Dia novo, luta nova | Diego da Costa | F5 News - Sergipe Atualizado

Dia novo, luta nova
Artigo publicado no livro "O melhor de cada um de nós" em comemoração aos 10 anos da editora ArtNer. Artigo atual demais.
Blogs e Colunas | Diego da Costa 23/05/2022 12h40 - Atualizado em 23/05/2022 12h44

O ano de 2020 foi desafiador para o Brasil e o mundo. A pandemia da Covid-19 mudou planos, adiou sonhos e, infelizmente, causou muitos estragos. Foram 12 meses arrastados e depositamos todas as nossas esperanças no ano que viria em seguida. Com a proximidade de uma vacina e a flexibilização das medidas de distanciamento, estávamos certos de que 2021 seria o ano da virada: nossas crianças e jovens voltariam para as aulas presenciais, poderíamos voltar a reunir amigos e familiares para um almoço de domingo, empreendedores recomeçariam a recuperar seus negócios e a vida, no geral, poderia seguir seu rumo natural.

Mas eis que o pesadelo não acabou. Mal começou o ano e fomos nocauteados, de novo, por essa doença terrível. Contudo, dessa vez, ela veio mais forte e letal. Já viram filmes de terror? Pois é! A sensação é de que estamos na segunda temporada de uma dessas películas ou séries comuns nos serviços de streaming e, quando a gente pensa que o mal está derrotado, outra coisa pior surge para amedrontar os personagens da história. Esse terror é real. Basta ver os números: no momento em que escrevo essas linhas, a manchete dos principais sites de notícias do país é “Brasil supera 3.000 mortes por covid-19 em 24 h pela 1ª vez na pandemia”. O nosso sistema de saúde, que sempre foi precarizado e mal gerenciado, está em colapso e muitas cidades brasileiras já não conseguem mais atender a alta demanda.

Paralelo a isso, acompanhamos o modelo de gestão dos nossos governantes frente a pandemia, a politização da doença, uma crise generalizada nos três poderes, incoerência, abuso de poder e a ausência da ciência em muitas decisões. Um manda, outro desmanda. E, em meio a esse fogo cruzado, estamos nós, cidadãos pagadores impostos. Estamos perdidos, uns estão sem emprego, outros lutam para manter suas ocupações laborais, sem contar aqueles em luto por um amigo ou familiar que perdeu a batalha para COVID-19. Se não está fácil manter a sanidade mental nesse país, quem dirá conservar a esperança!

Contudo, como bom brasileiro, eu não desisto nunca! O cenário é caótico, é verdade. Mas é hora de nos reinventarmos, é o momento da mudança, erguer a cabeça, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Fácil não é, mas crises como essas causadas pela pandemia servem para nos tirar do comodismo. Ou você conhece alguém que tenha alcançado o sucesso sem sair da zona de conforto?

Até na natureza as coisas mais belas surgem após períodos de verdadeira transformação. A lagarta só vira borboleta se sair do casulo; a ostra passa por um processo dolorido para gerar as tão cobiçadas e maravilhosas pérolas. As mulheres, ao darem a luz, enfrentam momentos de dor e sacrifício, mas depois experimentam o êxtase ao lado de seus bebês. Um atleta só terá o gozo do pódio se encarar uma rotina de treinamentos extenuantes por anos a fio.

Com ou sem pandemia, todos nós, em algum momento da vida, iremos experimentar verdadeiros desertos profissionais e pessoais. São períodos turbulentos, desafiadores, se cair, é preciso levantar, corrigir os erros e seguir adiante. O que não dá é para ficar parado. Coragem! Para atravessar esses tempos áridos, é preciso manter a esperança apesar de tudo. Ter essa expectativa positiva diante das adversidades da vida é muito mais que um exercício otimista: a esperança é uma das três virtudes teologais. Ao lado da fé e do amor, ela forma um tripé que sustenta a vida espiritual dos cristãos. Ora, se a esperança é uma virtude, a desesperança é, senão outra coisa, um vício e, como tal, deve ser combatido.

