A inflação e a desvalorização do real de 1994 a 2023 | Marcio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

A inflação e a desvalorização do real de 1994 a 2023
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 27/01/2024 05h35 - Atualizado em 27/01/2024 07h34

O real é a moeda oficial do Brasil desde 1° de julho de 1994, quando foi lançado pelo Plano Real, um conjunto de medidas econômicas que visava controlar a hiperinflação que assolava o país na época. O real substituiu o cruzeiro real, que era a moeda anterior, na proporção de 1 para 1, no formato da Unidade Real de Valor (URV). Ou seja, um real valia uma URV, que findou em 2.750 cruzeiros reais.

No entanto, ao longo dos anos, o real foi perdendo o seu valor em relação ao poder de compra e também em relação a outras moedas, como o dólar. Isso se deve a vários fatores, como crises econômicas, políticas fiscais e monetárias, expectativas dos agentes econômicos, a oferta e a demanda de moeda, as taxas de juros, o risco-país, o saldo comercial, o fluxo de capitais, entre outros.

Analisando a evolução da inflação e da desvalorização do real de 1994 a 2023, usando como fonte os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial de inflação do Brasil, e da calculadora de inflação do Banco Central do Brasil (BC), que permite corrigir valores pela inflação de diferentes períodos, entendamos o que aconteceu.

A inflação é o aumento generalizado e persistente dos preços dos bens e serviços de uma economia. Ela reduz o poder de compra da moeda, ou seja, a quantidade de bens e serviços que se pode adquirir com uma unidade monetária.

O IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mede a variação dos preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias com renda entre 1 e 40 salários-mínimos. O IPCA abrange as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, São Luís, Rio Branco e Aracaju.

Segundo o IBGE, a inflação acumulada pelo IPCA de julho de 1994 a dezembro de 2023 foi de 690,09%. Isso significa que os preços dos produtos e serviços aumentaram, em média, 7,9 vezes nesse período.

Para ilustrar o efeito da inflação sobre o poder de compra do real, vamos usar como exemplo a nota de 100 reais, que foi uma das primeiras cédulas lançadas pelo Plano Real em 1994. Segundo a calculadora do Banco Central, o valor da nota de 100 reais em julho de 1994 era equivalente a R$ 12,66 em dezembro de 2023. Ou seja, a nota de 100 reais perdeu 87,34% do seu valor nesse período.

Isso significa que, para comprar o mesmo que se comprava com 100 reais em 1994, foi necessário desembolsar R$ 790 em 2023. Por exemplo, se em 1994 um quilo de carne custava R$ 5, em 2023 ele custou R$ 39,50, considerando a inflação acumulada. Portanto, com 100 reais em 1994, seria possível comprar 20 quilos de carne, enquanto que em 2023, apenas 2,53 quilos.

A desvalorização do real é a perda de valor da moeda nacional em relação a outras moedas estrangeiras, como o dólar. Ela é influenciada por diversos fatores. O regime cambial adotado pelo Brasil desde 1999 é o de câmbio flutuante, que significa que o valor do real em relação ao dólar é determinado pelo mercado, sem intervenção direta do BC. No entanto, o BC pode atuar no mercado de câmbio por meio de operações de compra e venda de moeda, swaps cambiais e leilões de linha, com o objetivo de prover liquidez, suavizar movimentos excessivos e evitar crises de confiança.

Segundo o BC, a taxa de câmbio média de venda do dólar em julho de 1994 era de R$ 0,86. Em 2023 essa taxa foi de R$ 4,86. Isso significa que o dólar se valorizou 685% em relação ao real nesse período.

Para ilustrar o efeito da desvalorização do real sobre o poder de compra da moeda, vamos usar novamente como exemplo a nota de 100 reais. Segundo o BC, o valor da nota de 100 reais em julho de 1994 era equivalente a US$ 116,28. Em 2023, esse valor era de US$ 14,80. Ou seja, a nota de 100 reais perdeu 87,27% do seu valor em dólares nesse período.

Isso significa que, para comprar o mesmo que se comprava com 100 reais em dólares em 1994, seria necessário desembolsar R$ 786,48 em 2023. Por exemplo, se em 1994 um iPhone custava US$ 500, em 2023 ele custaria US$ 1.099, considerando a inflação nos Estados Unidos. Portanto, com 100 reais em 1994, seria possível comprar 23,26% de um iPhone de última geração, enquanto em 2023, apenas 1,35%.

O real é uma moeda que nasceu com o objetivo de estabilizar a economia brasileira e combater a inflação. No entanto, ao longo dos anos, foi sofrendo um processo de inflação e desvalorização, que reduziu o seu poder de compra tanto internamente quanto externamente.

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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

E-mail: jornalistamarciorocha@live.com

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