Perfil no twitter expõe supostas fraudes no sistema de cotas da UFS
Universidade diz que não compartilha da abordagem utilizada na rede social Cotidiano | Por F5 News 04/06/2020 15h28Publicações de um perfil no twitter, criado para denunciar supostos alunos que teriam burlado o sistema de cotas raciais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), repercutem nesta quinta-feira (4). O perfil surge na esteira de uma onda de protestos antirracistas que têm se espalhado ao redor do mundo.
Até o começo da tarde, a conta @ufsfraudes já tinha mais de dois mil seguidores e milhares de interações e compartilhamentos. No meio da tarde, no entanto, o perfil foi excluído. A identidade do responsável ou responsáveis pela criação do perfil não foi revelada.
As denúncias foram expostas com fotos e prints de documentos com dados de universitários que se autodeclararam negros, pardos ou indígenas, a maioria deles do curso de medicina. Os posts também traziam imagens que contestavam o padrão de renda que teria sido declarado por alguns desses alunos.
Em nota, a pró-Reitoria de Graduação da UFS disse que apenas os casos relatados por meio de denúncia à Ouvidoria e que tenham conjunto probatório serão incluídos em uma lista, que entrará em pauta de reunião da Comissão de Heteroidentificação para Ingressantes Pretos, Pardos e Indígenas (PPI). A Universidade disse que essa medida atende a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Federal.
O documento encaminhado pela instituição destaca outros quatro pontos:
-Os denunciados, caso seja necessário, se apresentarão à Comissão para verificação da denúncia e, após, um relatório técnico conclusivo será encaminhado ao MPF, que adotará medidas junto ao Poder Judiciário.
-Todos os candidatos aprovados em cotas para PPI, no Vestibular 2020 do Campus de Lagarto, estão obrigados a passar por avaliação da Comissão de Heteroidentificação de Ingressantes, conforme itens 2 e 5 do Edital nº 09/2020/PROGRAD, o que invalida a necessidade de denúncias antes do resultado das análises.
-Os trabalhos da Comissão de Heteroidentificação de Ingressantes, composta por representantes legitimamente reconhecidos pelos movimentos sociais e grupos de representação, desenvolveu as suas atividades até o advento da pandemia de Covid-19. A partir de então, em comum acordo entre os integrantes da Comissão, as atividades presenciais foram suspensas por questão de segurança sanitária.
-A Pró-Reitoria de Graduação não compartilha da abordagem utilizada pelo referido perfil no Twitter por considerar que, com a exposição dos casos realizada sem a devida instalação dos procedimentos adequados para a apuração da Instituição e do MPF, não há respeito ao direito da ampla defesa e ao contraditório dos denunciados.