Moda sustentável: causa questiona hábitos do consumo fast fashion | F5 News - Sergipe Atualizado

Estilo
Moda sustentável: causa questiona hábitos do consumo fast fashion
No Brasil, são produzidos 180 mil toneladas de resíduos têxteis por ano
Brasil e Mundo | Por Victória Valverde* 09/11/2018 08h06 - Atualizado em 19/11/2018 08h57


É cada vez mais fácil “estar na moda”. Com a ascensão da “fast fashion” (moda rápida), o padrão de produção e consumo de vestimentas está cada vez mais acessível. Os produtos são fabricados, consumidos e descartados em grande escala e rapidez, tudo para atender às demandas de um consumidor que segue e replica as tendências do meio.

No Brasil, gigantes redes de departamento são exemplos deste fenômeno, além das marcas importadas, como a Zara e Forever 21, duas das maiores lojas de fast fashion que têm sede no país.

O consumidor tem inúmeras opções de marcas “fast fashion” com produtos desejáveis e acessíveis, mas não se engane: o preço dessa tendência é alto e quem o paga são a mão de obra e o meio ambiente.

Máquinas humanas de costura

Segundo o documentário “The true cost”, produzido pelo diretor Andrew Morgan, anualmente cerca de 80 bilhões de roupas são vendidas em todo o mundo.

A grande maioria destas roupas é fabricada em países do Sudeste asiático, como Camboja e Bangladesh onde, para produzir peças de baixo custo e em grande quantidade, os trabalhadores, em sua maioria mulheres, são expostos a condições de trabalho desumanas.

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), muitos funcionários chegam a trabalhar dez horas durante seis dias da semana, por um salário em torno de três dólares diários.

O mundo passou a se atentar para essas péssimas condições de trabalho depois do desabamento de um prédio de três andares onde funcionava uma fábrica de tecidos em Bangladesh, em 2013. O acidente matou 377 trabalhadores. A possível ruptura da estrutura já tinha sido denunciada, mas os funcionários foram forçados a continuar no local.

Apesar do susto, fábricas como essa continuam em pleno vapor, produzindo grande parte das vestimentas das lojas fast fashion. Bangladesh, por exemplo, é o segundo maior exportador de vestuário do mundo, com um volume em torno de US$ 28 bilhões em transações por ano.

Impactos Ambientais

A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, perdendo apenas para a automobilística. Um dos maiores problemas desta indústria é a quantidade de resíduos que gera.

No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Indústria Têxtil (ABIT), são produzidas cerca de 180 mil toneladas de resíduos têxteis por ano. Deste total, apenas 36 mil toneladas são reutilizadas.

Segundo a Forbes, 10% das emissões de carbono mundial vêm do setor de vestuário. Além disso, aproximadamente 70 milhões de barris de petróleo são usados a cada ano para produzir poliéster, a fibra mais utilizada em roupas e que demora cerca de 200 anos para se decompor.

Vale ressaltar que as roupas de fast fashion, por serem de baixa qualidade, são mantidas por menos tempo. Ao ser descartado, o tecido da peça se decompõe e libera dióxido de carbono e metano, gases do efeito estufa.

Alternativas Sustentáveis

A estudante aracajuana Luiza Allan conheceu o movimento da moda sustentável através de outra causa, a do veganismo.

“Quando eu me tornei vegana comecei a ler mais sobre a questão da sustentabilidade de forma geral. Vi que não apenas a nossa alimentação, mas todo o nosso consumo impacta no meio ambiente de alguma forma”, conta Luiza.

Ela diz que ainda não consegue ter um consumo 100% sustentável, em especial com suas peças íntimas, mas suas roupas e acessórios são quase sempre adquiridos em brechós e através de trocas.

A estudante de moda e estilista Lela Monteiro também compartilha sua preocupação como consumidora e produtora.  “Procuro trabalhar com respeito à matéria prima, às costureiras e a todos os colaboradores que trabalham juntos para idealizar as peças”, disse a estilista.

Ainda segundo Lela, todos os retalhos das peças de sua marca “Lauta” - lançada em outubro deste ano - estão sendo recuperados para produzir roupas e agasalhos para doação.

Atitudes como a de Luiza e Lela se somam a de muitos outros que adotam cada vez mais hábitos de consumo sustentáveis, o que engloba questões sociais, ambientais e econômicas. E hoje, grifes de renome nacional e internacional têm levantado a bandeira a favor da preservação ambiental.

Conquistando o mercado

Para lojistas e designers que se interessam pela causa, é necessário conhecer o público que consome a moda sustentável. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) dá algumas dicas de como alcançar os clientes.

1 - Busque entender o seu cliente, procurando saber o que ele busca na hora da compra.

2 - Procure fornecedores que ofereçam produtos confeccionados com matéria-prima ecológica, tais como borracha reciclada de pneus para a confecção de sandálias, sapatos e cintos e tecidos feitos a partir de garrafas plásticas pet, algodão reciclável e algodão orgânico.

3 - Ofereça peças artesanais em mix de produtos.

4 - Valorize o seu produto aliando o artesanato à conscientização ambiental, envolvendo comunidades de baixa renda e disseminando esforços para conservação dos recursos naturais.

5 - Invista em produtos confeccionados com resíduos de indústria, como sobras de retalhos.

6 - Trabalhe uma boa comunicação, que destaque o valor do produto.

O F5 News foi até um brechó de Aracaju para saber mais sobre como funciona a moda sustentável. 

 

*Estagiária sob a supervisão do jornalista Will Rodriguez

Fotos: AP Photo | Pixabay | Manuela Soares

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