As empresas do transporte coletivo de Aracaju querem aumentar a passagem para R$ 4,40 e essa possibilidade já se tornou polêmica entre os vereadores da capital. F5 News mostrou a reclamação de aracajuanos sobre o possível aumento da tarifa e ao longo dessa semana a reportagem esteve na Câmara Municipal para ouvir a opinião de todos os parlamentares e saber se eles concordam que esse é o momento de colocar o reajuste do serviço em pauta.

Pelo menos 13 parlamentares disseram ser contra que o Município discuta aumento de passagem diante da situação econômica atual. Dois acreditam que a discussão é válida, mas para que seja pela redução ou manutenção do valor atual de R$ 3,50. Já três disseram ser a favor da discussão para que sejam avaliados os critérios dos empresários, considerando ainda que no ano passado não houve reajuste e as empresas alegam um déficit de quase 14% em suas contas.

Veja como pensam os vereadores aracajuanos

Iran Barbosa – PT: Não, o que tem que discutir é a redução. Já temos praticado em Aracaju uma tarifa muito elevada, temos provado ano após ano que há uma supervalorização em relação aos valores praticados na capital. A tabela de custo foi durante muito tempo enxertado dentro dela conjunto de dados que inflava o valor da tarifa e isso não foi corrigido. É totalmente intempestivo esse pedido, eles sempre fazem cálculos que levam a crer que o valor da tarifa deve ser aumentado. O papel da administração é colocar um freio nessa questão e avaliar adequadamente. Lamento que essa decisão foi retirada no âmbito da Câmara Municipal, essa é uma situação que prejudica o debate.

Professor Bittencourt – PCdoB: Sim. O momento é discussão por conta do período de um ano de alteração, geralmente é dentro desse espaço de tempo por conta da alteração de salário mínimo, entre outras questões que fundamentam nesse período, inclusive para ter alteração do próprio salário dos funcionários das empresas de ônibus.

Thiaguinho Batalha – PMB: Não. Acho que têm pautas muito mais atrasadas e muitos projetos para serem votados.

Anderson de Tuca – PRTB: Não. Não teve aumento do salário do trabalhador. O aumento encarece ao pequeno empresário, ao trabalhador, mas com isso ninguém está preocupado.

Nitinho Vitale – PSD: Todo ano tem essa discussão e as empresas pedem aumento. Cabe à prefeitura analisar. Todo mundo passa por dificuldade, a Câmara aprovou dois projetos que atingem diretamente as empresas de ônibus, tudo isso gera um custo maior para as empresas e, claro, elas querem retorno e quem paga é a população.

Vinícius Porto – DEM: Sim. Existe uma planilha de custos que precisa ser levada em conta, como salário dos funcionários, preço de pneus, combustível, que precisa ser rediscutida.

Bigode Santa Maria – MDB: Não, o momento é de discutir melhorias no transporte que hoje está defasado de várias empresas, precisando de melhor qualidade urgente.

Palhaço Soneca – PPS: Não, o que a prefeitura tem que discutir é a melhoria no transporte e a redução do valor.

Jason Neto – PDT: Não, o momento é de discutir a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

Zezinho do Bugio – PTB: Não, o momento é de discutir a regularização e regulamentação do transporte público e acabar com a clandestinidade.

Elber Batalha - PSB: Essa questão é complexa. Mas esse tipo de discussão deveria voltar para a Câmara. Infelizmente se tornou discussão entre gabinete do prefeito e o Setransp.

Isac – PCdoB: Sim, o momento de discutir é, mas tenho entendimento que de que na verdade a discussão é para reduzir o valor da passagem.

Emília Corrêa – Patriota: Sim, mas pra discutir em face da redução ou da manutenção do valor atual. Impetrei ação popular na quinta sobre isso. O aumento promove o enriquecimento dos empresários e o empobrecimento da classe trabalhadora.

Kitty Lima – REDE: Não, diante da realidade do sistema, não existe melhoria no transporte. Não se justifica esse aumento.

Lucas Aribé – PSB: Não. O transporte é sem acessibilidade, os abrigos precários e sem nenhuma condição de mobilidade.

Cabo Amintas – PTB: Não. Inventam um monte de desculpa, mas não há melhoria nenhuma no transporte público, a população continua sofrendo, não existe aumento de salário que explique situação dessas.

Seu Marcos – PHS: Não. O aumento pedido é abusivo, eles negam tarifa social aos domingos, entram na Justiça contra a gratuidade para 60 anos e em menos de 15 dias pedem aumento.

Fábio Meireles – PPS: Sim. A situação atual do país é difícil, por outro lado não temos que observar empresário como inimigo da população. Tem que conversar e chegar a um denominador comum.

Carlito Alves – PRB: Não. O funcionário público não recebeu aumento, o governo e o município disseram que não vai ter aumento. Acho que não é hora para isso, a não ser que prove onde o povo vai ter condições de pagar.

Américo de Deus – REDE: Não. Sou contra o aumento da passagem. Querer reajustar nesse momento de desemprego, que atinge mais de 175 mil aracajuanos, e ausência de reajuste nos salários, principalmente, para o servidor público, é errado. É hora do empresário fazer a sua parte. Foi reduzido o valor do combustível (diesel) de forma que haveria também com que fosse possível uma redução da tarifa e não uma falta. Encaro isso como um oportunismo desenfreado.  

Conta que não fecha

A redução do diesel em R$ 0,46, a situação econômica e a possibilidade da tarifa se tornar a mais cara do Brasil foram algumas das justificativas apontadas pelos parlamentares que são contra. A tarifa já não é mais definida pela CMA, mas do Executivo, conforme votou a maioria dos vereadores.

Já os que são a favor da discussão acreditam que os custos das empresas devem ser levados em consideração. Alguns vereadores afirmam que estão elaborando uma Moção de Apelo ao prefeito para que não autorize o aumento e que vão pedir cópia da planilha do Setransp.

Pelos cálculos do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp), a passagem que atualmente custa R$3,50 sofreria uma elevação percentual de quase 30%, previsto desde quando o último reajuste foi autorizado. Conforme o setor, os custos do sistema já indicavam a necessidade de uma tarifa de R$4,06, de modo que hoje as empresas teriam um déficit de 13,79%.

A reportagem não conseguiu localizar o vereador Dr. Manuel Marcos (PSDB) durante os dias em que esteve no Parlamento. Também não conseguiu ouvir Dr. Gonzaga (MDB), mas a assessoria ficou de enviar resposta. Juvêncio Oliveira (DEM) e Evando Franca (PSD) preferiram não se posicionar sobre o assunto.

 

*Colaborou Will Rodriguez