Energia solar: mercado de painéis fotovoltaicos ganha espaço em Sergipe | F5 News - Sergipe Atualizado

Energia solar: mercado de painéis fotovoltaicos ganha espaço em Sergipe
Alternativa renovável e limpa é subutilizada no país, mas tendência é de expansão
Cotidiano | Por Monica Pinto 26/09/2018 15h00 - Atualizado em 27/09/2018 09h38


Quando se fala no Nordeste brasileiro, a imagem evocada quase sempre inclui o sol brilhando fortemente. Mas essa incidência é grandiosa em todo o país, como expõe o Atlas Brasileiro de Energia Solar, produzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) (veja mapa). Apesar de tamanha oferta de um recurso inesgotável e não poluente, a demanda crescente por energia no país está sendo atendida em grande parte por uma ampliação das fontes térmicas não renováveis, como óleo, carvão e gás natural – um “processo de carbonização na matriz elétrica brasileira”, conforme define a publicação, referindo-se à contramão da tendência mundial em ao menos buscar reduzir as emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas já em curso no planeta.

O Inpe classifica o recurso solar no Brasil como “uma excelente opção” para complementar as fontes convencionais de energia já consolidadas, a exemplo das hidroelétricas. “O aproveitamento do recurso solar favorece o controle hídrico nos reservatórios, especialmente nos períodos de menor incidência de chuvas, e possibilita planejamento e otimização de novos investimentos em geração, transmissão e distribuição da energia”, diz no Atlas. Entretanto, atualmente, a fonte “central solar fotovoltaica” tem apenas 0,02% de participação na matriz elétrica brasileira.

Conforme o estudo do Inpe, a geração fotovoltaica de energia apresenta grande potencial em todo o Brasil, sendo que a região Nordeste supera, em termos de irradiação solar média mensal, até mesmo países onde essa tecnologia já está bem estabelecida, a exemplo de Alemanha, Espanha, Itália, Portugal e França. A publicação afirma ainda que o aproveitamento consorciado das gerações solar e hidroelétrica poderia promover “uma economia socialmente justa e menos vulnerável aos efeitos do clima, reduzindo assim uma assimetria regional secular de inclusão social e econômica”.

Em um seminário realizado em outubro de 2017, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) citou a pesquisa do Ibope Inteligência, do mesmo ano, segundo a qual 89% dos brasileiros gostaria de gerar energia renovável em casa - um descompasso com a realidade, já que, pelo levantamento da associação, hoje há sistemas solares fotovoltaicos em menos de 0,03% das unidades consumidoras do país, que contabiliza dez anos em atraso frente a outros mercados.

Investimento em queda - O custo foi a razão pela qual o engenheiro Otávio Soares desanimou em relação à alternativa, no decorrer do projeto de sua casa, erguida de 2003 a 2004 no bairro Coroa do Meio, na zona sul de Aracaju. “O problema é o investimento inicial”, resume, lembrando que, à época, o valor ultrapassaria R$ 50 mil, aporte então inviável para quem se preparava para arcar com muitas outras despesas na construção do imóvel.  “Mas isso se paga em seis, sete anos, e agora estou pensando em fazer”, diz Otávio.

Com o aumento do interesse do mercado nos últimos anos, essa relação custo/benefício ficou mais paritária e motivou o casal Marcos Dantas e Ilka Miglio, ambos professores, a colocar cinco painéis fotovoltaicos em sua casa recém-construída na Zona de Expansão de Aracaju. “Temos um dos maiores custos de energia elétrica do Brasil e isso nos chamou a atenção”, diz o casal, para quem “morar no Nordeste e ter o sol” é um privilégio a ser usado como estratégia de valorização do próprio patrimônio.

“É energia limpa e mais barata para suprir nossa demanda sem ter sobressalto na conta”, avaliam Marcos e Ilka, que investiram R$ 13 mil, pagos em duas parcelas – a primeira na aprovação do projeto e a restante no final. O casal destaca a importância de se contratar uma equipe de engenheiros de confiança, no caso deles recomendada pela arquiteta responsável pelo projeto da casa. “Fizeram todo o processo de compra, instalação, análise das nossas contas de energia e também o processo na companhia elétrica, de pedir para vir para cá e marcar”, relatam.

Marcos e Ilka se mudaram recentemente, ainda não chegaram a cálculos concretos, mas acreditam que as cinco placas fotovoltaicas vão suprir cerca de 60% do consumo doméstico mensal de energia. E já se animam a investir novamente na alternativa num futuro breve - “Da próxima vez só teremos o custo das placas e da mão de obra para completar a instalação, ficando mais barato”.

O funcionário público Guilherme Barreto, também engenheiro civil e empreendedor, é proprietário de uma pousada na Praia do Saco, em Estância, e há cerca de um ano fez da energia solar uma estratégia para reduzir sua conta com a Sulgipe – a distribuidora do sistema elétrico que atende a região.

“Temos 12 casas e a geração de energia é apenas para um bloco de casas, mas como faz mais energia, compenso em outras casas também”, diz Guilherme, se referindo à geração distribuída, que entrou em vigor em abril de 2012. Pelos termos da resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis e inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua localidade.

“Os painéis solares são apenas para energia que vai para o conversor e ele manda para a rede elétrica da Sulgipe, que é a operadora aqui na região; com isso, armazena e quando eu preciso à noite, por não ter bateria, eu uso da Sulgipe e depois é feita uma compensação nas contas do que foi fornecido e utilizado”, explica o empresário.

Segundo Guilherme Barreto, já há em Sergipe uma oferta razoável na área de geração fotovoltaica. “Não é difícil você conseguir uma empresa que faça o serviço, como também vários orçamentos. Eu botei tem cerca de um ano, não foi barato, mas segundo eles a garantia do equipamento mais caro, que é o inversor, é de até 20 anos, então ele vai se pagar com certeza”, diz.

O empresário está satisfeito com a aposta na alternativa solar. “Acho melhor do que qualquer investimento bancário. Se o valor que apliquei lá fosse aplicado no banco, eu não ganharia da mesma forma”, diz ele, antecipando a decisão de ampliar a quantidade de painéis em sua pousada, hoje com 52 em funcionamento.

Na próxima matéria da série sobre energia solar, o leitor conhecerá políticas públicas de fomento à alternativa no Brasil e em Sergipe.

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