando as pessoas falam de Axé e falam de Netinho, elas fazem uma associação muito grande entre nós por causa da música e por causa de décadas minhas de participação muito positiva no Axé. Muito tempo se passou depois de 1990, tiveram os anos 2000, muito positivo também para mim. Quero dizer que amo a Bahia, sou apaixonado por essa terra maravilhosa que eu amo. Nasci em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, onde fui criado até os 9 anos. Meu caráter foi construído lá por minha família, e minha criação foi terminada em Salvador. Então, devo muito ao meu estado. Mas, em 2012, percebi que aquele carnaval, de que quando eu fui a primeira vez em Salvador e me apaixonei de cara, não era mais o mesmo. Toda aquela positividade, aquela inocência das pessoas brincando nas ruas, a tranquilidade, não tinha violência, não tinha essa confusão toda que tem hoje. Não tinha essa hipersexualização, essa vulgaridade nas letras. As letras eram todas lindas, as músicas positivas, melodias belas, vozes lindas. Em 2012, vi que tudo isso tinha acabado. Que a minha música, que nunca mudei, ela sendo positiva, estava fora da festa de Salvador, que estava privilegiando música ruim. Não cito nenhum artista, porque não falo mal de artista nenhum. Mas decidi que minha música positiva não cabia mais em Salvador. Já fiz minha participação no carnaval da Bahia, com mais de duas décadas cantando, alegrando muita gente, com a minha música positiva. Fiz muita gente namorar, se apaixonar, casar. A partir dali, decidi que iria cantar fora de Salvador, em carnavais que realmente queiram ouvir a minha música positiva. E vou deixar que os artistas novos cuidem do Carnaval da Bahia. Foi como passar o meu lugar para os novos que estavam chegando e que estão aí hoje. Então eu não tenho nenhuma intenção mais de voltar ao Carnaval da Bahia, porque acredito que não vai mudar tão cedo. Em relação ao Axé, é o que eu sempre respondo quando me perguntam: ele hoje só vive em mim, em Bell Marques, em Durval Lelis, em Ricardo Chaves, Tatau, Luiz Caldas, nesses artistas. E nós já somos artistas longevos, já somos coroas. Quando a gente se for daqui, quem vai cantar esse Axé bonito? Ninguém. Há mais de dez anos que não se encontra uma banda cantando Axé em Salvador. Só cantam música ruim, melodias feias, com vozes feias, melodias toscas. Não estou falando mal, mas de uma realidade. Então, entendo que quem está segurando o Axé ainda hoje, que muitos chamam de "Axé das Antigas", é essa turma que eu falei. Quando a gente for, já era. Acabou o Axé de vez. Eu sei que muita gente é saudosa, mas eu falo porque estive dentro e tenho propriedade para falar. Não sou uma pessoa que olhou o Axé de fora. Fui um dos construtores e tenho todo o direito de falar. Minha opinião é enbasada na minha vivência. Por isso que eu falo desta forma. E amo o Axé que eu faço: o positivo, o melodioso, o que alegra as pessoas verdadeiramente, que joga a energia lá em cima. Esse é o Axé que eu amo.  

F5 - O que o Netinho que estourou com Milla diria para o Netinho de hoje em dia?