Além dos seguidores de Jesus Cristo, observamos que a esperança também é base de diversas denominações religiosas. No Budismo, ela é considerada a chama da fé, a vida. Na visão budista de Nichiren Dishonin, esse sentimento refere-se a uma energia vital que flui e enche a mente com uma vontade imensurável de lutar. Essa fonte vem do que ele chamou de Gohonzon, revelada por ele justamente em uma época em que ele estava exilado na Ilha de Sado e sua vida estava em risco. No Hinduísmo, é a esperança que motiva os sudras, também chamados de “intocáveis” (casta mais baixa na organização hierárquica hindu), de que, por meio da elevação espiritual via reencarnação eles poderão, um dia, alcançar castas superiores. No Islamismo, a esperança é citada várias vezes no Alcorão, livro sagrado dos mulçumanos. O profeta Mohammad (S.A.A.S.) falava que “a esperança é uma bênção para a minha nação e se não fosse a esperança nenhuma mãe iria amamentar seu filho e nem um fazendeiro plantaria uma árvore”. Entre os judeus, a esperança também é exaltada. Aliás, depois de tantos anos de perseguição, êxodo e o triste capítulo do holocausto, esse sentimento tornou-se a mola mestra que encoraja esse povo a nunca entrar em desespero, mesmo em meio a sofrimentos e calamidades que possam se abater sobre eles. Para celebrar a vitória sobre tantas provações, os judeus promovem anualmente o Chanucá, a tradicional festa judaica que comemora o triunfo da luz contra a escuridão.

Seja lá qual for a linha religiosa, espiritual ou filosófica que você se identifica, o fato é que a esperança faz parte da vida humana. Cultivá-la todos os dias é essencial para mantermo-nos firmes na caminhada, seja ela pessoal ou profissional. 2020 não foi fácil e 2021 já mostrou que também será bastante desafiador. A pandemia está aí e precisamos saber conviver com ela.

Fora essa doença tão terrível, a polaridade e o revanchismo político também estão longe de ter uma trégua. Contudo, não podemos permitir que esse sentimento de ódio invada as nossas relações sociais e familiares. Quantos pais pararam de falar com os filhos e quantas amizades foram desfeitas por causa de divergências de opinião?

A tal cultura do cancelamento, que põe famosos e anônimos no paredão do fuzilamento é fruto desse ódio, da falta de diálogo e da compaixão entre as pessoas. Fala-se tanto em empatia, mas na prática não é bem assim. O resultado? O número espantoso de casos de stress, depressão, ansiedade e outros transtornos mentais tão graves.

E qual o papel do profissional de administração dentro das organizações? Nossa missão é não permitir que essa cultura penetre na nossa equipe. Pelo contrário: como líderes, devemos exercitar a escuta, o acolhimento e a empatia muito mais que os demais. Cabe a nós, inclusive, sermos propulsores da esperança do qual tanto falamos. Se eu seu time tem essa convicção no sangue e a sua liderança é assertiva, o fruto não pode ser outro senão a vitória, a conquista de bons resultados.

Ainda que os ventos não estejam favoráveis, devemos ter essa chama acesa constantemente dentro de nós. Isso faz-me lembrar de São Jose Maria Escrivá. Em 1972 ele disse “ano novo, luta nova” e fez da frase o seu lema para aquele ano. Segundo o padre, doze meses não eram suficientes para transformar o mundo, mas ele falava que “ontem passou e hoje está a passar. Amanhã será em breve outro ontem. A duração de uma vida é muito curta. Mas quanto se pode realizar neste pequeno espaço, por amor de Deus!”.

Por isso, a desesperança não cabe em minha vida por mais difícil que ela esteja. E também não deveria fazer parte da sua, leitor. Vamos encarar cada dia como uma nova luta. São Paulo nos ensina na carta aos Romanos que devemos alegrar-nos na esperança, sermos pacientes da tribulação e perseverar na oração.

Portanto, que tenhamos o coração puro de uma criança e realmente acreditemos que há esperança! Afinal, tempos difíceis forjam pessoas fortes!


Diego Cabral Ferreira da Costa

Administrador, pós-graduado em Gestão de Marketing pela Universidade Tiradentes (Unit), MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), palestrante, líder Coach Psicopositivo, Coach ISOR, Diretor Técnico do Sergipe Parque Tecnológico (SergipeTec) para o quadriênio 2019/2022. Diretor da Câmara de Comunicação e Marketing do Conselho Federal de Administração (CFA) no biênio 2019/2020. Assina o blog no portal F5 News. Escritor com a publicação do Livro ‘Administração em Pauta’. Experiência na área de Administração, com ênfase em Marketing, Gestão de Projetos, Finanças, Planejamento Estratégico, Negócios, Formação de Grupos e Associativismo Empresarial.
 

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Diego da Costa é Administrador, CRA-SE 203501, especialista em Marketing, MBA em Gerenciamento de Projetos, Líder Coach Psicopositivo, Coach ISOR, associado fundador do Rotary Club de Aracaju Nova Geração, fundador do Conselho de Jovens Empreendedores de Sergipe, Coach, Consultor e Mentor. Apaixonado por aprender e empreender.

E-mail: diegodacosta@hotmail.com

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