Walace Evolú faz da arte urbana meio de manifestação dos próprios ideais
Baiano radicado em Aracaju, ele se apresenta preferencialmente em espaços públicos Cotidiano | Por Victória Valverde* 28/07/2019 10h00 - Atualizado em 30/07/2019 08h19A arte tem fama de elitista, mas quem compartilha desse pensamento não deve andar nas ruas com os sentidos alertas. Nos transportes públicos, nas praças, nos muros, onde quer que se passe tem um grito de resistência em forma de desenhos, grafites e músicas. É a chamada cultura artística urbana, que nos cerca e passa uma mensagem para quem se permite ver, ouvir e sentir.
O soteropolitano Walace Evolú, de 20 anos, conheceu a arte de rua aos 12, através do rap em Camaçari, cidade localizada há 40 minutos de Salvador (BA). Ele passou um tempo na cidade desenvolvendo sua arte nos ônibus e em eventos de rap nas ocupações realizadas nas praças.
Chegou uma hora em que Walace decidiu se aventurar pela estrada e pegou carona de caminhão, passou por vários lugares e foi parar em Aracaju, onde reside há um ano e vive da arte de rua e do movimento Hip-Hop, do qual tira seu sustento e o alimento da alma.
Walace classifica sua arte como um "grito", por onde ele exercita sua necessidade de conscientizar a si mesmo e aos que estão a sua volta, seja por intermédio do rap ou da poesia. A arte é a sua plataforma de manifestação.
“A arte nasce em mim a partir de uma deficiência governamental e da necessidade de sobrevivência em um país que atualmente tem quase que 34 milhões de desempregados. Nosso governo investe mais em cadeias do que na cultura artística urbana. Se o investimento na Educação fosse satisfatório ao ponto de toda a população ter uma educação de qualidade, talvez não tivéssemos que lidar tanto com os problemas de desigualdade social, por exemplo”, reflete Walace.
Palco sobre rodas
A renda de Walace é gerada quase que exclusivamente das suas apresentações nos ônibus. A quantia nunca é certa – varia de acordo com a quantidade de ônibus que pega e o tempo que demora para um motorista deixá-lo subir no veículo – por isso prefere não revelar o montante amealhado, mas diz que precisa se apresentar diariamente para suprir suas necessidades básicas. Viver de arte é um sonho dolorido, mas antes sonhar como artista pobre do que não sonhar de jeito nenhum.
“O lado positivo das apresentações nos ônibus é esse alcance, a valorização do meu trabalho e o efeito de cada apresentação. O lado negativo é que nem todas pessoas têm a compreensão da importância da arte, como os motoristas que às vezes não permitem o trabalho, os fiscais dos terminais e os guardas municipais, que já chegaram a agredir um amigo meu que também é artista. O que nos faz resistir é saber que tem mais pessoas a favor do que contra”, afirma o artista.
Walace é autodidata na área das Ciências Sociais. Antes de se mudar para Aracaju, ele não tinha interesse em fazer faculdade, mas conforme foi estudando viu a necessidade do auxílio de ferramentas que apenas o ambiente acadêmico pode suprir.
Atualmente, Walace está juntando dinheiro para ir a Brasília fazer a prova do Centro de Seleção e Promoção de Eventos (CESPE). A escolha se deu pelo fato da prova do CESPE ter menos burocracia que o ENEM e pela qualidade do curso de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (UNB).
Além das suas apresentações na rua e intervenções artísticas em coletivos, praças e bares, Walace divulga seu trabalho autoral através do Instagram (@oevolucionario) e do seu canal do Youtube. Ele também participa da produtora musical independente @laboratorio79. Em todas essas plataformas, com suas linhas afiadas e fluxo de rimas, Walace Evolú leva a poesia para a rua e, consequentemente, a rua para a poesia.
* Estagiária sob supervisão do jornalista Will Rodriguez.
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