O ano legislativo na Câmara Municipal de Aracaju (CMA) só deve começar para valer no dia 4 de janeiro, mas os vereadores que vão estrear no Parlamento este ano não querem saber de perder tempo. Desde o dia seguinte à posse, diariamente, têm feito uma verdadeira peregrinação pelas ruas da capital para ‘mostrar trabalho’, embora este seja um período tradicionalmente mais pacato na política aracajuana justamente em função do recesso que, a partir deste ano, já está reduzido em 37 dias.

Quando a CMA iniciar os trabalhos, terá 15 novos legisladores, a maior parte neófitos na vida legislativa que, obviamente, precisarão se adaptar aos protocolos e trâmites internos de uma Casa Parlamentar. Enquanto isso, ao passo em que alinham às respectivas equipes de assessoria parlamentar e se habituam ao que preconiza o Regimento interno da CMA, muitos dos novos parlamentares têm buscado se ‘aproximar’ da população e também da gestão municipal. 

Na agenda, visitas às comunidades e também aos órgãos públicos, além de uma verdadeira peregrinação de entrevistas em emissoras de rádio, tudo devidamente registrado para as redes sociais. O vereador sargento Byron, por exemplo, elaborou um cronograma de visitas às Secretarias e Empresas municipais, com a finalidade de conhecer a dinâmica da máquina pública. 

“Junto aos técnicos que estão comigo, estamos organizando um trabalho que será muito efetivo. Vamos ajudar a gestão municipal a tornar Aracaju  uma cidade mais justa, na qual todos tenham igualdade de oportunidades, segurança, cidadania e dignidade”, afirmou o vereador de primeiro mandato.

A vereadora professora  Ângela Melo (PT) protocolou no começo dessa semana duas Indicações. A primeira delas solicita à Prefeitura a aquisição de vacinas contra covid-19 e a segunda sugere a elaboração de um Projeto de Lei, de iniciativa do Executivo, criando a Renda Básica Municipal para aracajuanos que tiveram o sustento comprometido em meio à pandemia de covid-19. 

O vereador Breno Garibalde (DEM), no final de semana passado, visitou a  reserva extrativista das mangabeiras, localizada no bairro 17 de Março. Segundo ele,  embora o enfrentamento ao déficit habitacional seja urgente, é preciso garantir políticas de sustentabilidade. “Para além do bem material, as mangabeiras também carregam o peso imaterial das memórias de famílias com mais de 60 anos de tradição, isso tem que ser preservado”, disse.

Embora as sessões estejam suspensas e não haja previsão se elas voltarão de forma presencial, os vereadores já podem protocolar proposituras como Projetos de Lei, Indicações, Requerimentos e outros documentos legislativos. O F5News apurou que, no entanto, o sistema da CMA ainda não foi liberado para os novos parlamentares. No sistema da Câmara, há pelo menos 858 Projetos de Lei Ordinária em tramitação, o último deles registrado em 21 de dezembro do ano passado. 

Quem também já arregaçou as mangas foi o jornalista Ricardo Marques (Cidadania). Marinheiro de primeira viagem, mas acostumado à cobertura política, ele considera que a população tem exigido mais proximidade de seus representantes.  “Uma cidade que tem vereadores ativos, parlamentares ativos, é uma cidade desenvolvida, que cresce. Ele (o vereador) não vai ter solução para tudo, mas existem fatos que acontecem cotidianamente e merecem atenção”, disse ao F5 News. Segundo ele, o foco inicial de sua atuação será no acompanhamento dos gastos e obras públicas. “A gente precisa saber quanto está sendo aplicado e se a contento”. 

Os períodos de recessos gozados pelos vereadores aracajuanos, tipicamente, costumam ser bastante criticados por parcela da sociedade devido ao ‘sumiço’ de alguns dos parlamentares. No ano passado, a Câmara aprovou a retirada de um terço dos dias de recesso. A partir de agora, o Parlamento suspende as atividades nos meses de janeiro e julho.