Fundeb: Sergipe pode receber R$ 115 milhões a mais para Educação em 2026
Deputados vão votar Fundeb nesta terça-feira; entenda a proposta em discussão Política | Por Will Rodriguez 21/07/2020 10h50O Plenário da Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira (21) a criação do novo Fundo de Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). A relatora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/15, deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO), apresentará novo parecer, após ter recebido sugestões do governo.
O Fundeb é um dos principais mecanismos de financiamento da educação básica no país e será extinto em dezembro de 2020, a não ser que seja aprovada a proposta que o torna uma política pública permanente.
Se aprovada no modelo atual, a PEC define que em 2026 o governo federal deve transferir cerca de R$ 10,8 bilhões a mais do que em 2020 – 75% para os estados e municípios mais pobres e 25% por resultados educacionais. Para as transferências aos entes mais pobres, simulações realizadas pela Câmara dos Deputados com dados de 92% dos municípios indicam que mais da metade desses novos recursos vão para três estados: Bahia, Maranhão e Ceará.
Em Sergipe, a previsão é de que sejam repassados R$ 115 milhões a mais em 2026 do que o total previsto para 2020, sendo o 12º estado mais beneficiado. As escolas estaduais e municipais também vão ganhar recursos por resultado, a partir de um indicador de desempenho que vai ser estabelecido por lei ordinária.O secretário da Educação de Sergipe, Josué Modesto Subrinho, observa que além de garantir um mecanismo de longo prazo para o financiamento da educação básica, a proposta traz melhorias significativas no sentido de tornar o Fundo mais equitativo, aportando recursos federais, por exemplo, para municípios sergipanos com poucos investimentos em educação decorrentes de sua baixa performance econômica. “O atual Fundeb não permite tal aporte, porque a média estadual está acima do per capita nacional para recebimento de recursos federais”, afirma.
O gestor da Seduc também detalha que no ano passado Sergipe contribuiu com R$1.3 bilhão para o Fundeb, ao qual foram adicionadas as contribuições de 20% das cotas municipais do ICMS e das transferências do Governo Federal ao Fundo de Participação dos Municípios. No mesmo período, a Secretaria Estadual de Educação recebeu R$ 683 milhões para custear parte de suas despesas. “A diferença entre a contribuição do Estado ao Fundeb e as retiradas pela Seduc são registradas contabilmente como perdas, mas na realidade são contribuições do Estado para a efetivação do direito à educação nas redes municipais”, diz Josué Modesto.
Impasse
Em vigência desde 2007, o Fundeb é composto por impostos estaduais, municipais e federais. No ano passado, os recursos do fundo somaram cerca de R$ 166,6 bilhões – R$ 151,4 bilhões de arrecadação estadual e municipal, e R$ 15,14 bilhões da União. No formato atual, a União complementa o fundo com 10% sobre o valor aportado por estados e municípios.
O texto da relatora na Câmara, deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO), prevê um aumento escalonado que começaria em 12,5% em 2021 e chegaria a 20% em 2026. Pela versão enviada pelo governo, o fundo seria retomado em 2022 com 12,5%, alcançando 20% em 2027, e parte dos recursos seriam destinados à transferência direta de renda, o programa Renda Brasil, que substituirá o Bolsa Família.
A versão do governo para o Fundeb foi mal recebida por deputados que articulam a votação sobre o tema na Câmara. "Se eles quiserem apresentar uma proposta de ampliação do Bolsa Família, eles têm todo meu apoio. Mas não dá para aceitar ou acreditar que o governo realmente vai fazer a covardia de dizer que esse dinheiro só pode vir da Educação", disse a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) ao Estadão.
Em reunião com lideranças do Congresso Nacional, na manhã desta segunda, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, sugeriu adiar a votação em pelo menos uma semana, sob argumento de que o novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, precisa conhecer melhor o tema. Mas, na manhã desta terça, o governo recuou do adiamento após pressão sobre a equipe econômica por conta da suposta tentativa de fugir do teto de gastos, segundo informou a Globo News.
*Com Agências Câmara e Estadão.