 Netinho: O Netinho que estourou com Milla, em 1996, naquele CD Ao Vivo, gravado em Aracaju, era um artista alienado para o resto de tudo. Eu só pensava em música, arranjo, palco, luz, som, produção, figurino. Eu não tinha tempo, pois fazia em média 29 shows por mês e não havia outro cantor na banda, cantando sozinho todos os dias. Não tinha tempo para ler, para pesquisar, para abrir minha mente para outras coisas. O que me mudou, foi o tempo em que fiquei no hospital. Tanto que muita gente considera aqueles dois anos uma desgraça na minha vida, uma catástrofe, e eu digo não. Entendi que aquilo que passei foi a melhor escola que Deus me deu. Ele me ensinou ali o que é a vida de fato. Então, o Netinho de hoje diria para aquele: pô, Netinho que lindo o que você fez até aí. Quantas músicas lindas que você gravou, quanta gente você fez alegre, quantas pessoas você casou, quantos filhos dessas pessoas têm nome de músicas que você gravou. Parabéns por sua vida. Porém, hoje eu sou você amanhã. Hoje eu tenho uma visão muito mais ampla do que tinha em 1996. Hoje, entendo o mundo, a vida, o relacionamento entre outras pessoas, além música. Eu entendo olhar para mim, olhar para dentro, além música. Me sinto hoje, não somente um artista, mas um ser humano muito mais completo. Naquela época de Milla, eu era só um Netinho, não sabia quem era o Ernesto. Foi depois de ter parado três anos de cantar, viajar o mundo, de ter passado por tudo no hospital. Deus me colocou no fundo do poço para eu aprender a vida, que eu aprendi a enxergar o mundo de fato. Sou um homem muito feliz, realizado em tudo. Tenho uma família que é representada por minha filha Bruna, que acabou de se formar em Medicina, uma menina maravilhosa. E minha mãe, que está passando o verão comigo em casa, que é um doce de pessoa, uma alma pura, uma mulher guerreira e sensacional. Então, esse é o papo do Netinho de hoje, que sou eu, com o Netinho de Mila, que também sou eu, mas em outra fase completamente diferente da minha vida.

F5 - Seu mais recente lançamento "Sinalzinho de Esperança" tem aquela marca do Netinho que todos conhecem. Como foi a elaboração desse trabalho?

Netinho: Eu já tinha decidido há alguns anos não gravar mais nada, porque eu gravei quase 300 músicas, todas positivas. E muitas as pessoas não conhecem pois não tocaram em rádio. Um disco tocava, no máximo, três músicas na rádio e as outras ninguém conhecia - só quem tinha os discos. Tenho músicas gravadas para serem ouvidas por décadas e décadas. A quem se interessar, é só ir nas plataformas digitais e conhecer. Mas por causa de muito pedidos de fãs, decidi no final do ano passado, fazer uma música. Convidei Gigi, que já foi meu baixista durante muitos anos e é meu amigo, uma pessoa maravilhosa. Fiz a letra e ele fez a música. Eu quis fazer nos mesmos moldes da minha música de sempre - uma música alto astral, amorosa, dançante, positiva e muito alegre. Foi assim que consegui fazer Sinalzinho de Esperança. A elaboração do trabalho foi, para mim, foi muito simples, porque eu já estou habituado a fazer isso a vida inteira. Reuni musicos top de Salvador e gravamos tudo. Não teve nada de tecladozinho, metal de teclado, VS, nada disso que se usa hoje. Foi tudo realmente gravado, cada um com o seu instrumento. Peguei cantores que já cantaram comigo no passado, Alvinho, Mariana. Gigi, além de compor, gravou o baixo e Boca gravou a guitarra. Ficou uma coisa belíssima. Mais um hit, um sucesso lindo do meu repertorio.

F5 - Você fez várias apresentações no Pré-Caju, que durante anos foi a maior prévia carnavalesca do Brasil. O público que irá acompanhar o Netinho deste sábado vai poder ter esse gostinho de lembrança? O que você preparou de especial para essa apresentação?

Netinho: Antes de responder: Fabiano Oliveira me convidou para voltar ao Pré-Caju. Vou fazer meu show completo na sexta-feira. Estarei lá. E para o bloco neste sábado, como sei que vai muita gente que pulou no Bora Bora, levou os filhos no Borinha, curtiu meus shows em Aracaju, no Augustu's, em todo Sergipe, preparei um repertório com praticamente 100 músicas. Estou tocando tudo da antiga, desde Me Dê Amor, lá do início, Beijo na Boca, passando por Estrela Primeira, Garotas do Brasil, Raça, músicas lindas do repertório. Tô tocando tudo. Além de produções minhas, estou tocando também músicas que eu gosto, como Simbora Neném, que foi gravada pelo Gerasamba, que eu amo essa música, Porto Seguro de Durval, Frenesi de Ademar, que poucos conheceram, mas vou lançar. Músicas lindas. Tem um pout-pourri de Balão Mágico, para a gente voltar a ser criança. Tá um repertório lindo, fiz especialmente pra esse público que eu amo. Sei que vai ser uma celebração magnífica neste sábado e um momento inesquecível.

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