Campanha de vacinação contra a Febre Aftosa
A necessidade de se avançar até alcançarmos o reconhecimento de zona livre sem vacinação. Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 08/11/2021 07h00 - Atualizado em 08/11/2021 13h36Em atenção ao leitor que não é do ramo agropecuário faremos uma breve explicação.
Febre Aftosa é uma doença viral infecciosa que acomete animais de casco fendido (bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos), causando febre e aparecimentos de vesículas (aftas) na boca e nos pés.
É uma doença raramente fatal, mas que afeta sobejamente a condição física e produtiva dos animais acometidos e, ainda bem, não é considerada uma zoonose, em que pese ser raríssima a chance de contaminação por parte do ser humano.
Porém, o maior efeito da Febre Aftosa é comercial. Sua ocorrência impacta fortemente na abertura dos mercados aos produtos de origem animal.
Nesse toar, o Brasil vem avançando no combate à febre aftosa, colhendo bons resultados, especialmente na confiabilidade do mercado externo à carne brasileira.
Em território nacional, o último registro da doença foi em 2016 e, desde 2018, o Brasil é reconhecido internacionalmente como livre da doença. Em Sergipe, não há registro há quase 30 anos.
Todavia, é necessário avançar ainda mais, por isso que o MAPA criou o Plano de Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE PNEFA) que tem o objetivo principal de criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional. Plano esse alinhado ao Código Sanitário para os animais terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
A meta a ser alcançada é que todo território brasileiro seja considerado livre de Febre Aftosa sem vacinação até 2026. Atualmente os estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia, e parte do Amazonas e do Mato Grosso possuem este reconhecimento internacional.
No PNEFA, o território brasileiro foi dividido em blocos, o estado de Sergipe está no Bloco IV, juntamente com Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, bloco este que detém 60% do rebanho nacional.
Na esteira dessa realidade, adentramos na segunda etapa da campanha de vacinação contra a Febre Aftosa em Sergipe, iniciada no último dia 1º. Além de saber que nessa etapa devem ser vacinados os animais com até dois anos e que todo produtor tem que renovar seu cadastro junto à Emdagro, é necessário ter conhecimento das devidas obrigações concernentes a cada ente da cadeia. Ou seja, ao pecuarista, vacinar seu rebanho e fazer a devida declaração e renovação do seu cadastro na Emdagro e, ao órgão estadual de defesa agropecuária (Emdagro), ser diligente no cumprimento do seu dever institucional.
Por fim, cumprir as metas da campanha e as obrigações previstas no PNEFA, não somente livrarão, em breve, o pecuarista da vacinação, mas principalmente impedirão que o estado de Sergipe se torne uma ilha em meio aos outros estados brasileiros, dificultando o comércio interestadual de animais, impactando negativamente na credibilidade da pecuária sergipana.
Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.
E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br
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